1. O ruivinho irritante

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Fechei a porta do meu armário com força e ele se assustou com o barulho, me virei lentamente para ele e rosnei raivoso, o humano mordeu o lábio inferior receoso e sorriu pequeno, inferno de garoto, nem mesmo quando eu tentava o afastar de todas as formas aquela pequena criatura ruiva deixava de me seguir pelos cantos. Apenas o dei as costas e tentei sair rapidamente corredor adentro pois tinha muitos alunos espalhados naquele local, eu conseguia ouvir seus passos apressados tentando me acompanhar, o que seria um pouco complicado pois suas pernas eram curtas comparada com as minhas, sorri vitorioso e olhei para trás o buscando, havia vários humanos no recinto e nenhum deles tinha cabeleira ruiva e então apenas olhei para frente a fim de subir as escadas para o andar acima, porque eu precisava ficar sozinho nem que fosse apenas alguns segundos... E aquele humano tão pequeno e atrevido era absurdamente irritante, me deixava nervoso demais com sua presença extrovertida e falava muito em meus ouvidos, e claro, eu quase nunca o respondia, mas infelizmente sempre entendia tudo que ele dizia pois minha audição era super aguçada.

Era uma perda de tempo tentar não ouvir o que o pestinha dizia.

Quando ele entrou na escola o mesmo não puxava muito assunto comigo, era aparentemente tímido demais, entretanto mudou drasticamente há dois meses, ele vivia do meu lado como um chiclete, eu não entendia porque aquele humano queria tanto ter minha atenção sobre ele, mas notei que para ele eu era o mais próximo de um amigo visto que eu não via ele com outras pessoas. Me perguntava que se ele não tinha nenhum pouco de vergonha e amor próprio pois era rejeitado por mim tantas vezes e continuava agindo como se eu nunca tivesse dito para largar do meu pé, ah... Eu já não podia suportar mais sua presença em torno de mim, eu apenas queria um pouco de paz nessa merda de escola.

Eu odiava conviver com os alunos desse lugar, conseguia escutar vários insultos sobre o fato de eu ser um híbrido e eu me segurava muito para não sair socando qualquer um ali, e o único que conseguia escapar de toda minha raiva por aquelas pessoas, era incrivelmente... O ruivinho chato.

Ele não era mau ou algo do tipo, o humano só conseguia me irritar em um nível extremamente alto, e bem, eu nunca senti vontade de bater nele, o que era raro para mim, e também nunca levantei a mão para alguém aparentemente frágil demais, isso iria contra todos meus princípios básicos... Então o que me restava era ignorar e aturar uma bolinha chata assim como eu fazia com todos ali exceto os professores.

Meus pais apenas me ignoravam quando chegava em casa e implorava para me transferir para um colégio híbrido, segundo eles eu teria que aprender a conviver com os humanos gostando ou não, e ter que lidar com toda aquela gente era no mínimo um tremendo problema para mim, que tinha que manter todo o controle de pantera que habita em mim, que infelizmente não era fácil.

Encontrei minha sala e sentei no fundo, aguardando a aula de matemática e ironicamente esperando pela presença irritante do pestinha... Mas olhe, ele não apareceu naquela aula e eu suspirei aliviado, mesmo que tivesse um mínimo desconforto de por que ele não havia aparecido até agora no local. Anotei toda a matéria e explicações dada pelo professor Sungmin, que sempre tinha o rosto rigido, e eu nem me importava porque ele estava fazendo um bom trabalho em dar sua aula e isso era a única coisa digna ali que conseguia minha atenção, mas algo me preocupava e eu apertava o lápis em meus dedos nervosamente, respirei calmamente contando de um a dez e consegui manter minha atenção naquele quadro.

Na aula seguinte o ruivo entrou correndo e sentou do outro lado da sala, o que me deixou confuso porque ele sempre sentava ao meu lado em todas as aulas, tentei olhar para seu rosto e ele estava de cabeça baixa, olhando para as próprias mãos sem mover um músculo, apenas voltei a atenção para frente e ignorei sua presença até o professor da última matéria do dia, que era filosofia, chegar animado e começar a falar suas ladainhas, que era até interessante. Mantive, ou pelo menos tentei, toda minha atenção naquele quadro e em meu caderno, porque irritantemente não conseguia parar de pensar no por que o ruivinho estava tão aéreo. Quando a aula teve o seu fim, apenas guardei minhas coisas calmamente e coloquei minha mochila nas costas animado para ir para casa, no entanto escutei um fungado baixo e levantei meu olhar na direção do barulho, e pude ver o pestinha ainda sentado com a mochila em cima das próprias coxas, e realmente fiquei tentado a ir até ele, mas eu não podia ir lá e dizer coisas legais porque eu não me importava com ninguém ali dentro e bem, não queria o dar esperanças de alguma amizade entre nós dois, por isso apenas fui embora apressado.

Encantado - Todas as irritações de Park JiminOnde histórias criam vida. Descubra agora