Capítulo 3 - "Unidos pela Sobrevivência"

15 0 0
                                    

O clima pareceu pesado para mim, de repente, e aí estava o perigo: era apenas para mim. Não conseguia entender como, nem por quê, todos os convidados da festa estavam fingindo que nada aconteceu. Será que eu estava ficando louca, paranoica, ou eram eles quem estavam cegos demais para enxergar além do luxo que nos rodeava?

Estava farta de esperar, - ou talvez desesperada - então, livrei-me dos puxa-sacos que, na falta dos nossos queridos anfitriões, viram em mim o alvo perfeito para elogios exagerados, e toda aquela farsa da alta sociedade que conheço tão bem, e fui atrás de William.

A porta pela qual Francis e Laura haviam desaparecido estava trancada. Nem sinal delas. Saí pela porta da frente e dei a volta no quarteirão, passando por todas as lojas vizinhas, que estavam fechadas, até conseguir acessar o beco, pelo qual conseguiria encontrar a porta dos fundos. Com alguma sorte estaria aberta, e talvez conseguisse encontrar a família Sinclair, fugindo de... Sabe-se lá o que, ou quem.

Ao, finalmente, me aproximar dos fundos da loja, encontrei bem mais do que a porta.

Me escondi atrás de um lixão, com medo de que percebessem minha presença. O que estava vendo ali, era muito mais do que eu conseguiria conscientemente lidar. Fiquei atônita, meu corpo paralisou, os olhos se arregalaram automaticamente. Podia senti-los secar, pois não conseguia piscar. Tentei, com todas as forças, conter qualquer som que pudesse sair da minha boca, tampando-a com as minhas mãos.

Era impossível não sentir o coração pulsando freneticamente, quase saindo pela boca, afinal, lá estava William, lutando com todas as suas forças, contra os três homens assustadores que invadiram a festa minutos antes - e eles estavam ganhando!

Eles não eram capangas comuns, ou qualquer tipo de pessoa com quem se quer brigar. Tinham presas afiadas, como se seus caninos tivessem 3 vezes o tamanho de um canino normal. Seus olhos haviam se tornado grandes. vermelhos, e arregalados. Só o que podia pensar era "como aquilo era possível?". Próteses? Lentes de contato?

O que me dava mais medo, porém, era o fato de que William também apresentava estas mesmas modificações corporais! DO NADA! O que isso significava afinal? O que eles eram?

O mais bizarro foi perceber o sangue que se espalhava pelo chão e pelas paredes ao redor. Ao invés de jorrar sangue de forma mais líquida, cada soco, arranhão, chute e mordida que davam um no outro, arrancavam-lhes não apenas pedaços de músculo e pele, mas também bolas disformes e espessas de sangue, com um cheiro horrível! Eu já tinha sentido aquele cheiro antes... Era sangue coagulado!

Nada do que eu via fazia sentido, mas ainda assim, mesmo vendo William se transformar em um daqueles monstros horríveis, não conseguia não me preocupar com ele e pensar em algum jeito de ajudá-lo! Eu precisava fazer alguma coisa e logo!

William conseguiu derrotar dois dos homens assustadores, e deixar o terceiro muito, muito fraco. Apesar deles estarem em maior número, William era visivelmente mais jovem, e seus olhos transformaram-se em um vermelho muito mais vibrante que o deles. Talvez ele fosse, consideravelmente, mais jovem e mais forte, por isso os homens precisavam estar em maior número.

William caiu no chão, exausto. Suas roupas elegantes agora estavam rasgadas e sujas. Seu lindo rosto estava todo marcado por socos e cortes profundos, quase o deixando irreconhecível. Ele tentava recuperar o fôlego, pois o terceiro homem já conseguia levantar-se e colocar-se em posição de ataque, mais uma vez.

Os dois estavam cansados, ofegantes e, de alguma forma, eu sabia que William não aguentaria lutar mais. O homem cambaleou até ele, caindo de joelhos no chão uma ou duas vezes, a beira da morte, mas mesmo assim persistindo em alcançar William e matá-lo.

O Monstro em VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora