Capítulo 8

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Começamos a comer e logo o silêncio tomou conta da mesa, então Klaus, para quebrar o gelo, fez uma pergunta:

"E então S/n, por que não conta para nós sobre seus pais?"

Allison o repreendeu na mesma hora:

"Klaus!! Por favor... Desculpa por isso S/n, as vezes ele fala sem pensar, não precisa falar sobre esse assunto se isso te deixa triste ou desconfortável"

Eu respondi a tranquilizando:

"Não, não. Está tudo bem, eu não me importo de falar sobre, eu até gosto, pois é uma forma que eu encontro de sempre manter a memória deles viva dentro de mim"

Nesse momento Klaus começou a enxugar as lágrimas que se acumularam em seus olhos:

"Ahh... Que lindas palavras S/n"

Eu dei um sorriso para ele e logo comecei a contar:

"Bem, por onde eu começo?"

"Conta tudo S/n, desde sua infância, queremos saber tudo" (disse Klaus)

Então eu continuei:

"Meus pais se conheceram ainda bem jovens, logo começaram a namorar, noivaram e se casaram, tudo aconteceu muito rápido, e logo em seguida minha mãe já estava grávida. Eu lembro que minha infância não foi exatamente uma infância normal, por alguns motivos bem específicos, mas havia um deles que realmente era frustante. Eu não posso negar que sempre tive tudo o que eu queria, tudo o que eu precisava. Morávamos em uma casa grande, confortável... Enfim, tudo o que vocês possam imaginar de melhor, porém meus pais eram consideravelmente ausentes, eles estavam sempre ocupados com trabalhos e compromissos, as vezes eles ficavam dois, três, cinco dias, uma semana fora de casa... E eu ficava com a babá, já que eu não tinha mais meus avós e não tinha nenhum tio ou parente próximo, e isso começou a afetar nossa relação familiar, muitas vezes eu precisei deles e eles não estavam lá, e eles sempre me diziam: logo ficaremos juntos, logo tudo vai se ajeitar, prometo que em breve passaremos mais tempo juntos... E várias outras promessas, e fui crescendo e crescendo, sempre ouvindo o mesmo discurso, eu já estava até acostumada pra falar a verdade, mas apesar de tudo, eu amava muito eles, pois eu sabia que eles davam o melhores deles para mim, e que eles também me amavam muito, se não fosse a ausência deles, eles seriam os pais mais perfeitos do mundo. Só que em um certo dia, eu estava subindo as escadas e caí lá de cima, foi uma queda brusca, que me fez parar no hospital, eu quase morri com o pescoço quebrado, e por pouco não perdi o movimento das pernas, e quando esse acidente aconteceu, eu estava sozinha em casa e fiquei por um bom tempo desacordada no chão, até que eles chegassem em casa e pudessem me socorrer. Foi depois desse susto de quase terem me perdido, que eles tomaram uma decisão, e largaram tudo para ficar comigo, cuidar de mim... Foi a melhor fase da minha vida, todos os dias quando eu acordava eles estavam em casa, eles nunca mais ficaram dias fora, mas apesar de tudo estar bem aparentemente, minha mãe andava meio preocupada, e meu pai recebia ligações estranhas que ele sempre atendia escondido, eles andavam cochichando pelos cantos da casa... Eles realmente estavam muito estranhos por último, até que um dia, eles falaram que iriam sair para resolver uma coisa, e já voltavam... Pois é, eles não voltaram nunca mais. Naquele mesmo dia eu recebi uma ligação dizendo que o carro deles havia sofrido um acidente e eles não haviam resistido. Naquele momento minha vida se transformou em um inferno, tudo virou de cabeça para baixo, eu perdi meus pais, logo eu fui mandada para uma casa de desamparo. Eu não consegui aceitar a forma que meus pais morreram, eu precisava de respostas e rápido. Um dia quando ninguém viu, eu consegui fugir, e fui até a minha casa, que agora estava abandonada... Consegui entrar, e comecei a revirar tudo, até encontrar alguma pista. Subi até o quarto dos meus pais, olhei por tudo mas não achei nada. Quando eu já estava quase desistindo, percebi uma espécie de esconderijo no chão, então puxei uma madeira que estava um pouco mais saliente e se abriu um espaço interno no chão, lá estava uma caixa, com alguns papéis dentro... então peguei tudo, coloquei dentro da mochila que estava comigo, e voltei para o abrigo antes que dessem falta de mim, mas parece que eles notaram minha ausência. Quando eu já estava lá, eu consegui ler algumas informações importantes que estavam nos papéis, mas umas das mulheres que trabalhava lá, tomou os papéis das minhas mãos e os queimou de forma cruel, usando aquilo como forma de punição por eu ter fugido... Depois disso não tiraram mais os olhos de cima de mim. O tratamento que era recebido lá dentro era lamentável... Eu achei que iria enlouquecer lá dentro, até que fiz amizade com aquele grupo que tentou roubar a mansão. Quer dizer, eu achava que eles eram meus amigos, mas provavelmente só estavam me usando por conta dos meus poder...errg... Por conta da minha ingenuidade! Bom, e estava tão insuportável viver lá que foi o que me levou a fugir definitivamente de lá e preferir viver na rua"

Klaus: nossa s/n, que loucura tudo isso que aconteceu com você, eu nem posso imaginar o que você sentiu

S/n: Pois é, nem eu sei como aguentei até aqui, e o que mais me machuca, é saber que a única pista que eu tinha sobre o acidente dos meus pais, foi queimado... Você entende agora Allison, o por quê de eu não querer voltar pra lá nunca mais?

Allison: Claro, claro... Foi horrível isso que fizeram

S/n: Eu daria tudo pra saber o que realmente aconteceu naquele dia, eu tenho certeza que aquele não foi o real motivo. Os policiais falaram que o freio do carro estava comprometido, mas não teria como, naquela mesma semana o carro tinha voltado da manutenção

Klaus: você está sugerindo que alguém sabotou o carro? Mas quem faria isso?

S/n: essa é a pergunta que eu me faço todos os dias, Klaus, e talvez eu tivesse descoberto caso os papéis não tivessem sido queimados

Diego: Olha S/n, eu trabalhava na polícia, talvez eu possa te ajudar, se você me der algumas informações, enfim, qualquer coisa pode ser útil

S/n: Você tá falando sério? Faria isso?

Diego: Claro, por que não? Eu adoro um desafio... Qual era o nome dos seus pais?

S/n: Meus pais se chamavam Brian e Madelyn  Jones...

Assim que terminei de pronunciar o nome deles, Cinco que estava bebendo um copo de suco quase espirrou o suco para longe, e acabou se afogando com o suco. Ele parecia muito surpreso, ou talvez assustado, mas de qualquer maneira sua reação foi muito estranha e todos ficaram parados olhando para ele, que se encontrava de olhos arregalados e sem reação nesse momento

Continua...

Those green eyesOnde histórias criam vida. Descubra agora