Capítulo 8 - Abatido

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Sakura havia esperado com o moreno até que o irmão deste chegasse para buscá-lo, Itachi estranhou o comportamento do irmão, este parecia tenso e apertava os punhos, mas achou melhor não dizer nada, Sasuke era orgulhoso, sabia que não lhe diria nada, mesmo se perguntasse.

Ao chegar em casa, o menor foi direto à seu quarto, seu irmão chamou-o para almoçar, mas o garoto se recusou, alegando ter comido algo na escola, o que obviamente era uma mentira.

Se jogou em sua cama, sentindo as lágrimas acumularem-se em seus olhos e uma sensação terrível de sufocamento em sua garganta, que quase não o deixava respirar, se sentia chegando a seu limite, não sabia mais quanto tempo aguentaria toda a dor em seu peito.

Com rapidez, levantou de sua cama, abrindo a gaveta do criado-mudo e procurando com as mãos o DVD que dentro desta estava, este que sempre lhe alegrava em seus piores momentos. O encontrou, e cuidadosamente foi até o aparelho que estava em seu quarto, conseguindo ligá-lo através do toque, inserindo o DVD que sempre conseguia lhe acalmar, voltou à sua cama quando este começou a rodar, nele uma bonita mulher morena aparecia, um lindo sorriso adornava em seu rosto, enquanto ela embalava o bebezinho recém-nascido em seus braços.


"Não sei se tu tens um anjo

Que eu tenho um anjo sim

Meu anjo é um pequenino

Que agora vai dormir


Dorme meu anjo lindo

Meu menino serafim

Que o sono vem vindo

Pra levar você de mim


Porque está na hora

Na hora de dormir

Dorme meu pequenino

Dorme meu querubim"


As lágrimas corriam de seus olhos enquanto ouvia a doce voz de sua mãe lhe cantando aquela música de ninar quando ainda era apenas um bebezinho de apenas um mês de vida. Na imagem podia-se ver a mulher sentada em uma poltrona em um quarto infantil, com um bebezinho nos braços, cantando suavemente a este, acariciando delicadamente as bochechinhas gordinhas do bebê, deixando um suave beijo na testa do pequenino, para então voltar a cantar, mas Sasuke nada via, apenas ouvia a doce voz de sua amorosa mãe, o acalmando mais uma vez, as lágrimas ainda rolando em seu rosto, quando o sono veio, pegando no sono, enquanto ainda ouvia sua mãe cantar.


(...)


Fugaku chegou em casa para almoçar, como o fazia todos os dias, seu filho mais velho o avisando que o menor havia subido ao quarto, dizendo não ter fome. Suspirou, e subiu as escadas, em busca do caçula da família, reconheceu a voz a cantar antes mesmo de entrar ao quarto do filho. Sem nem bater, entrou ao cômodo, encontrando o menino deitado em posição fetal na cama, agarrado a um gato de pelúcia branco que havia ganhado ainda bebezinho, a doce voz de sua esposa soando por todo o quarto. Andando até o roupeiro, pegou uma coberta, tapando o rapaz, e se sentou na cama deste, colocando sua cabeça em seu colo, afagando as mechas negras, tão iguais as de sua esposa, seus olhos se fechando também ao ouvir aquela voz tão doce, nem ele percebeu quando ele também pegou no sono.

Itachi ao estranhar a demora de seu pai, subiu as escadas, entrando ao quarto do irmão, olhou a televisão, a imagem já havia mudado, agora nela aparecia sua mãe, ele com oito anos, e Sasuke com dois, os três brincando no chão da sala.


- Ah! Avisem as autoridades, o dinossauro radioativo vai destruir a cidade. – Itachi falava, segurando dois brinquedos, um boneco e um dinossauro verde de pelúcia.

- Oh, não, o que vamos fazer? – sua mãe falava, também segurando um dos bonecos – Somente o super gato poderá nos salvar. Vamos super gato, nos salve. – sorriu ao ouvir a doce risada infantil de seu irmãozinho na tela, este segurava uma pelúcia de gato.

- Dinosalo (dinossauro) mau! Bum! Bum! – o menino batia com a pelúcia de gato no dinossauro.

- Oh não, você é poderoso demais, super gato. Eu vou morrer... morri... morri... morri. – Itachi derrubou o boneco, o fingindo de morto, se jogando ele também no chão, Sasuke dava risada na tela.

- Você nos salvou super gato. Nosso herói. – Mikoto falava, usando seu boneco, para abraçar o gato.

- Sou hedói (herói), mamãe. – a mulher sorriu, abraçando seu pequeno bebê, o enchendo de beijos.

- Sim, bebê, é o herói da mamãe. Meus dois heróis. – em seguida a progenitora puxou Itachi também a seus braços. O Uchiha sorriu ao ver aquelas imagens, naquele mesmo dia sua mãe havia descoberto estar muito doente, ainda assim ao invés de se afundar em sua dor, havia preferido passar um tempo com seus amores, sua família, ainda se lembra que seu pai, que não aparecia nas imagens por estar com a câmera, gravando, havia chorado ao final da brincadeira, se juntando ao abraço, e não pôde evitar sentir seus olhos arderem, sua mãe havia sido uma guerreira até o final, sempre sorrindo, jamais mostrando dor ou cansaço na frente dos filhos, tinha muito orgulho dela. Olhou para a cama de seu otouto, encontrando seu pai e este dormindo abraçados, o menor aconchegado ao peito do mais velho, que o apertava protetoramente em seus braços, e sorriu, deixando um beijo na testa de cada um, se sentando no chão à frente destes, enquanto via uma nova imagem aparecer na tela.


(...)


Quando Sasuke acordou, viu novamente escuridão, como era todos os dias agora ao abrir os olhos, um suspiro triste escapou de seus lábios e tentou se mover, sentindo dois braços o apertarem protetoramente, franziu as sobrancelhas, e levantando as mãos, as ergueu até o rosto da pessoa que o abraçava, deslizando seus dedos pela face deste, era seu pai, tinha certeza.


- Está melhor? – se sobressaltou ao ouvir a voz do progenitor, ainda assim assentiu.

- Sim. Que horas são? O senhor não deveria estar trabalhando? – perguntou, não deveria ter dormido tanto tempo assim, não deveria ser noite ainda.

- O trabalho pode esperar, meus filhos são mais importantes. – um nó se formou na garganta do pequeno, seu pai parecia diferente, parecia o mesmo de quando era pequeno e sua mãe ainda era viva, mais atencioso, mais carinhoso.

- O jantar está pronto. – Itachi surgiu no quarto, o menor da casa se espantou.

- Jantar? Dormi tanto assim? – ambos mais velhos fizeram um som de concordância, deixando-o pensativo.

- O que acham de vermos um filme depois do jantar? Como quando éramos pequenos? – o primogênito sugeriu, seu pai concordou.

- Desde que otou-san não queira assistir de novo "A Nova Onda do Imperador"... – o menor falou, com um sorriso de lado.

- "A Nova Onda do Imperador" é o melhor filme que já fizeram. – Sasuke riu, negando, e seu pai sorriu também ao ver a expressão mais animada do filho. Depois disso desceram as escadas e jantaram algo leve, arrumaram os colchões na sala e fizeram uma pipoca, se deitando os três nos colchões, com o patriarca no meio, comendo pipoca, enquanto riam e repetiam as falas do filme o qual já haviam visto milhares de vezes, Sasuke por uma noite até esqueceu a dor que pouco a pouco o consumia, ali, junto às pessoas mais importantes para ele, sua família. 


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A música acima se chama "Meu Anjo Sim", do Palavra Cantada, a letra foi tirada deste site: .


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