Capítulo 00

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Em um mundo desolado, lembranças de seres que não estão mais vivos é tudo o que resta. Retratos guardando épocas e acontecimentos de lugares que foram drasticamente modificados, de forma totalmente irreconhecível.

A humanidade entrou em colapso com o avanço tecnológico, as pessoas não queriam mais o contato físico, uns disseram que a sociedade enfraqueceu como conceito, já outros que o conceito dela foi modificado. Entretanto, nada disso importava agora, a morte chegou para todos, só que de uma vez.

Poderia ser afirmado a total extinção da raça humana, porém essa chegaria de forma lenta por meio dos astronautas. O peso de saber que seriam os últimos...provavelmente gerando um psicológico muito estilhaçado nos habitantes do espaço.

No meio de um mundo sem cores vermelhas, sem sons de batidas pausadas pertencentes a um órgão responsável por movimentar a cor da vida nos humanos. Sem o calor da vida, sem o calor dos sentimentos, sem o calor do movimento...apenas lembranças e escombros de coisas que um dia foram chamadas de lar, de locais cheios de vida e esperança de um mundo melhor no futuro...Mas o que resta agora?

Nada

Ou quase nada

No meio do “quase” nada, havia uma pequena tralha, algo sem vida e agora sem valor. Contudo, andava e andava seguindo linhas de códigos construídas pelos antigos habitantes. Ali estava, um pedaço de lata de nome Miri, que já foi conhecido por ser o protótipo mais avançado da história. Ele recebeu essa denominação meses antes da chegada da morte para os terráqueos. Ele tinha conhecimento que também chegaria o seu dia, porque, mesmo conseguindo cargas de energia através dos raios solares, do que adianta se o calor da estrela vital não consegue ultrapassar a espessa camada de poeira, a qual foi erguida por todos os cantos do Planeta Terra.

O fato de Miri ser um robô super avançado tecnologicamente deve-se ao fato dele carregar a consciência de um humano, o que faz dele algo parecido a uma pessoa super-resistente. Não sei se isso deve ser um fato de consideração de resistência, ou de defeito. Mas não leve isso a sério, os robôs não possuem uma alma, algo que gera semelhança com muitos humanos do passado.

...

Miri estava andando sobre os destroços de um local, quando ele encontrou uma foto de um casal. O fato daquela foto ter sobrevivido é algo intrigante, ainda mais que se encontrava completamente inteira. O pedaço de lata retirou as cinzas que estavam sobre a foto, as quais escondiam uma família, aparentemente, feliz. Duas mulheres sorridentes compartilhando uma coisa que aquele protótipo não poderia, nunca, entender.

*Sentimentos*

A felicidade daquela família era quase indubitável, já que havia um terceiro ser naquela foto. Bem no meio do abraço quente e acolhedor das duas mulheres, um garoto, sem nenhuma expressão, assassinava todo e qualquer sinônimo de família perfeita daquela foto.

*Diana, Marie e Juan.*

O robô conseguiu achar dados dentro da sua memória sobre eles. Uma grande quantidade de fotos, desde a adoção do menino até um dia antes do desastre. Internet podia não existir mais, porém, como ele ficava todo o tempo conectado a rede, ele possuía uma versão não atualizada dela antes do desastre.

Diana trabalhava como cozinheira e Marie era professora. Já Juan era apenas um estudante que vivia no mundo dos jogos, escolhendo a alienação do que acontecia acerca de sua vida, com poucas fotos sozinho e sem amigos.

O robô estava analisando todas as fotos da família quando ele percebeu algo. Na última foto existia um comentário após o desastre.

O nome do perfil era "Brincando com o tempo" de uma forma mais resumida e não possuía registro dentro do monte de lata.

Estranho

...

Ele, como todas as vezes depois de sonhar, acordou assustado e sem ar. Ele estava mais uma vez tentando se realocar nos acontecimentos recentes. Enquanto isso procurava desesperadamente por seu caderno de sonhos, para anotar cada detalhe do que tinha acabado de sonhar.

Ele, querido leitor, não sabe quem é, mas sabe seu nome, Matthew. Ele não está morto, muito menos sua família, não que eles não tenham sido afetados pelo desastre, para falar a verdade nem havia ocorrido

Bom...não ainda.

O garoto possui uma peculiaridade, a qual ele sempre questionou a possibilidade de ser considerada uma maldição. Mesmo sendo considerada uma maldição, era a única coisa que ele considerava ter de especial.


Ele prevê o futuro através de sonhos que aparentam durar dias. Ninguém sabe dessa habilidade dele, já que ele prefere guardar todos aqueles pesadelos para si. Ele não possui a habilidade de escolher o que prever, apenas sabe que um dia aquilo irá ocorrer.

Eram 02:00 da manhã e ele seguia anotando o seu sonho dentro daquele caderno gelado lotado de previsões, coberto pelo medo misturado com o frio estridente da madrugada.

E sobre o silêncio intimidador da noite, ele anotou:

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_Hoje é dia 20 de Janeiro de 2022._

_Faltam aproximadamente três meses para o fim da humanidade..._

_Ao menos se eu não puder impedir._

...

Continua...

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*Olá, eu sou novo aqui e espero estar trazendo algo de qualidade para todos vocês*

*Podem mandar sugestões/críticas, isso me ajudará muito*

*Desde já, muito obrigado*

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⏰ Última atualização: Mar 23, 2021 ⏰

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