Sarah esperava a audiência de conciliação acabar. Nessa parte, Juliette estava tentando convencer o povo que Lucas não precisaria ir a julgamento. Entretanto ela sabia que o rapaz não desistiria de seu objetivo. Isso então se tornava algo muito mais difícil do que o de praxe. Foi massacrada pela defesa da construtora envolvida, e o conciliador determinou que Lucas iria a julgamento. Ela sabia que tinha sido jogada para esse caso porque era considerada fraca. Estava trabalhando na defensoria pública há pouco tempo, mas o suficiente para saber que a maioria ali dentro era corrupta e acomodada. Faziam sempre o mínimo porque não se importavam com quem defendiam, no caso pessoas pobres e desassistidas. Quando pisou no corredor deu de cara com Sarah, que ainda estava ali.
_Más notícias?
_Infelizmente. Ele vai a julgamento... Não tive muito o que fazer. Na real eu nem deveria estar aqui.
_Como assim?
_Ah, sabe como é, defensoria, me colocaram aqui de gaiato... Você é advogada né? Entende o que quero dizer.
_Sim, sim... Eu entendo. Na verdade eu trabalho para um escritório particular. A gente tem interesse em te ajudar com o processo. Se você quiser, é claro.
_Sério? Mas por quê? Eu agradeço é claro... Mas porque um escritório particular teria interesse no Lucas?
_Questão de imagem... Sabe como é! Mas acho que vai ser bom pros dois lados, e você pode fazer esse bando de sanguessugas se arrepender de colocar você nessa furada.
Juliette riu um pouco sem graça, acertou os óculos que continuava a cair em seu rosto. Pensou alguns segundos encarando aquela mulher, loira, alta e de postura imponente. Não seria ruim trabalhar com ela.
_Ok! Mas não posso te atender na defensoria, eles seriam contra. Você pode ir pro meu apartamento depois do meu expediente.
_Combinado. Vou te dar meu cartão e você me manda o endereço quando estiver liberada.
Sarah sorria para a morena, sentia-se levemente culpada por a estar usando, parecia ser uma pessoa do bem. Constatou o incomodo interno e se lembrou que não tinha permissão para sentir esse tipo de coisa. Espiões não têm compaixão, apenas fazem o que tem de ser feito.