Dive Project ◎ jjk + pjm - EM BREVE

00 - PRÓLOGO

Lembro-me de ter tido a sensação de estar sufocando e logo ser arrancado de forma bruta da água.

Lembro-me de ter sentido meus pulmões queimarem com o ar diferente que entrava neles.

Mas a última coisa de que me lembro foi de ter a certeza de que parte de minha alma foi deixada para trás antes de apagar de vez.

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Minha cabeça doía.

Meu corpo estava pesado.

E minha visão estava totalmente embaçada.

Mas eu ouvi...poderiam se passar mais de mil anos que eu ainda conseguiria reconhecer esse som, era o choro da minha mãe!

Meu Deus....nunca pensei que sentiria falta de ouvir minha mãe soluçar de tanto chorar. Mas ali estava eu, deitado numa cama hospitalar sem conseguir mexer um único músculo ou enxergar nitidamente o que estava ao meu redor, mas ainda sim uma onda de nostalgia me invade enquanto meu cérebro estava tentando processar para ouvir mais daquele som que à anos não ouvia.

Anos...

Pensar que se passaram seis anos desde que vi minha família pela última vez, que levei minha irmãzinha na escolinha e que nós dois nos despedimos da mamãe uma última vez antes dela ir ao trabalho e eu direto ao Complexo onde me tornaria um Voluntário.

Todos esses anos que passei dentro do Programa de Imersão me fizeram imaginar como minha família estaria e em como elas estavam de aparência agora. Com certeza minha mãe tinha mais algumas rugas de preocupação e minha irmã quase uma adolescente agora estaria bem mais alta de que me lembro. 

Mas será que mamãe já achou seus primeiros cabelos brancos? Será que Huna ficou rebelde e agora tem cabelo colorido, piercings e um diário escondido debaixo do travesseiro onde reclama todos os dias da vida? ou ela continua uma garotinha comilona e fofa que adora pinturas e dança k-pop escondido no quarto?

Mesmo querendo saber muito como elas e meus amigos estão atualmente, já fico feliz de saber que estou com eles agora. Passei muito tempo longe dessa minha vida e agora só quero recobrar logo a consciência por completo - e os movimentos do corpo - para poder abraça-los logo e matar a saudade do tempo em que os via sempre. 

Tempo e vida essa que foram roubados pela pior e mais torturante prisão já criada pelo homem... O Programa de Imersão.

 
Se soubesse que seria naquele fatídico dia que me separaria da minha família, eu não ficaria tão ansioso para ir ao Complexo como eu estava. Achava que aquele seria o primeiro dia da resolução de todos os nossos problemas, o primeiro dia que viveria em paz.

Porra...eu estava radiante naquele dia! 

Estava sonhando com aquela oportunidade há meses e a ansiedade já estava maior que qualquer outro sentimento dentro de mim.

Como pude ter sido tão burro!? Como pude acreditar nas palavras mentirosas daquele anúncio!? Como pude achar que, sozinho, conseguiria nos salvar do passado abominável que nos perseguia e da realidade penosa que nos encontrávamos!?