1. Of Dark Marks, Old Houses and Secret Languages

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As velhas janelas da casa estavam cobertas pela Marca Negra, cada uma cuidadosamente
gravada no vidro com um anel de diamante há muitos anos atrás, por alguém que odiava
usá-lo quase tanto quanto odiava o que ele representava. Havia muitos anos, também, desde que Andrômeda colocara os pés pela última vez naquela casa. Mas aquilo já não importava mais. Todo mundo que um dia vivera ali estava morto, ou na prisão. Exceto ela e a irmã mais nova. Mas Narcisa estava tão longe daquela casa quanto podia estar.

Andrômeda ainda podia se lembrar do dia em que a irmã, Bellatrix, entalhou aquelas marcas nas janelas.

Ela estava lá, caminhando pela casa com seu novo e brilhante anel de noivado, murmurando maldições a qualquer um que viesse a sua mente. Andy não saberia dizer se ela estava apenas irritada por seus pais escolherem o seu destino por ela, ou se estava verdadeiramente triste. Os rumores diziam que Bella estava apaixonada por outra pessoa. E é claro que ela não havia dito nada as irmãs, e nem diria. Ela não era de manter confidentes. E embora Andy suspeitasse que os rumores fossem verdade, e talvez até soubesse a quem o amor da irmã se dirigia, ela não ousaria perguntar. Preferia apenas negar suas suposições.

Bellatrix apenas ficou ali, pelo dia inteiro. Gravando sua amada Marca com seu odiado anel em todas as janelas que podia alcançar. Era claro que estava, de certa forma, melancólica. Mas a bruxa não derrubou uma lágrima sequer. Bella jamais chorava. Ou ao menos, jamais chorava após ter conhecido o Lorde das Trevas. As vezes Andrômeda se perguntava se a irmã ainda tinha um coração, ou se este havia se transformado em pó no dia em que tomara a Marca Negra.
Talvez tudo o que fora Bellatrix Black morrera naquele dia, e talvez tudo o que restasse agora fossem lembranças de uma irmã há muito tempo esquecida por ela.

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Ela nunca foi doce. Nem mesmo quando criança. Bellatrix era uma fúria que ninguém jamais poderia conter. Ela nunca fora doce, mas naquela época ainda havia algo de humano nela.

As três irmãs estavam sentadas no chão, sobre o tapete, sem que ninguém as notasse ou repreendesse. O novo astro da casa era o bebê, Sirius Black. Todos os membros da Sociedade de Sangues-Puro pareciam querer conhecê-lo, e agiam como se ele fosse a criança mais incrível já nascida. Algo que Bellatrix obviamente discordava. Sirius Black não sabia executar Wingardium Leviosa com uma varinha roubada. Já ela, sabia.

Narcisa estava sempre absorta demais em seu próprio mundo, brincando com suas bonecas, para se importar com qualquer outra coisa, e Andy parecia tão encantada com o bebê quanto os adultos. Bellatrix, porém, escrevia em um pedaço de pergaminho sem parar.

Viver ao lado de suas irmãs era bom. Como ter amigas que obrigatoriamente teriam de fazer as pazes em algum momento, se brigassem e que em algum dia teriam de brincar do que quer que ela quisesse, simplesmente porque não havia outra opção.

Mas depois de um tempo já haviam explorado tudo o que havia para se explorar, e brincado de tudo que se tinha para brincar. Isso fez com que tivessem de adotar o método de entretenimento mais simples que podiam encontrar: as fofocas. Haviam muitos rumores entre a Sociedade de Sangue-Puro, e sempre havia alguém comentando algo sobre eles. Sendo uma criança é fácil de captá-los. Os adultos nunca acham que as crianças vão ouvir e entender, então falam livremente. O difícil era espalhá-los umas para as outras sem serem pegas. Como ainda não sabiam dominar perfeitamente sua magia para lançar Muffliato, Bellatrix desenvolveu um idioma próprio. Isso requeria sempre um pedaço de pergaminho e sempre muito mais esforço do que simplesmente cochichar, mas Bella achava que seu método era muito mais sofisticado.

Andrômeda havia aprendido rapidamente, mas Narcisa não. Talvez porque no auge de seus quatro anos ainda não soubesse ler ou escrever, ou talvez porque simplesmente não se importasse com o que as irmãs diziam ou qualquer fofoca que ela sequer entendia (e que as vezes as irmãs não entendiam também).

Era uma maneira boba de se comunicar. Apenas escreviam as palavras ao contrário, adicionando a primeira e a última letra de seus nomes no início e fim de cada palavra. Era na verdade um código que podia ser facilmente decifrado por qualquer um com tempo e paciência suficientes, mas para Bellatrix, era a ideia mais inteligente que alguém já havia tido no mundo todo.

Isso foi bem antes das janelas da casa serem cobertas por Marcas Negras. Bem antes de uma irmã se tornar uma Comensal da Morte e a outra se tornar uma traidora de sangue.

Honestamente, Andrômeda não se lembrava de quando pararam de se comunicar assim. Ou sequer se lembrava de quando pararam de se comunicar por inteiro e tornaram-se estranhas vivendo na mesma casa. Mas ainda podia se lembrar da última carta que escrevera naquele idioma.

Antes de partir do Largo Grimmauld, 12 pelo o que ela achou que seria para sempre, ela deixou uma carta para a irmã. Disse que a amava e que esperava que um dia ela a perdoasse por ir embora. Não sabia se Bella ainda se lembrava do idioma que criaram, mas escreveu mesmo assim.

A carta, porém, permaneceu não lida.

Um daqueles corações já estava morto, e um coração só não podia amar por dois.

What Remains Of Bellatrix Black  • Fanfic 12Onde histórias criam vida. Descubra agora