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Os olhos curiosos de Marinette passavam pela biblioteca em busca de seu alvo, o mesmo que sempre aparecia em seu armário todas as quartas-feiras. Nunca conseguia descobrir quem deixava o tablete de chocolate amargo entre o fecho e o cadeado, era como se a pessoa fosse invisível aos olhos dela.

Suspirou ao ver a barra já posta — tinha chegado atrasada de novo — mas não poderia vir mais cedo, suas aulas eram quase do outro lado do campus, o que dava quase quinze minutos de caminhada até a biblioteca.

Pegou o chocolate com os lábios franzidos, essa pessoa com certeza sabia dos seus horários, talvez fosse até um conhecido; quase ninguém sabia de seu gosto para coisas amargas.

Viu o post-it colado — como sempre — com um coração feito de uma forma rápida e a frase "Tarde demais a conheci, por fim; cedo demais, sem conhecê-la, amei-a profundamente."

Sorriu minimamente, esse admirador sempre usava alguma frase de Shakespeare, mesmo que adaptada para a ocasião. Ele conseguia deixar a cabeça de Marinette eternamente nas nuvens.

— Sonhando acordada, Senhorita Cheng? — ouviu o sussurro em seus ouvidos.

— Meu Deus! — Tapou a boca pelo grito dentro da biblioteca. — Por favor, você precisa parar com isso. — Virou-se para o loiro, que a fitava com um sorriso divertido pela conquista.

— Perdão, mas eu não me contive. — Adrien tombou a cabeça. — Você sempre está nas nuvens, é fácil assustá-la.

— É, eu notei — concordou.

— Não te vi na aula hoje. — Se escorou no armário. — Perdeu o trabalho que passei para a turma.

— Meu nome ainda está na sua lista!? O reitor tinha me dito que iria atualizar no começo da semana. — Franziu a testa. — Os papéis de Paris chegaram, consegui fazer equivalência de algumas matérias com a minha primeira faculdade. — Sorriu. — Me livrei de dois anos, e agora tenho poucas aulas na semana.

— Uau. — Adrien cruzou os braços um pouco surpreso. — Não sabia que já era formada em algo.

— Em design gráfico — explicou.

— Por isso sempre era a primeira a terminar — confirmou.

— É, talvez eu tenha usado alguns programas e designs já feitos antes, tenho muitos guardados. — Ela abriu a bolsa, guardando o chocolate. — Bom, eu preciso... Ir. — Sorriu minimamente. — Nos vemos pelo campus, professor.

— Já pedi para me chamar pelo nome. — Estalou a língua. — Parece que sou velho quando ouço isso.

— Talvez seja — riu para ele.

Chocolate amargoOnde histórias criam vida. Descubra agora