Sem Lágrimas Para Chorar

Prólogo

Em meus vinte anos de idade, eu já conhecia quase a metade de todas as coisas. Quem nunca soube sobre mim antes, não sabe agora, e jamais saberá...

Depois de limpar a última das lágrimas que havia derramado, durante dias e noites. Decidi dar um fim, no meu sofrimento. Fui pro banheiro, onde lavei meu rosto novamente. Voltei pro quarto, e procurei saber que horas eram, enquanto procurava as chaves do meu carro. Uma herança do meu falecido pai.

Após encontra-las dentro da gaveta abaixo do meu guarda-roupa, o relógio marcava 18:15. Dei uma breve espreitada pela janela, e me espantei ao perceber que a escuridão já devastava o mundo inteiro.

Então, vesti minha jaqueta de couro, para me proteger do frio que se instalava do lado de fora, e os flocos de gelo que caiam constantemente. O que me fazia lembrar que San Angeles, seria para sempre, o lugar onde eu jamais iria abandonar. Pois adorava aquele lugar, apesar de tantas decepções amorosas...

        Em vez de continuar chorando pelo o que a vida me tirou, decidi focar no que a vida poderia me ensinar através das dores e desilusões da vida e do amor. Então, foi quando puxei uma sacola preta debaixo da cama. Ela continha todas as lembranças físicas que um dia vivi com alguém que escolheu seguir seu próprio caminho, sem mim, depois de me causar tanto mal.

Nela haviam, algumas fotografias, algumas roupas (presentes de aniversário), e outros objetos menos importantes. Então, deixei a casa naquele instante, e fui dirigindo pro lado leste da cidade...

Passei por uma longa estrada, e ruas. E então, por fim, alcancei o lugar onde iria morrer todas as lembranças físicas, pois emocionais, só o tempo se encarregaria de destruí-las, mas jamais morreriam, até o fim da minha existência.

Em segundos, a sacola já se encontrava em chamas.

Enquanto isso...
Eu me despedia, e tentava não criar motivos para fraquejar novamente.

-Adeus passado, apesar de eu não estar bem hoje, não quer dizer que amanhã seja a mesma coisa....Falei para mim mesmo, num tom abafado, enquanto meus olhos entristecidos, observavam a chama se expandir, junto com as fumaças. Rapidamente, elas sumiam através do céu.

-O tempo passa, mas a dor é eterna!_Uma voz desconhecida falou na minha traz, no escuro, enquanto seus passos se aproximavam à mim...

Era como se a outra parte de mim, tivesse se tornado real, e que soubesse que eu estava mentindo para mim mesmo, sobre esquecer o passado e deixa-lo para trás, de uma vez por todas.

Mas quem poderia ser o dono daquela voz estrondosa e destruidora de mentiras ilusórias?...

                BREVEMENTE...