Após a intensa troca de olhares o rapaz apenas pegou o que desejava no corredor e saiu, deixando a garota sem reação e totalmente paralisada.
-O que acabou de acontecer? - ela repetia em um tom uníssono com o da funcionária que falava no auto-falante do mercado.
A garota sentiu como se fossem apenas os dois ali durante alguns milissegundos que em sua cabeça duraram mais do que o suficiente para deixá-la com coragem o suficiente de ir em passos apressados ate o garoto.
-B..om dia? - a garota falou com um tom quase que inaudível até mesmo para ela, que quase nem acreditou que conseguiu dirigir a palavra pra alguém "desconhecido".
-Bom dia!! - ele respondeu em um tom consideravelmente alegre para uma pessoa como ele.
-Tudo bem?
-Sim, e com você?
-Estou ótima! Bem, eu falei com você porquê eu acho que te conheço. Você é o moço da barraquinha do centro, não é? Me desculpe se estou sendo invasiva.
-Sem problemas, sou eu sim. Posso saber qual é seu nome?
-[nome] [sobrenome], e o seu?
-Levi. Levi Ackerman.
-Belo nome! - falou a garota com um sorriso envergonhado no rosto.
-Obrigada. Agora tenho que ir, até mais! - falou o garoto em um tom sério, mas ele estava sobrecarregando de euforia, com um frio enorme em sua barriga pois era uma das primeiras vezes que ele tinha falado com alguém que não fosse seu círculo extremamente pequeno de amigos e seus clientes, mas isso não passava de extensos dois minutos de conversa. Uma sensação inédita percorria pelo seu cérebro que mandava hormônios de adrenalina para todo seu corpo e fazia o garoto arrepiar por inteiro.
-Até mais!! - falava a garota enquanto dava pequenos pulinhos de alegria misturados com uma espécie de um mecanismo de alívio de ansiedade estocada em seu peito.
A garota terminou suas compras e foi direto pra casa e não parava de pensar no que havia acontecido. Primeiro a troca de olhares que quase fez tudo desaparecer ao seu redor e depois um pequeno diálogo iniciado pela mesma. Assim que chegou em casa ela guardou as compras e ficou esperando Nanaba e mais três amigas que ela iria trazer. E por volta de vinte minutos depois ela chegou.
-Abre logo [nome]!!! - repetia Nanaba ao bater freneticamente na porta do apartamento.
-Estou indo, calma. - falava ao procurar as chaves que tinha perdido dentro de uma das sacolas que trouxe.
Assim que ela abriu a porta deu de cara com Nanaba e as três meninas que logo se apresentaram:
-Olá, eu sou a Natália! - falou uma menina com que tinha por volta de um pouco mais de um metro e cinquenta, olhos verdes, um cabelo loiro escuro e usava vários anéis de coco nas mãos.
-Bom dia, eu me chamo Maife - falou a próxima que era bem mais alta, suponho que mais de um metro e setenta, olhos e cabelos castanhos e usava óculos.
-Eu sou a Hadassa!! Muito prazer - se apresentou a última que tinha mais ou menos um metro e sessenta e cinco, era preta com olhos e cabelos castanhos escuros. Ela parecia a mais animada entre as três.
Depois de uma breve conversa de "abertura" elas entraram e foram até a cozinha para preparar uma espécie de almo-janta para elas, que por sinal já tinham remarcado várias e várias vezes porquê sempre alguma estava ocupada no dia.
-Ei, vem cá, é rapidinho. - você falou isso pra Nanaba gesticulando um vai e vem na mão, chamando ela para um lugar mais reservado.
-O que aconteceu? - ela respondeu com uma cara assustada e em um tom alto que provavelmente as outras três meninas também ouviram.
-Fala baixo! - você falou em um tom bravo, contudo ainda quase sussurrando.
As outras três meninas estavam na cozinha, porém quase indo atrás das duas com tanta curiosidade.
-Ontem a noite quando eu saí da faculdade eu passei pelo centro e... - quando falou isso logo foi cortada por Nanaba.
-Caramba, o que aconteceu? fala logo, você ama essas cerimônias antes de contar algo. Me aborrece! - falou Nanaba com uma expressão não tão boa, estava claramente preocupada com a amiga.
-Calma, me deixa terminar. É porque tem todo um enredo por trás. Enfim, eu tava passando pelo centro e vi uma barraquinha de cachorro-quente. - foi cortada novamente por Nanaba.
-VOCÊ ME CHAMOU EM UM LUGAR PRIVADO PRA FALAR DE CACHORRO-QUENTE? - falou isso gritando, e deixando as meninas que estavam na cozinha mais curiosas ainda.
-Se você me interromper ou gritar mais uma vez eu juro que não te falo mais nada, JURO! - você falou isso claramente brava, e ela percebeu e somente assentiu.
-A barraquinha me chamou atenção e eu fui lá, né. Assim que cheguei, nem me dei conta porquê eu estava com muita fome, mas quando estava vindo pra casa me dei conta do vendedor da barraquinha, ele era tão lindo, não, não, lindo seria até um insulto para ele, ele era simplesmente perfeito. Ele tinha um cabelo curto, repicado em linha reta até a ponta da orelha, raspado nas laterais, apareça com os círculos escuros para cima e para fora, olhos azuis com uma expressão cansada, e era um tanto baixo e eu suponho que foi isso que mais me chamou atenção.
-Sério mesmo que você criou uma paixão platônica por um vendedor de cachorro-quente? e só porque ele era baixinho? - falou Nanaba com uma expressão de duvida bem perceptível no rosto.
-NÃO! - você falou imediatamente - Bom, na verdade sim. Aaa não sei estou bem confusa. Mas calma que tem mais coisas, não seria só um simples "encontro" entre cliente e vendedor - falou fazendo aspas com as mãos - Se lembra quando eu fui no mercado hoje?
-Óbvio, né. - Nanaba falou sem surpresas.
-Então, de início eu encontrei a Hitch lá, a gente conversou um pouco e logo depois ela foi embora e assim eu fiquei sozinha por lá, mas seria por pouco tempo porquê só faltavam pouquíssimos ítens. Então eu saí de corredor em corredor procurando, até chegar num bem afastado, e eu estava sozinha lá, era a única no corredor até que senti alguém me olhando, então eu me virei e lá estava ele. Com o mesmo olhar cansado e hipnotizante, a gente se olhou por poucos segundos mas para mim durou o suficiente para me encorajar a ir atrás dele e perguntar o seu nome.
-Como assim? acho que eu não entendi. Você achou um cara que vendia cachorro-quente na rua, viu ele, se "encantou" e agora está em êxtase por que viu ele no supermercado? - falou Nanaba
-Sim...? - você falou com uma pausa gigante para pensar e ver que Nanaba estava certa - Mas enfim, vamos logo voltar para cozinha se não as meninas vão estranhar.
quebra de tempo;
Após fazerem a comida conversando sobre a faculdade elas se sentaram para comer.
-Do que vocês estavam falando? - perguntou Maife.
Assim que ela falou isso você e a Nanaba se encararam profundamente, um olhar tão profundo que seria até possível se comunicar por telepatia.
-Sobre uma paixonite muio doida que a [nome] teve, acredita? - assim que ela falou isso, você ficou vermelha na mesma hora - Ela se apaixonou por um vendedor de cachorro-quente do centro hahahahah.
-Do centro? - perguntou Natália.
-Sim - respondeu Nanaba.
-Que vende cachorro-quente?
-Exatamente - respondeu Nanaba.
Quando Nanaba falou isso elas três se encaram e soltaram uma risada enorme como se já soubessem de tudo, e em seguida as três falaram como se fossem um coral:
-O LEVI?
![](https://img.wattpad.com/cover/262142006-288-k664867.jpg)