Capítulo 7 - Efeitos colaterais

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Pouco tempo depois, Sakusa finalmente conseguia puxar uma quantidade decente de ar para os próprios pulmões. Ele estava deitado em uma maca, os olhos imensos de Atsumu sobre ele, uma das mãos instintivamente aceitando a de Sakusa em um aperto de desespero enquanto ele tomava uma injeção de corticóide. Sakusa odiava agulhas com uma intensidade especial. Se manter saudável e ficar distante delas era uma de suas prioridades.

"Feito! Em meia hora eu volto e se estiver sem sintomas poderá ir pra casa, Miya." A médica declarou com um pequeno sorriso antes de se retirar. Ele apenas concordou com a cabeça agradecendo, fechando os olhos para aproveitar todo o ar que seu corpo recebia agora.

Atsumu usava as duas mãos para segurar a dele, parte ainda em choque, parte aliviado. Apesar de ter mantido a calma na superfície, por dentro ele estava um completo caos. "Sakusa, me desculpe por tudo isso, eu esqueci de te avisar e olhe o que aconteceu. Eu sou um grande irresponsável."

Sakusa ainda não se sentia pronto para falar, então apenas olhou para ele em compreensão. Atsumu tinha agido com tanta calma e tão depressa que ele na verdade queria apenas agradecer, tirando a parte das injeções, claro, que com certeza usaria como arma para chantagens e vingança pelo resto da vida deles.

Para o resto da vida deles. Esse pensamento tão natural quase levou Sakusa a ter outra crise de falta de ar. Atsumu já se preparou para chamar a médica ao ver o início de pânico no rosto dele, quando Sakusa sinalizou com os olhos que estava tudo bem, voltando a se acalmar. Ele começou a repetir para si mesmo que 'era só a adrenalina' até cair no sono, provavelmente pela exaustão combinada ao efeito da medicação.

Sakusa estava mais pra lá do que pra cá enquanto recebia a alta e entrava no carro, sempre apoiado em Atsumu. Quando voltou a si, já estava deitado em sua cama. Ele abriu os olhos ajustando sua visão à luz baixa do quarto e viu Atsumu sentado no chão. Sua cabeça estava apoiada em um dos braços em cima da cama, uma mão ainda entrelaçada a dele; mesmo dormindo, um vinco de preocupação entre as sobrancelhas.

Algo dentro de Sakusa se aquecia de formas que ele odiaria admitir em voz alta enquanto acariciava a lateral da mão de Atsumu com seu polegar. Decidido a adiar qualquer que fosse sua conclusão sobre aquilo, ele começou a chamá-lo: "Miya... Miya acorda, você não pode dormir assim." Não parecia surtir efeito, ele então apertou a mão dele e aumentou um pouco o tom "Atsumu, você precisa se deitar."

Essa última frase fez Atsumu abrir os olhos. Ele estava um pouco confuso mas sorriu ao perceber que Sakusa estava acordado. Parte dele tinha certeza que havia sido chamado pelo primeiro nome. "Olá Omi, como se sente?"

"Bem, realmente bem. Coisas que apenas uma experiência de quase morte podem proporcionar." Ele arriscou a piada, um meio sorriso para deixar claro que era ironia.

"Eu nem sei por onde começar a me desc-" Sakusa o interrompeu com um longo 'Sshhh'. "Agora não Miya, apenas deite e durma. Podemos considerar no café da manhã quais serão as consequências de me fazer tomar uma injeção."

Aceitando que não era um bom momento para discutir, Atsumu se espreguiçou. A sensação de perder o contato com a mão dele quase fez Sakusa protestar. Atsumu se levantou dizendo: "Certo, eu vou pra sala, qualquer coisa é só gritar!"

"Hmm, você pode trazer o futon pra cá, se quiser claro." No fundo, Sakusa queria sugerir que Atsumu deitasse com ele na cama, mas seu senso de autopreservação o ajudou a mudar o que estava em sua mente para uma proposta menos absurda em tempo recorde.

Atsumu concordou, um sorriso imenso no rosto como se tivesse feito um match point. Depois de se acomodar no futon, agora instalado do lado da cama em que Sakusa estava deitado, uma pergunta veio em sua direção: "Miya, como eu vim parar aqui? Eu não lembro de chegar ao prédio, nem entrar em casa."

[SakuAtsu] Contratempo  [Troca de corpos]Onde histórias criam vida. Descubra agora