Acordei em um quarto escuro, minha primeira reação foi perguntar se Em estava comigo e recebi uma voz em tom de sussurro como resposta.
- Liv, abra as cortinas que estão ao lado de sua cama.
Abri as cortinas e uma forte luz inundou o quarto, avistei Emily sentada em posição fetal. Consegui sentir seu sofrimento de longe, mas ainda não entendia o que estava acontecendo e onde eu estava. O lugar era estranhamente limpo, como se cada vão da janela tivesse sido esfregado manualmente. O mais curioso é que nada ali parecia ser novo, todos os móveis pareciam ser antigos, mas em perfeito estado.
- Que lugar é esse? Como eu vim parar aqui?
Acredito que estava no segundo de três andares de uma mansão, mas nada fazia com que eu reconhecesse ou conectasse esse lugar a algo que poderia ter me trazido aqui. Minha última lembrança foi Em me pedindo para tomar cuidado, tenho certeza que ela está me escondendo algo.
- Você vai entender em breve, siga as ordens e faça o que eles mandarem. Você não tem escolha.
- Que ordens? De quem? Emily, me explica o que está acontecendo!
- Preste atenção, você segue as ordens ou sofre as consequências. Vão te chamar em breve.
- Me chamar?
Um aparelho que eu não tinha notado ao lado do armário acendeu e emitiu uma voz robótica.
- Para a sala, vocês devem ir para a sala.
Ouvi um barulho que parecia ser de uma fechadura destrancando e percebi que estive presa esse tempo todo. Quem mais fazia parte desse "vocês"? Quem está nos mandando ir para a sala? Havia tantas perguntas e eu sabia que Emily tinha a resposta de pelo menos metade delas, me estressava como ela estava sempre fugindo e contornando as palavras para não me dar respostas.
Resolvi seguir as instruções e abri a porta, dei de cara com um corredor com mais quartos e imaginei se todos eles estavam ocupados. Verifiquei minha porta e estava marcado o número 7 nela, entendi que esse seria o meu quarto agora.
Algumas das minhas teorias caíram por terra quando não encontrei mais ninguém vivo, em contrapartida nunca tinha visto tantos espíritos reunidos no mesmo lugar. Todos eles pareciam estar tristes e arrisco dizer que alguns sentiam raiva.
A mansão parecia ser inteira como o quarto, com móveis velhos que pareciam ser novos. Consegui confirmar uma única teoria, estava mesmo no segundo andar e havia pelo menos mais um acima do meu.
Ouvi um barulho vindo do terceiro andar, alguém estava descendo também. Imediatamente me escondi, não conheço essas pessoas e acho que não posso confiar em ninguém aqui.
Avistei esse homem descendo as escadas, ele parecia estar tão confuso quanto eu, mas não pretendia dar brecha ao desconhecido.
Acho que ele conseguiu me ver, pois na mesma hora se jogou nos degraus da escada como se não pudesse andar.- Meu deus, você está bem? - perguntei desesperada.
- NÃO! Quer dizer, sim! Não chegue perto de mim! - respondeu assustado.
- Você caiu do nada, como pode estar bem?
- Eu sou cadeirante, não consigo andar!
A mesma voz que ouvi no quarto começou a falar novamente.
- Tyler, você não precisa fingir com ela. Para a sala, agora!
- Droga, como sabem meu nome? - respondeu Tyler levantando dos degraus que havia se jogado alguns minutos antes.
- O que? Por que fingiu ser cadeirante?
- É uma longa história, vamos para a sala.
Emily balança a cabeça para cima e para baixo, concordando. Então, fomos para a sala.
- Bem vindos à Mansão Doriarty. Eu sou a SIA, estou aqui para ajudar vocês a cumprir sua tarefa. Olívia Häxa e Tyler Haa, vocês foram cautelosamente selecionados para completar a missão juntos, podem confiar um no outro, nenhum dos dois ganhará nada com a traição.
Estão em vantagem comparado aos outros participantes, já estão aqui e podem procurar por armas, seja quais forem, não há regras sobre isso.- Armas? Participantes? Que tarefa é essa? - perguntei assustada.
- Vocês terão que matar todos os outros participantes e não podem ser pegos. Caso algum de vocês seja pego, não deve entregar o outro e o resultado de não ser cauteloso custará sua vida. Cumpram a tarefa que lhe foi passada ou terão que sofrer as consequências.
- Que consequências são essas? Eu não vou matar ninguém! - respondi como um reflexo, mas ainda assustada.
- Arrisque e descobrirá.
Em mexeu a cabeça de um lado para o outro e disse que terei que cumprir a tarefa, coisas muito piores aconteceriam caso eu não a fizesse.
Tyler parecia estar em choque. Por não ter uma Emily, acredito que estava mais confuso e assustado que eu. Acho que ele não faz parte disso também.Antes de sairmos, SIA nos passou sua ultima instrução e deixou claro que não podíamos sair dos limites da casa, nenhum dos membros da mansão poderia sair.
Não entendi o que aconteceria caso alguém saísse, mas preferi seguir os conselhos de Em e não arriscar nada aqui dentro. Espero que ela cuide de mim, porque estou verdadeiramente assustada.Tyler e eu fomos procurar algo que poderia nos ajudar a cumprir aquela tarefa estranha, não demorou muito até percebermos que várias portas estavam trancadas, o mais estranho é que nem mesmo Emily conseguia entrar nesses cômodos, havia uma espécie de barreira que impedia que qualquer ser, vivo ou não, entrasse ou saísse daquele lugar.
Depois de procurar um pouco, encontramos um canivete e 2 granadas. Decidimos que aquilo seria o suficiente para começar um homicídio em massa, se fosse bem arquitetado. Então, resolvemos descansar para assimilar o que havíamos escutado algumas horas atrás.
Subimos as escadas juntos, mas eu entrei no corredor onde ficava meu quarto. Emily parecia entender o que estava acontecendo, mas estava se segurando para não deixar escapar nada que não devia. Assim que entrei no quarto 7 a porta foi trancada, ao deitar em minha cama junto com Emily, ouvi novamente a voz da SIA, mas agora falando em tom de sussurro.
- Se precisar de algo é só chamar o meu nome querida, até amanhã. Que os jogos comecem!
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A Mansão Doriarty
Misterio / SuspensoA jovem Olívia Häxa se encontra numa situação inusitada. Matar ou sofrer as consequências? Ninguém pode saber seus segredos. Ainda há salvação?