Juliette sem K

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Demoram um pouco para notar quando eu entro, mas quando percebem boa parte dos alunos parecem surpresos e meia dúzia se aproxima me abraçando.

— O povo pensou que você tinha largado a escola — Hilda foi a primeira a me abraçar — viu Léo, eu disse que a Mil não faria isso nunca.

— A gente só tinha certeza que tu não tava morta por que notícia ruim espalha rápido — Léo que é mais baixo que eu levanta os pés para me alcançar em um abraço apertado.

O professor de matemática chegou interrompendo a conversa, como não havia lugar vago ao lado deles, fui até o fundo da sala sentando na última fileira debaixo do ventilador.

Durmo, jogo, desenho tudo menos estudar. Quando chega a hora da chamada o professor pula meu nome, então levanto a mão avisando que estou aqui. Ele risca algo na caderneta, provavelmente uma observação de aluna desistente.

— Estava viajando? — Pedro com quem troquei meia dúzia de palavras cutucou meu ombro com a caneca.

— Sim — respondo sem olhar para trás — uma viagem que teve como destino minha cama macia.

De resto o dia passou mais rápido do que eu pensei, foi desconfortável tantas pessoas me perguntando as mesmas perguntas chatas. Viajou? Onde estava? Por que demorou tanto?

Não havia muitos alunos novos, conversei um pouco com os novatos, a maior parte do papo resumido em: oi, tudo bem, e tchau.

A Kailane do dia anterior que na verdade não se chamava Kailane também está em minha classe, descobri que temos algo em comum: ambas amamos dormir em aula. Em contrapartida não passei uma boa primeira impressão.

Eu inventei uma desculpa para ver Adam, e quando estava entrando de volta na nossa sala escutei alguém gritar para não fechar a porta, ela estava vindo com uma dúzia de livros em mão então me ofereci para ajudar.

— Valeu — a voz dela é mais gentil do que eu lembrava, o que me fez sorrir e pegar a maior parte dos livros dela fingindo que não estava pesado.

— Tudo bem, relaxa Kai... — no reflexo falei o nome que eu achava que era dela, meu cérebro esqueceu da parte mais óbvia, esse poderia não ser seu nome.

Ela sorriu nesse momento esperando eu continuar, balancei a cabeça e constrangida esperei ela ler minha mente.

— Juliette sem K — a risada dela me deixou aliviada, ela era realmente bem humorada — estudamos juntas na 2 série? ou terceira, não tenho certeza.

— Acho que foi na segunda série, mas de qualquer forma prazer Juliette sem K — coloquei os livros na mesa dela, e corri de volta para minha cadeira.

Se ela me reconheceu do concurso da encarada, não demonstrou.

No intervalo Adam veio até a minha sala dividir seu lanche, empada e coxinha que ele comprou na cantina.

Empolgada pulei da cadeira assim que o sino do fim das aulas do turno matutino tocou, mas assim que dei meia volta para me despedir de Hilda e Léo, ela me puxou de volta.

— Nem invente de ir embora, têm trabalho e prova marcada, o professor deixou você entrar em nosso grupo então pelo menos do trabalho já tem nota garantida. Já da prova, eu vou mandar o assunto por mensagem junto com as datas — Hilda se agarra em meu braço — e fora isso, faz um bom tempo desde que nos encontramos. Nas férias vimos o Adam, mas não você.

— Ele colou em todas as festas, mas não falou muito sobre você — Léo não pareceu muito à vontade.

Hilda e Léo são gêmeos não idênticos, eles se transferiram para a nossa escola há 4 a 5 anos. Enquanto Hilda tem um cabelo ruivo liso, Léo tem um longo cabelo cacheado de dar inveja em qualquer pessoa.

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