Segundo Capítulo - Gael

50 12 21
                                    

  Bom... Mais um dia! E eu sou acordado novamente por esse despertador com um som, que eu sempre esqueço de trocar.

  Essa noite tive um sonho estranho, um sonho diferente de todos que eu já tive. Eu estava em um parque, um parque lindo cheio de árvores e flores, porém estava sozinho, não via ninguém e nem ouvia nada!

  Até que senti uma sensação estranha e vi que estava flutuando, subindo cada vez mais. Eu não sabia o que estava acontecendo, então decidi olhar pra cima... e descobri que estava cercado de pássaros que me levantavam. Mas não sabia por que isso estava acontecendo e assim tão de repente, não sabia para onde estavam tentando me levar, e num instante eles me soltaram e acordei com esse despertador horrível.

  O despertador marcava 5 da manhã, eu geralmente acordo mais cedo para poder jogar um pouco antes de ir pra escola, então eu ligo o meu vídeo game e tento passar uma parte do jogo que estou a muito tempo tentando.

  Despertador toca de novo, agora são 6 horas e eu tenho que me arrumar para sair. Essa hora meus pais ainda estão dormindo então faço tudo com muito silêncio.

  Tomo um banho, coloco uma roupa, arrumo o cabelo de forma meio desajeitada, pego uma bolacha e já saio pra rua. Da minha casa para a escola não é tão longe, então eu vou a pé e observando o movimento dos carros, das pessoas que vão tão apressadas sem contemplar e perceber o que está em volta, todo o caos que gira em torno de nós ou todas as pequenas maravilhas que podemos apreciar, mas esquecemos. Vou assim, ouvindo música só esperando que eu não "caminhe rente a multidão, surda e muda, sem visão..." (música: Mundo de Ilusões- 3030).

  Vocês já ouviram "Não é sério" do Charlie Brown Jr? Se não escutou, escute! Talvez vocês possam se ver na música! Essa música nunca fez tanto sentido pra mim...

  Eu sou filho único, e eu sei o que vocês estão pensando olha, ele é mimado ele quer alguma coisa e já ganha na hora, tudo bem vocês pensarem assim... eu também pensaria. Em partes vocês estão certos... mas não concordo muito com esses estereótipos, pois há muita coisa além. E eu realmente sempre fui muito paparicado pelos meus pais, na verdade, sou até hoje, porém eu não tenho voz! Sim, isso mesmo, voz! Eles não me escutam, não querem saber o que eu quero, o que eu gosto ou não gosto, o que eu penso...

  E sempre o mesmo discurso, "Querido, nós sabemos o que é melhor pra você, você é muito jovem pra decidir essas coisas ou você não sabe o que fala". E talvez isso até seja verdade em certos momentos, mas nem sempre.

  Na música do Charlie Brown ele tenta passar a mensagem de todos os jovens em si no Brasil, em como somos silenciados a todo momento, como somos tachados como problemáticos ou delinquentes. Mas parando para pensar... Essa ideia que as pessoas têm sobre os jovens, está presente em todo lugar... Em cada movimento, cada fala e cada gesto que a gente dá.

  Enfim... Essa música tem um peso muito grande para mim... E pra vocês?

  Cheguei na escola! O Thiago, meu amigo de muitos anos, já está me esperando na porta pra podermos entrar na sala. Mas percebo uma coisa estranha... Uma luz se movimentando... está entrando dentro da escola... O que é aquilo?

O EncontroOnde histórias criam vida. Descubra agora