II

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Ao cair contra as folhas e galhos, Aly sentiu seu rosto queimar, quase que de imediato. Ela demorou para entender o que acabara de fazer. Saiu do arbusto, com a dor lentamente crescendo sobre seu corpo. Seus braços doiam e seu rosto estava vermelho, mas estava bem, ela supôs. Olhou brevemente aos arredores e viu os cavalos, lembrou-se dos vikings e se pós a correr, mesmo que machucada, porém, parou. Sua mãe ainda estava no castelo, sozinha, com os vikings.

Aly, então, rumou em direção ao castelo. Deixando a emoção e sentimento de coragem toma-la, e sem nenhum pensamento lógico em mente, ela deu a volta no castelo e cruzou o portões da cidade avistando os dois soldados reais mortos na entrada, o que a fez sentir ânsia de vômito. Passou com pressa sobre corpos de homens e mulheres, de casas que queimavam, de corpos decapitados e de animais mortos. "Esse é meu povo" pensou "deixei com que morressem..."

As lágrimas de Aly saíram diante da destruição. Enquanto andava, percebia que todo seu desdém foi errado, todo seu ódio ao posto de Rainha, fez com que inocentes morrerem. Agora Aly queria morrer também.

Chegou ao castelo, mas sequer cruzou o portão. Em frente, vikings carregavam corpos e os empilhavam pela passagem. Aly conseguiu ver corpos de diversos tipos, tamanhos e sexos, alguns deles tinha um buraco no rosto, como se fossem feito por um espada afiada ou algo ainda maior. Observou atentamente enquanto os vikings conversavam entre si, a piedade depois do massacre não era sequer notável, era óbvio que eles estavam adorando a sensação,

Quando um dos monstros trouxe o corpo de uma mulher sobre suas costas, Aly estremeceu. Cabelos brancos, vestido azul longo, sapatilha elegante sobre os pés. Ali estava rainha Anna, morta. O brutamontes jogou seu corpo no topo da pilha e riu, Aly teve que se segurar para não gritar de raiva e tristeza. Com o corpo tremendo, Aly levantou de seu esconderijo devagar, pronta para dar meia volta e fugir, mas foi segurada pelos cabelos por uma mão forte.

— Olha o que achamos aqui! — Disse o Viking, com a boca perto de mais. — Vamos torturar você até dizer onde está todo o ouro!

Aly tentou se desvencilhar das mãos do homem, mas ele a segurava com toda sua força para que rainha não escapasse. O Viking começou a arrastar Anna até os outros, rindo e anunciando a próxima recompensa como se àquilo fosse uma brincadeira, porem, Aly não deixaria ser capturada tão facilmente, não depois do que viu.

Com rapidez, Aly golpeou o Viking com um chute na perna e com um soco forte nos testículos. O homem caiu de dor, urrando alto com seu grito bruto. Aly correu, mas os urros de dor do homem chamaram atenção dos outros, e, logo, os vikings vinham para cima da rainha com a ferocidade de cães raivosos. Aly tentava, mas, tanto pelo preparo, tanto pelo costume, eles eram cada vez mais rápidos, e a perseguição continuava sem qualquer chance de Aly fugir com vida.

Quando atravessou o portão de North King, a rainha tropeçou no cadáver do guarda morto e caiu no chão como uma maçã podre. Tentou se levantar de qualquer forma, mas o vikings estavam em cima dela. Aly até tentou se arrastar, mas foi puxada pela perna e erguida por um deles. Já não bastasse o medo, Aly agora deveria lidar com a dor do soco que acabara de receber no pé do estômago.

— Que rainha fujona. — Desdenhou seu sequestrador. — Adoro mulheres que fogem!

Cada palavra deles era um tiro no coração de Aly, que agora sim, não tinha escapatória alguma. Com passos lentos, mais brutamontes chegavam para rir, desdenhar, xingar e bater em Aly, sem piedade da rainha, que estava completamente fraca e machucada.

De repente, sons de cavalos ao longe chamou a atenção dos soldados vikings. Ao longe, eles vinham rápido na direção da confusão, com pessoas mascaradas em cima de cada um dos animais. Aquilo parecia assustar ou intimidar os vikings, que aos poucos recuaram, deixando alguns homens para se defenderem sozinhos.

Machucada e sem muita perspectiva, Aly observou os cavalos se aproximando cada vez mais e, quando se deu conta, já estava no chão outra vez, arremessada pelo viking fujão. As pessoas em cima dos cavalos, desceram, e, como raios, correram. Os vikings até tentaram, mas os mascarados abateram cada um dos homens sem piedade, cortando os corpos com uma frieza que Aly jamais havia visto.

Uma mão segurou a rainha, e de novo, ela se viu nós braços de alguém, dessa vez, de uma pessoa mais baixa e mais magra, com cabelos longos. A última visão de Aly foi o chão de areia, pois, assim que foi resgatada, desmaiou.

Rainha até o fimOnde histórias criam vida. Descubra agora