[em andamento] ABO
"Nous protégeons ceux qui ne peuvent pas se protéger leursmême."
- Já ouviu falar em "Regressão à média"? É uma forma técnica de dizer que as coisas sempre se equilibram.
- Tipo "as coisas vão melhorar"?
- Tá mais pra "nada é ruim...
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#FarolDoSobrenatural🐺🥍
1| Le Sombre Déclin
Cantei sobre o caos e a noite eterna, ensinado pela musa divina a me aventurar no declínio sombrio, e subir para reascender… — John Milton, Paraíso perdido
Corpos espalhados por toda a extensão de uma floresta, circundam uma árvore que fora cortada ao meio e sobejava ali apenas o seu toco. Uma voz sondava Jimin, dizendo-lhe "Não há mais tempo.”
Jimin tentava mover-se, mas não conseguia fazê-lo. Estava em estado catatônico, perplexo, espavorido pela cena a sua frente. Então, cinco palavras em um idioma desconhecido apareceram diante de si com um brilho incandescente.
Suhposolihp; sucidem; rotalleb; sotsuc; menigriv.
De alguma forma, o toco da árvore pegou fogo. E, em meio às chamas crepitantes, um rosto, que mais pareciam músculos mutilado, com olhos brancos; um branco leitoso, manifestou-se, deixando os pelos da nuca e braço do Jimin ouriçados, seu corpo inteiro estremeceu e uma música macabra ressoou em toda a floresta, o som parecia vir de todos os lados e tornava-se cada vez mais alto, até ficar ensurdecedor.
Jimin acordou em um sobressalto, suando, a respiração ofegante e com total exaustão por mais uma noite mal dormida. Passara a semana inteira assombrado por este sonho vivido, tão vivido que ele até conseguia sentir o cheiro da floresta, o vento açoitando seu cabelo, o ruído dos animais e o seu estômago revirando com a sanguinolência a sua frente. De umas semanas para cá, seu sonho manteve-se igual, sem alterar um único elemento; no entanto, antes disso, dois meses atrás para ser mais exato, seus sonhos eram um enigma, embora nunca fugissem do contexto.
Jimin fez sua higiene matinal e desceu para tomar o café que sua mãe preparou para ele antes de sair para o trabalho. Sentado à mesa, jogou uma fatia de presunto para seu cachorro Mr. Patas, mas ele não comeu. Continuou encolhido na perna da mesa. Jimin, à vista disto, agachou-se para brincar com o Patas usando uma voz aguda, uma voz exclusiva para animais e bebês "Por que você não quer comer, hein?" dizia enquanto afagava sua cabecinha, o cachorro começou a latir ferozmente, mostrando os dentes para o seu dono como se fosse atacá-lo, o que fez o garoto remover rapidamente sua mão e lançar um olhar como se não reconhecesse o animal a sua frente. O cachorro continuou a correr para cima do loiro, querendo atacá-lo. Park, cético, teve de usar a cadeira em que estava sentado para afastá-lo, arrastando o móvel, correu para a sala, a madeira rangia ao resvalar pelo piso de carvalho, misturando-se ao latido descomunal do animal; pegou sua mochila no sofá; abriu a porta e saiu de casa; recostou então sua cabeça na porta, dando um suspiro aliviado.
A caminho da escola, o sol brilhava radiante por entre as nuvens, a brisa de verão tocava sua pele e seu cabelo com total delicadeza, a copa das árvores balançavam suavemente como se estivessem seguindo a coreografia de uma música que apenas elas compreendiam, contrastando com a oscilação tênue do sol e o movimento quase imperceptível das nuvens, tudo em perfeita harmonia. O loiro andava sossegadamente enquanto refletia sobre o comportamento insólito do Mr. Patas que nunca tinha latido em tom errado para ele, ficava sempre feliz em vê-lo e nunca tentou mordê-lo. Depois de um tempo pensando nisso, resolveu deixar para lá, afinal, às vezes os animais ficam agressivos. É a natureza deles; porém, em seu percurso, percebeu que o Patas não era o único animal a ficar agressivo. Uma senhora passeava com seu cachorro, mas ele estava tão feroz quanto o dele. Park puxou mais a mochila contra seu ombro e continuou sua caminhada rumo a escola, quando viu uma revoada de aves voarem sobre sua cabeça para longe da floresta do outro lado da rua.