Primeiro Capítulo - Duda

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  O vento soprava no meu rosto, eu sentia a brisa me chamando, os pássaros voavam livres e esperançosos me acompanhando em pensamentos sobre o mundo. Toco as nuvens e percebo o quanto são macias, com certeza poderia dormir lá pela eternidade. O sol brilhava forte como nos verões quentes e preenchia todo o vazio que até então, estava comigo, deixando-me aquecida e tão realizada por aquele momento.

  Continuava a admirar as enormes e plenas nuvens que me cercavam, porém, noto que o sol já está se despedindo e levando consigo mais um dia tão rapidamente. Mas ainda tem a lua e as estrelas, que de uma forma tão elegante, iluminam no meio da escuridão

  Não vejo mais nenhum raio de sol, tudo escureceu como previsto, mas as estrelas e a lua não apareceram. Estou caindo! Mas pra onde? Não vejo nada!

  De repente acordo, estou deitada com a minha gata, Mari, que brinca com meus pés. Penso por alguns minutos sobre esse sonho, mas logo tento desviar desses pensamentos e desço para tomar café.

  Bom, me chamo Duda, tenho 17 anos e estou no último ano do ensino médio. Sou só uma adolescente comum e mau humorada que muitas vezes passa despercebida na multidão, talvez você consiga me entender. Podemos dizer que vivo uma vida monótona... casa, escola, livraria, casa... sem muitas novidades e aventuras.

  Chegando na cozinha encontro minha irmã, Renata.

- Acordou foi?

- Sim! Vou mais cedo hoje, assim eu vou me preparando para a reunião do grêmio.

- Logo cedo?! Que saco.

  Não dei muita atenção ao que ela disse, aliás, é assim que o mundo funciona, invés disso peguei o café. O café estava frio, porém, tomei mesmo assim.

- Quer que eu te busque na escola hoje? - disse minha irmã enquanto olhava o celular.

-Não, tudo bem. Depois da escola vou à livraria.

- Meu Deus, você não sai de lá.

  Novamente não liguei. Me despedi dela, peguei minha garrafinha e sai para pegar o ônibus.

  Eu sempre tento prestar atenção nas músicas e captar mensagens, elas sempre falam muito com a gente e nos entendem, quando às vezes mais ninguém é capaz. Eu me identifico muito com essa parte da música:

"Amuados, reflexivos

E dá-lhe antidepressivos

Acanhados entre discos e livros

Inofensivos"

  Acho que outras pessoas também se identificam, todos temos fases ruins, de ficarmos amuados, de ficarmos triste ou magoados com algo e é aí que paramos pra refletir sobre diversas coisas da vida. Essa reflexão é muito boa, mas pode nos isolar em um imenso vazio, porque muitas coisas que fazemos, às vezes não faz sentido, não tem sentido e não damos um sentido, simplesmente fazemos ou fingimos ser alguém programado. Precisamos de sentido! Precisamos sentir latente que vivemos! Apesar de tudo, a gente sempre precisa acreditar que existe algo melhor nos esperando e existe!

  O ônibus para e me disperso dos meus pensamentos e volto a realidade. Espero todos saírem para ter um tempo a mais para lidar com a ideia: escola.

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