younghoon era a pessoa mais feliz do mundo e ele tinha certeza disso. era a primeira vez em muito tempo que ele se sentia tão feliz assim e ele sentia que a qualquer momento ia explodir.
e o único motivo dessa felicidade era choi chanhee. chanhee havia arrancado do peito do kim um amor que ele nunca imaginou que fosse capaz de sentir. essa incapacidade imaginária matava um pouco do na a cada dia que passava e quando ele pensou que o vazio iria lhe engolir de uma vez só, o choi apareceu em sua vida. aquele garoto de cabelos claros, um sorriso tão bonito quanto o pôr-do-sol de uma sexta-feira calorosa e uma alegria contagiante mudou sua vida no momento em que o fez perceber algo que ele sempre ignorou: ele ainda poderia ser salvo, ele podia amar.
younghoon perdeu o pai antes mesmo de perceber que existia. sua mãe, de luto, se afundou no álcool aos poucos e também abandonou o garoto quando era a única pessoa que podia servir de apoio em seu crescimento. ele viveu jogado pelos cantos até virar um adulto, um homem crescido e "bem resolvido". ele ainda era essa pessoa. ele tinha um emprego bom, morava numa casa confortável, tinha amigos presentes, mas essas coisas não pareciam ter peso. não quando ele se sente um erro, vazio, aborrecido, solitário e um fardo carregado nas costas do primeiro que aparecer. ele ainda sentia a dor do abandono e isso se tornou parte dele porque, quando você não consegue derrotar o inimigo, se junta a ele. é o que dizem, afinal.
kim younghoon era um poço de vazios que, por mais enormes que fossem, não eram o suficiente para sequer fazer eco. mas chanhee apareceu. chanhee esbarrou consigo a caminho da sorveteria da qual younghoon havia acabado de sair e seu sorriso foi a primeira luz que brilhou na vida do moreno em tanto tempo se alimentando de escuridão. ele pediu seu número de telefone—nada comum para um estranho que se esbarrou com um cara esquisito e aborrecido na rua—e então viraram amigos a partir daí. eles conversavam diariamente e levou muito tempo para que younghoon conseguisse se abrir de verdade para aceitar tudo o que chanhee queria lhe oferecer. ele não desistiu daquela amizade e isso já era algo incomum, mas parecia bom.
e era bom. com o tempo, chanhee se mostrou uma pessoa incrivelmente radiante e younghoon sentia que era exatamente isso que ele precisava para que aquele monte de vazios lhe preenchendo pudessem finalmente desaparecer. meses de conversa e até encontros entre amigos depois, ele percebeu que finalmente sentia o que tanto procurou sentir: amor. ele estava perdidamente apaixonado e sequer iria se importar caso fosse rejeitado, ele já tinha atingido um objetivo tão importante que isso não era lá algo tão urgente.
mas, naquele momento, o que chanhee estava fazendo era lhe pedindo em namoro. ele estava ajoelhado no chão, no jardim da frente de sua casa, segurando uma caixinha com anéis de prata e esperando por uma resposta como se sua vida dependesse dela. e a resposta foi sim.
dela surgiu um abraço cheio de carinho e um beijo intenso, repleto de sentimentos. naquele momento o mundo era todo deles e nada poderia tirá-los da bolha de felicidade e eternidade que eles criaram pra si mesmos.
a partir daquele dia, younghoon passou a ser radiante também.
younghoon estava sempre se esforçando e dando o seu melhor para se livrar da carga de pesadelos que levava nas costas antes, chanhee sempre lhe ajudava com isso e ele realmente estava evoluindo. acordava sorrindo, ia ao trabalho, dava o melhor de si, voltava pra casa e dava todo o amor que guardava no coração ao namorado—os momentos que compartilhavam juntos eram sempre os melhores: noites de filme, rotina de skincare, bagunça na cozinha e manhãs de amor com o beijo do nascer do sol.
se ele dissesse que preferia outra vida, estaria mentindo. mesmo com o passado que parecia sangue fresco em suas feridas e as memórias que ele ainda não conseguia enterrar, ele estava bem. estava feliz e se sentia no paraíso, ainda confuso sobre como a chegada de uma pessoa simplesmente mudou tudo na vida dele, mas não tinha motivos para reclamar. jamais teria.
acordar cedo numa manhã de sábado, se espreguiçar todo feliz por sentir o sol atingindo seu rosto entre as frestas da pestana e receber um beijinho tão doce do garoto que tanto ama são coisas que o moreno nunca se viu fazendo num futuro próximo e era impossível acreditar que aquilo estava acontecendo de verdade, tudo ainda parecia um sonho.
mas, na verdade, eram apenas memórias.
todas essas alegrias e momentos bons que younghoon compartilhava com o loiro agora eram migalhas e lembranças de algo que chegou ao fim. porque, nesse exato momento, chanhee acabou de sair pela porta da frente de sua casa logo depois de dizer que eles não tinham mais nada.
o garoto de cabelos castanhos perdeu a noção do tempo, não fazia ideia de quanto tempo ele permaneceu atirado ao chão, chorando cada sorriso e cada beijinho que apertava seu peito sem piedade e não lhe dava fôlego. ele implorou, de joelhos colados ao chão e as mãos juntas na frente do queixo para não ser abandonado de novo, para ser socorrido e para que seu namorado lhe acordasse com os selares aveludados e dissesse que aquilo era só um pesadelo, um sonho ruim. mas seu querido namorado disse ter encontrado alguém melhor que ele.
"o que diabos eu fiz pra merecer isso?" era o que ele murmurava em meio aos soluços e socos que dava no carpete grosso forrando o piso da sala de estar. droga, droga, droga. por quê? isso não precisava acontecer de novo.
não precisava, não deveria, mas aconteceu. chanhee apagou seu contato, não mais lhe mandou mensagens e não apareceu em sua casa de novo. era injusto, tudo isso era tão injusto e não poder fazer nada além de chorar e lamentar só machucava mais. younghoon havia voltado para a estaca zero.
estava perdido, vazio, sozinho, abandonado e podia ver o universo se desmoronar bem à frente de seus olhos, mesmo que com a visão turva pelas lágrimas. isso doía, doía de uma forma absurda e inexplicável.
e tolo sempre será o apaixonado que se deixa cegar pelo amor, pois ele pode se tornar a causa do seu último suspiro.
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.midnight memories
Fanficyounghoon estava feliz e o único e maior motivo de sua felicidade era choi chanhee. (a obra tem menção de morte não detalhada de terceiros e uso de drogas não explícito também feito por terceiros. caso se incomode com isso, tenha cuidado). bbangyu...