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— Porque está perguntando isso? — ela ofega, se aproximando, ainda assustada.

— É sério que você não sabe? — seus olhos caem.

— É o que você quer? — e é assim que ela me deixa louco.

— Você sempre faz isso... — bufo, afrouchando minha gravata, tomando distância de suas vistas. — Fica contornando a situação, ao invés de ser direta.

— Você me deixa insegura! — cesso meus passos no mesmo instante. — Você não quer que eu te toque, e agora também se incomoda quando te dou o espaço que sempre pede. O que você quer de mim? — ela aumenta o tom da voz na última frase, levando minha sanidade para outro extremo. De onde ela tirou tudo isso? Eu não havia entendido nada.

— Do que é que está falando? — giro meus calcanhares, a encarando por cima do ombro. E dessa vez não consegui ler sua feição. Sua boca entreabre algumas vezes, até que eu possa ouvir sua voz finalmente.

— Naquele dia, você me chamou de grudenta, que não conseguia fazer nada em paz, que não tinha sossego quando eu estava presente! — percebo que ela tremia, só não sabia identificar se era de raiva ou nervosismo. Enquanto que percebo meu ar sair do peito, e não voltar mais. Eu realmente me sentia confuso com a situação.

— Não lembro de ter falado coisas assim à você. — E finalmente consigo ler uma expressão sua. Era raiva.

— MAS EU LEMBRO! CADA PALAVRA! — grita. Me vejo submerso naquele forte olhar em minha direção, a fúria que consumia qualquer rastro de leveza que nos rodeava desde o jantar. Eu havia estragado tudo sem saber. Será que ela estava mencionando a última briga, justamente, aquela que mal lembro o motivo?

— Por isso está distante?

— Distante? — ela questiona indignada, se aproximando de mim. — EU SÓ TENHO FEITO O QUE VOCÊ PEDIU!

— Sakura, eu...

— Você acha que sou idiota? Deve me achar patética, com certeza... — começa a andar pelo o quarto, parecendo impaciente. — Por todas as vezes que quis te dar atenção, e você me deixou de lado, me fazendo acreditar que eu era um incômodo...

— Não foi minha intensão te afastar... — tento chegar perto, mas ela vai para longe.

— Também nunca foi minha intensão te atrapalhar, no trabalho ou no seu lazer! — sinto meu coração acelerado.

          Ela estava me descrevendo, tudo aquilo era sua perspectiva sobre mim, e vendo pelo o seu ângulo, ela tinha todos os motivos para me deixar. Ela iria, ela estava se justificando antes. E ter a certeza disso me sufocava. Estávamos à um pouco mais de dez anos juntos, tirando os outros anos que ainda éramos amigos.

— Se eu não te procurasse, nem teríamos momentos juntos. Tudo o que te importa é a merda da empresa e só! Antes era a faculdade, e eu nem te julgava porque eu também estava mergulhada nos estudos, mas eu pensava “quando nos graduarmos, as coisas serão melhores”, e tudo bem, nos casamos, MAS SÓ PIOROU! Se não fosse pelas minhas insistências e as respostas do seu próprio corpo sob elas, nem teríamos relações! — ela gargalha. — E assim como pensei, foi feito. Deixei de ir atrás de você, e estamos como estamos, como duas pessoas estranhas.

             Ela havia explodido, ela guardou tudo isso dentro de si, e agora colocava tudo pra fora. Eu não tinha ideia de que ela se sentia assim, como se ela fosse uma coisa na minha vida que eu tinha que atender às necessidades. E não a julgo, como muitas vezes fazia, alegando que não passava de drama. Se ela estava dizendo todas essas coisas sobre mim, é porque minhas atitudes a levaram à pensar isso. E agora eu entendia, a culpa era devidamente minha.

— Não sabia que tinha essa visão sobre mim. — ela bufa, cruzando os braços. Depois de uns segundos, ela bufa outra vez e vira de costas. Ela merece uma explicação melhor. — Na minha cabeça só se passava que você tinha se cansado de mim, que não sentia mais vontade de estar comigo. Eu realmente não lembrava de ter dito tudo isso à você, e não estou duvidando, consigo ser um babaca as vezes, e algumas delas nem percebo. Posso não lembrar, mas se eu disse, com certeza estou arrependido.

— Você é um idiota... — é tudo o que ela diz, ainda de costas.

— Eu sou, e agora eu mereço muito menos, mas sinto falta de tudo... — a ouço soluçar, e saber que mais uma vez a machuquei me deixou mais louco. — Sinto falta de que invada meu escritório, ou o box do chuveiro. — Me aproximo, me deixando levar pelo o cheiro delicioso dos seus cabelos. — De ouvir você falar o tempo todo, ou de te calar para fazê-la gemer. — Encosto minha testa no topo de sua cabeça. — Do seu corpo colado ao meu na hora de dormir, ou do quanto me dói sair da cama por isso ao acordar.

          Ela não parava de chorar, e eu só consigo pensar no quanto foi doloroso para ela nesses últimos meses, que não me viu procurá-la para afeto algum.

— Sakura, a grande verdade nisso tudo é que eu só percebi o quanto cada detalhe desses momentos eram especiais, quando não os tive mais. — Percebo ela assentir para confirmar. — Eu te amo. — Me escuto proferir. Eu sentia medo, raiva, frustração, mas também sentia esperança, de não perdê-la. — Eu não queria ser egoísta mais uma vez com você, mas, por favor, me dê outra chance. Sei que não mereço, mas prometo que não te afasto mais, eu não seria maluco de fazer isso, não sabe o quão fiquei louco com essa distância.

— Sasuke...

— Eu em abstinência de você, Sakura! — me inclino para o seu pescoço, e assim que a percebo pender a cabeça para o lado, liberando meu acesso, distribui beijos molhados na pele. — Eu que sou patético, por não admirar o verdadeiro tesouro que tenho. — Minhas mãos tomam a sua cintura, a puxando mais para mim. Ela estava se entregando. Eu faria valer a pena, ela merece o melhor. A percebo morder os lábios. — Eu posso ter merecido esse castigo, mas você não mereceu sofrer as consequências disso. Eu vou compensá-la.








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Do outro lado da cama | SasuSakuOnde histórias criam vida. Descubra agora