When the world's crashin' down
When I fall and hit the ground
I'll just turn myself around
Don't you try to stop me!Alice - Avril Lavigne
*
Um barulho incessante do outro lado da rua irritava os meus ouvidos. Ainda que eu tivesse fechado as janelas e qualquer buraco que pudesse entrar som, não parava. E eu estava ficando louca.
Saí as pressas para a casa do meu vizinho querendo matá-lo por ter me acordado tão cedo - era apenas amanhã a minha entrevista para o estágio de jornalismo -. Bati em sua porta imaginando que fosse o seu rosto tão harmonioso e perfeito...
"Precisa de alguma coisa?" O garoto apareceu com os seus cabelos ainda mais bagunçados e com roupas coloridas demais para ser apenas um pijama.
"Você poderia parar por favor com essa barulheira toda? Eu e o Cheshire queremos dormir." Mal tinha percebido quando o gatinho estava entre os meus pés miando irritado assim como eu.
"Bom, primeiramente já são catorze horas e em segundo lugar, você é muito linda." Pisquei os olhos freneticamente porque eu ainda não estava acreditando na enorme cara de pau do moreno.
"Lindinho presta atenção em mim, ainda são apenas..." Perdi qualquer dignidade quando olhei a tela do seu celular e realmente eram catorze horas.
"Meu nome é Zayn, mas eu gostei de ouvir esse apelido." Os braços do mesmo se escoraram no batente da porta me fazendo perceber ainda mais a nossa diferença de alturas - poxa, por que ele tinha que ser tão bonito? -.
"Eu preciso ir..." Milhões de pensamentos turbilhavam a minha mente. Como o tempo tinha passado tão rápido? Eu tinha realmente dormido por vinte horas?
"Bom dia vizinha." Josie estava sentada na cadeira de balanço na porta da minha casa, na verdade, eu sequer tinha notado o móvel naquele lugar.
"Mau dia para você..." Grunhi ainda irritada demais com tudo aquilo. Por que as coisas pareciam fora do controle?
"Bateste o recorde de atrasos. Estás cinquenta minutos atrasada dessa vez." Um risinho saiu de seus lábios e eu me contive para não socá-la - seria contra todas as coisas que eu lhe dissera no dia anterior sobre bons modos -.
"Pena que eu não perguntei." Fechei a porta na cara da loira e corri para o meu quarto. Enquanto tentava achar uma reposta para todas aquelas perguntas, fazia um carinho suave nos pelos de Cheshire.
Se o tempo passava tão rapidamente era melhor eu me preparar com certa antecedência para a reunião do dia seguinte - se eu queria a vaga, eu iria tê-la! -. Sentei na pequena mesa e li todos os livros que trouxera sem nunca tirar os olhos do relógio antigo ao lado da janela.
Quando o alarme do meu celular tocou parecia que eu ainda estava no mesmo dia. Foi ainda pior descobrir que tinha se passado vinte e quatro horas e eu tinha permanecido sentada lendo muitos livros e artigos. Eu estava drogada ou alguma coisa assim?
Peguei as chaves do meu carro e dirigi até a empresa Wonderland - eu adorava o nome porque seguindo o raciocínio da sua origem, através das notícias que exibíamos poderíamos mudar muitos pontos de vista ou até mesmo colocar milhares de pessoas em uma bolha diferente da realidade -. Digo isso por mim, eu adorava imaginar realidades opostas à minha.
"Bom dia, meu nome é Ophelia Mancini eu vim aqui para a entrevista de estágio na empresa Wonderland." Arrumei a gola da minha camisa branca e o tecido da saia azul que tinha levantado.
"Oh... Aposto que isso é um engano querida! Aqui é apenas uma clínica de psicologia e psiquiatria, não mexemos sequer com revistas e jornais. Eu sequer algum dia ouvi o nome dessa empresa, mas já sabe, se precisar do nosso apoio sempre estaremos aqui para lhe ajudar!" A senhora de cabelos brancos disse sorridente e eu franzi minhas sobrancelhas.
"Mas que porra a senhora está falando? Eu vim para essa cidade apenas por causa desse estágio e agora você vem falando sobre a empresa nem existir..."
"Me desculpe senhorita mas se continuar usando esse tom de voz comigo vou ter que chamar alguns médicos para lhe sedarem." Mostrei o meu dedo do meio para a mais velha e saí furiosa do prédio.
Eu não entendia mais nada. Entrei no carro e puxei meus fios de cabelo ao ponto que os pudesse sentir saindo da cabeça, a dor era a única aliada nos momentos tristes - se eu ultrapassasse meus limites, poderia até mesmo esquecer o quão inútil era -.
Não demorou muito para que eu chegasse em casa e derramasse em forma de lágrimas todas as preocupações que me preenchiam. Até mesmo imaginei o corpo esguio de mamãe tocando Four Ellise naquele piano velho para me tranquilizar e dizer que tudo ficaria bem como sempre.
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madness • zjm
Teen FictionOphelia aquela que traz ajuda/fornece socorro; • em um mundo perfeito onde Ophelia faz tudo o que quer baseado em livros infantis que sua mãe lhe contava •