Se apaixonar pelo homem que seria o motivo da sua raiva e tristeza não estava nos planos da vida de Remus; mas, bem, há tantas coisas na vida de Remus que não estavam em seus planos que ele começara a duvidar do universo.
Remus Lupin nunca acredito...
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It's been raining since you left me – Tem chovido desde que você me deixou
Now i'm drowning in the flood – Agora estou me afogando no dilúvio
You see, I've always been a fighter –Você sabe, sempre fui um lutador
But without you, I give up – Mas sem você, eu desisto
Always – Bon Jovi
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Remus repetia a música em seu fone de ouvido diversas vezes, o modo repetidor já estava ligado para não se dar ao trabalho de mexer no celular. As lágrimas em seus olhos já encharcavam o travesseiro, e a escuridão do seu quarto virara sua melhor companhia.
Já fazia dois dias que Dora havia partido, e já fazia dois dias que estava trancado no quarto. Não queria conselhos, não queria palavras de consolo, não queria nada além de chorar sozinho e deixar a solidão o consolar.
Sabia que não podia fazer isso para sempre, precisava encarar a realidade, por mais difícil que ela venha a ser a partir daquele momento, precisava criar coragem por eles e para eles.
Inúmeras mensagens e ligações ocupavam a barra de notificação de seu celular, tampando a foto do papel de parede que ele evitava ao máximo ver. Não aguentava mais chorar e se culpar.
Mas era culpa dele, o acidente foi culpa dele. E ele sabia disso.
Talvez, só talvez, se não tivesse bebido, se não tivesse deixado a animação o consumir, Dora ainda estaria ali, e ainda seriam uma família.
Não importava o que dissessem a Remus, ele podia ouvir milhares de explicações do porque a culpa não ser dele, podia ouvir que o culpado foi o motorista do caminhão que estava na pista errada, e tantas outras coisas que faziam sentido.
Nada importava. Remus Lupin era o culpado pela morte de Ninfadora Tonks, e teria que lidar com isso pelo resto da vida.
A voz de sua mãe ecoou no corredor, pela décima vez naquela tarde fria e nublada de Londres. E, sem esperança alguma, implorou para que Remus abrisse a porta.
E ele abriu. Pela primeira vez em dois dias.
Hope o encarou assustada, já havia desistido de tentar fazer o filho conversar com ela, ou ao menos chorar abraçado nela.
Não disseram nada um ao outro, não foi preciso, Hope sabia bem o que Remus precisava, e o abraçou dando a ele o carinho protetor materno que tanto precisava.
Naquele instante Remus não parecia estar quase completando seus vinte e um anos, ele estava encolhido no abraço da mãe, chorando, enquanto murmurava palavras como eu quero a Dora de volta.
Ficaram quase vinte minutos no abraço, até Hope o afastar devagar e encará-lo nos olhos.
— Não há nada que possamos fazer para trazê-la de volta, ela se foi, eu sei que dói, mas você precisa achar outros meios de superar essa dor. Trancar-se no quarto com bebidas alcoólicas, cigarros e música triste não vai mudar os fatos, Remmy. Teddy e Alli precisam de você... nós precisamos de você.
