XXXIII

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Eu, infelizmente, acabei de acordar, se eu tivesse tido uma maneira de fazer esse dia nunca acontecer eu certamente faria. Sem vontade nenhuma, eu levantei da minha cama e direcionei meus passos para o banheiro, meu corpo pesava junto de minha consciência. No banho, reparei no anel em meu dedo ao sentir tocar em minha pele, me partia o coração vê-lo.

"Se ia embora, por que não negou?", essa pergunta ecoava em minha mente não muito cheia e invadirá a cabeça de muitos, principalmente ele. Nunca quis magoá-lo, meu plano desde que cheguei era permanecer aqui por mim, e quando aconteceu de ficarmos íntimos, ficar aqui por nós. Mas nem tudo que queremos conseguimos, e disso eu sei bem, é um pensamento depressivo mas não consigo reagir de outra forma senão com essa emoção. 

Durante minha reflexão, meu corpo já estava se trocando como algo automático. Eu estava aguardando as pessoas que chegariam para buscar os móveis com minhas malas feitas na sala de estar no horário combinado.

Ás 8:15 os primeiros apareceram, me pagaram e levaram seus objetos; 8:40 os atrasados, que já apareceram com desculpas, levando seus móveis e pagando por eles. Os móveis que não vieram ficarão para serem vendidos junto da casa. A campainha soou e eu atendi com remorso, vieram aqueles que me levariam á minha torre. 

Daniel: Bom dia minha noiva! - anunciou sua chegada radiante, e com meu entusiasmo diário de acordar cedo, queria enterrar sua alegria cumprimentando a cara dele com minha mão. 

S/N: Bom dia pra' quem? - sendo retorica, perguntei, com minha cabeça pensando em como esse dia já estava errado desde que começou.

Daniel: Pode chamar eles para virem carregar o caminhão. - ordenou ao homem em frente a porta, de costa para nós, sem deixar de me encarar, o que me incomodava ao extremo e conseguia deixar o clima mais desconfortável do que realmente estava. - Vamos então. - estendeu-me o braço e eu ignorei seu pedido pra entrelaça-lo, seguindo diretamente para fora da casa, esperando ele sair para tranca-la.

No carro, o caminho inteiro observei o céu chorar por mim, com um olhar caído como quem queria chorar até secar. Atrás de nós, o caminhão que seguira a estrada nos acompanhando ao mesmo destino, levando meu pertences. 

Com os pés fora da única coisa que me mantinha segura da angústia, caminhei ao lado de Daniel que me andava triunfante, pensava em muitas formas de fugir, mas com o sentimento de ser constantemente vigiada me fazia paranoica. Como se todos pudessem ouvir o que eu pensava, que viajavam de me fingir de louca á sequestro.

O resultado acabou sendo o que menos queria, eu sentada em uma poltrona de avião com um cara desprovido de educação e limites vendo minhas coisas serem despachadas. A chuva suave e fina continuava desde minha rota para cá, cada uma de suas gotas na janela do meu assento me fazia duvidar de minhas escolhas - o que eu 'tô fazendo aqui...?

Daniel: Não vai escrever uma última mensagem ao seu namoradinho astro pop? ops, que ignorância a minha, ex-namoradinho astro do pop. - se corrigiu, brincando com suas próprias palavras, se divertindo sozinho.

S/N: Pessoas como você são a razão de termos o dedo do meio. - respondi, cansada de ter que ficar ouvindo, e ele virou o rosto. Eu já estava imaginando que lhe escrever antes do comentário desnecessário do Daniel, queria ao objetivo mas não grosso.

Enquanto segurava o celular com a conversa aberta, sentia o atrito do anel no osso do meu dedo anelar, nisso tirei uma foto do anel ainda reluzente á luminosidade do interior ainda em minha mão e de fundo a janela da aeronave. "Não corra atrás de alguém que sabe onde te encontrar" foi a frase que meus dedos conseguiram escrever, e sem pensar duas vezes para não acabar sem nenhuma despedida, enviei.

Minha Staff ≼ Min YoongiOnde histórias criam vida. Descubra agora