Capítulo 05

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#Hellen

Eu estava parada atrás da bancada quando uma menina veio falar comigo: "Oi, eu sou Rafaella! E você? Como se chama?" - ela disse. Apresentei-me, ofereci uma bebida, já que era meu trabalho e ela perguntou como eu estava, foi aí que tudo mudou. Realmente ela não havia perguntado nada demais, posso parecer louca, mas quando a olhei nos olhos para responder que estava bem (aquele "estou bem" automático que você diz todos os dias) eu simplesmente não pude, ela me olhava fixamente como se tivesse um detector de mentiras naquele olhar, como se pudesse ver minha alma e tudo o que se passava comigo.

Será que ela é aquele tipo de vidente? Que lê sua mão e decifra sua vida em um segundo? Será que está vendo meu passado, presente ou futuro? Ai cala a boca Hellen, deixa de ser paranoica! Você e suas ideias idiotas. - Pensei. Rio com esse pensamento e logo percebo que ela ainda espera uma resposta. Ainda assustada com a situação não consegui dizer uma palavra sequer sem que gaguejasse, a indaguei e ela respondeu como se fosse algo absolutamente normal: - "Eu sei que você está com algum problema, te vi distante, angustiada. Posso ajudá-la? "É, eu tenho mesmo, não só um mas vários problemas... Mas acho que você não seria a pessoa indicada para me ajudar, ninguém seria! Mas quem se importa? Bom, ela parece se importar. - Pensei. Quando finalmente resolvo responder o show começa, a regra da casa é: sem conversas durante o show, quero dizer com mulheres, porque homens é outra coisa...

Meu trabalho é: usar roupas extremamente curtas para atrair a atenção dos homens e ser mais "receptível" o possível com eles, servir bebidas é o menos importante, é só faixada para que os leigos não entendam a verdadeira intenção de eu estar ali. Você ainda não entendeu? Eu sou garota programa! Mas não porque quero, se pudesse teria ido embora daqui a muitos anos, mas o pervertido do meu padrasto me impede fazendo ameaças e fazendo o que sabe de melhor: me maltratar. Eu já pensei em contar para alguém o que acontece, mas ninguém para tempo suficiente ao meu lado, a maioria das minhas amigas, as que já tive, quando seus pais descobriam em que eu trabalhava ("bartender") as proibiam de falar comigo. Foi assim desde sempre e eu aprendi a viver sozinha, a matar no peito cada surra e ofensa que levava, cada noite suja e terrível que tinha com aqueles velhos fedorentos, eu tenho um hobby que uso para extravasar a dor, a pintura. Eu sei, é estranho imaginar que "alguém como eu" gosta de pintar, eu amo, mas meu padrasto não pode nem sonhar com isso, ele joga minhas telas fora, ele odeia tudo o que me faz bem, não entendo até hoje qual o motivo de tanto ódio.

Voltei a servir cada bebum nojento que chegava com a desculpa de beber para apenas se aproximar de mim, muitos já vinham direto ao assunto e alguns até me agarravam, eu tinha que fingir contentamento quando na verdade tinha nojo. Notei que a Rafaella ainda estava me observando, senti-me constrangida, não queria que ela presenciasse aquelas cenas tão terríveis. Foi quando chegou Oscar, um velho idiota que praticamente me comprou a um mês atrás, ele e meu padrasto fizeram um "acordo" de 3 a 4 meses, pois segundo o velho "mais do que isso enjoa", ou seja, ele me usaria durante esse tempo e quando enjoasse me deixaria em paz. Oscar veio até mim berrando, me chamando de vagabunda pra baixo, ele estava irritado porque viu os outros velhos me babando. Arrastou-me para os fundos do prédio e começou a me bater ainda proferindo ofensas, eu não dizia nada, do que adiantaria? Eu já estava toda machucada, seus socos em minhas costas faziam-me sentir uma vontade imensa de gritar, mas eu sabia que se gritasse poderia morrer ali mesmo, então serrei os dentes para não escapar nenhum grito descontrolado.

Eu já estava cansada, ele não parou de me bater desde que entramos no pátio e seus socos se revezavam por todo meu corpo, podia ver uma poça de sangue espalhada pelo chão, minha visão já estava turva e meu corpo mole, lutei para continuar consciente o que foi em vão, caí desmaiada quando ele me acertou no lado esquerdo em minha costela.

Observações: Hellen tem 21 anos, ela poderia muito bem ir embora não é? Não. Oscar tem algo que o beneficia, um segredo que usa para ameassá-la fazendo com que não tenha coragem de ir.
Se acharem que está forte demais me avisem que eu mudo. Não esqueça de votar e comentar. *

Lutando Contra O AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora