Irmãos

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"Eu normalmente diria que estamos à cometer o pior erro de nossas vidas

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"Eu normalmente diria que estamos à cometer o pior erro de nossas vidas. Você está ciente das conseqüências, S/n?"

♤♤♤

9 anos atrás...

— Mamãe, peça para que Niragi venha brincar comigo hoje. Não quero ficar sozinha está noite. — S/n pede para a mãe que cortava alguns legumes, preparando o jantar.

— S/n, já conversamos sobre isso. Niragi também tem uma família e irmãos, não podem ficar o tempo todo juntos.

— Isso é injusto!

— Não é injustiça, é realidade. Além do mais, vocês dois já devem ter se divertido o bastante no colégio. — A mãe contraria a pequena que cruzava os braços e fazia um bico enorme, mostrando sua clara irritação.

— Então porque não posso ter um irmão? Todos tem alguém com quem brincar menos eu. Você e o papai vivem mudando de assunto quando peço um irmãozinho ou uma irmãzinha. Já até pedi ao papai Noel, mas ninguém nunca me escuta.

A mãe que até então conversava com a filha despreocupada, largou tudo que estava fazendo ao ouvir o depoimento de S/n. Ao conseguir notar o quanto à falta de um irmão a entristecia, se abaixou na altura da pequena e enxugou as lágrimas que rolaram pelas bochechas rosadas.
Não que os pais evitavam de ter outro filho, mas as chances de engravidarem outra vez eram mínimas. O nascimento da única filha foi complicado apesar de ter sido uma vitoria. O deslocamento da placenta resultou em uma quase perda, e o concelho dos médicos foi não tentarem outra vez e recorrer a quem sabe uma adoção.
O assunto não tocava somente S/n, mas a mãe entendia que a garota ainda era pequena demais para compreender do assunto. Respirou fundo e engoliu seco escolhendo as palavras certas.

— Me perdoe meu amor... — Disse embargado apertando aquele pequeno projétil de ser vivo nos braços. Tão frágil e tão delicada que apenas por pensar que poderia tê-la perdido ainda no ventre doía. — Prometo pedir para que Niragi venha aqui está noite, tudo bem para você?

Os olhinhos antes marejados brilharam com a fala da mais velha. Sua empolgação fez o clima mudar e o sorriso aberto apagou qualquer vestígio negativo daquela conversa.

— Eba! — Comemorou dando pulinhos com as mãos para cima. — Podemos acampar no quintal? Hoje terá uma chuva de meteoritos e nós dois juramos de dedinho assistir juntos.

— Só se me prometerem comer todo o jantar.

— Fechado! 

[...]

Barraca montada e um céu estrelado se amostrando  para toda a cidade. Dois corpinhos cansados de tanto correrem pelo gramado estirados ao chão, aguardando o momento exato da queda dos tais meteoritos.

Ainda irmãos?Onde histórias criam vida. Descubra agora