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Any Gabrielly P.O.V

Ele não sabe que existo. Pela milionésima vez em quarenta e cinco segundos, dou uma olhadinha na direção de Charlie Gillespie, e ele é tão bonito que quase minha garganta se fecha. Talvez eu devesse pensar em outro adjetivo- meu amigos dizem que homem não gosta de ser chamado de "bonito". Mas, minha nossa, não tem outro jeito de descrever as feições fortes e os olhos castanhos emotivos. Hoje ele está de boné, mas sei oque isso esconde: Cabelos escuros e grossos, o tipo que parece sedoso ao toque e que dá vontade de passar os dedos entre os fios.

Nós últimos cinco anos desde o estrupo, meu coração só disparou por dois caras: O primeiro me largou. E esse simplesmente ignora a minha presença. 

No tablado do auditório, a professora Tolbert está no meio do que passei a chamar de Sermão da Decepção. È o terceiro em seis semanas. Adivinha como foram as notas? Setenta por cento da turma tirou seis ou menos na primeira prova. Eu? Nota máxima. E estaria mentindo se dissesse que o dez circulado a caneta no alto da prova não foi uma surpresa completa. Apenas despejei uma sequencia infinita de baboseiras para tentar encher a folha.

Ética filosófica deveria ser moleza. O antigo professor da matéria aplicava uns testes ridículos de múltipla escolha e uma "prova" final que consiste em uma redação propondo um dilema moral e questionando como você reagiria a ele. Mas, duas semanas antes do inicio do semestre o professor Lane morreu de ataque cardíaco, Ouvi dizer que a faxineira dele o encontrou no chão do banheiro- pelado. Pobre professor. 

Por sorte(isso mesmo, estou sendo sarcástica), Pamela Tolbert assumiu a turma de Lane. Ela é nova na universidade Briar e é do tipo que espera que você faça conexões e  "se envolva" com a matéria. Se isso fosse um filme, Ela seria a jovem professora ambiciosa que vai parar numa escola no centro da cidade e inspira alunos rebeldes até que, de repente, está todo mundo mundo largando a AK-47 para pegar os lápis e, no final, quando sobem os créditos, você descobre que todos entraram pra Harvard ou coisa parecida. 

Só que isso não é um filme, portanto, a única coisa que Tolbert inspirou nos alunos foi ódio. E de fato ela parece não entender porque os alunos não vão bem na sua aula. Quer uma dica? È que ela faz o tipo de pergunta pro Enem.

-Estou disposta a oferecer uma segunda chamada para todo mundo que não passou ou que tirou cinco ou menos- Tolbert torce o nariz como se fosse incapaz compreender a nessecidade disso.

A palavra que ela acabou de usar... disposta? Pois é. Ouvi dizer que muitos alunos reclamaram com os orientadores a respeito dela, e desconfio que o departamento a tenha a obrigado a preparar outra prova. Não pega bem para Briar a ficar mais de metade de uma turma reprovados na matéria, principalmente porque não só os preguiçosos. Gente que só tira dez, como Hina, supercabisbaixa aqui do meu lado, também se deu mal na prova.

- Para quem quiser fazer a segunda chamada, a nota final vai ser uma media das duas. Quem se sair pior na segunda, fica só com a primeira nota- Conclui Tolbert.

-Não acredito que você tirou dez- Sussurra Hina para mim.

Parece tão chateada que sinto uma pontada de pena. Hina e eu não somos melhores amigas nem nada parecido, mas sentamos uma ao lado da outra desde setembro, então era de esperar que acabássemos nos conhecendo. Ela está fazendo o preparatório para medicina, e sei que vem de uma família de sucesso que a humilharia em praça publica se descobrisse a nota que tirou. 

-Nem eu- Sussurro de volta- Fala serio. Olha só as minhas respostas. Um monte de asneira sem sentido.

-Pensando bem, posso mesmo dar uma olhada?- Parece interessada agora- Estou curiosa para saber o que a Tirana acha digno de um dez,

𝓞 𝓐𝓬𝓸𝓻𝓭𝓸\𝐁𝐞𝐚𝐮𝐚𝐧𝐲ᵃᵈᵃᵖᵗᵃᶜ̧ᵃ̃ᵒOnde histórias criam vida. Descubra agora