envelope

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Não paro de encarrar o relógio que fica acima do quadro grudado na parede. O ponteiro dos minutos parecia que se movia em câmera lenta. Parei de olhar o relógio e dei uma boa olhada no resto da minha turma, alguns colegas estavam em um estado igual ou pior que o meu, outros estavam agindo como se hoje fosse mais um dia de aula, esses eu tenho certeza que são os que sabem seu g-secundário, e avia uma pequena minoria que rezava baixinho enquanto mantinham os olhos fechados.

Essa porcentagem eram os alunos que tinham características ômegas predominantes. O velho clichê de aparência, menos de 1,70, um porte eclético quase inexistente e com feições um tanto quanto fofas. Olhar para eles me fez ter vontade de ri, não do nervosismo deles, não sou um sádico sem coração pra ri deles por este motivo. Eu queria ri porque eu me lembrei do tio Yuu, ele com seus lindos 1,65 era o alfa dominante mais incrível que eu conheço. Padrinho Ryuu adora contar a confusão que foi o dia que saiu o teste do tio Yuu. Ele conta que quando o tio recebeu o envelope com o teste, em vez dele espera pra abrir em casa ele na impaciência natural dele abriu o envelope na sala, não demorou muito pra ele berrar intrigado.

-COMO ASSIM EU SOU UM ALFA?

E depois disso a sala de aula se transformou em um mar de "O QUE?", "MENTIRA, NE?" e o meu favorito "ELE É ALFA E EU NÃO?". A própria professora ficou tão chocada que segurou tio Yuu pelo braço e arrastou ele para a coordenação, chegando lá os coordenadores ficaram tão abismados que ligaram no mesmo momento pra o laboratório em busca de alguma resposta. O próprio laboratório ficou tão intrigado que em menos de 1 horas uma equipe inteira de médicos laboratoriais estava na frente do colégio unicamente para dar uma olhada no alfa não alfa Yuu Nishinoya. Os médicos então pedirem para os coordenadores avisassem os responsáveis pelo estudante em questão e que eles autorizassem que eles o levassem para refazer o teste no próprio laboratório.

Por culpa da chegado tão alarmante dos médicos no colégio muitos alunos que tinham vista para a entrada nãos tinham ideia do que estava acontecendo e um aluno ou mais de um acabou mandando mensagem para os pais avisando que tinha muitos médicos na frente da escola. Ai que a coisa começou a dar errado.

Os pais começaram a ligar para a escola preocupados, tendo em vista que não era normal ter um grupo de médicos na escola, porém com a coordenação inteira junto aos médicos e resto do corpo docente dando aula não avia uma alma viva para atender as ligações. Foi aí que os pais enlouqueceram, foram ligando uns para os outros em busca de alguma informação e de novo ninguém tinha notícia. E no fim acabou por fazer que um monte de pais corresse desesperado para a escola. Um dos pais que era jornalista estava trabalhando quando soube e quando foi avisar ao seu superior o porquê que tinha que sair antes do fim do expediente o chefe acreditou que o que quer que estivesse acontecendo no colégio era uma ótima reportagem.

No final antes mesmo que pudessem avisar ao avô do Yuu o que estava acontecendo já avia uma multidão de pais e reportes esperando respostas. Tanto os médicos quando Yuu foram abordados pelos pais e pelos reportes, os pais já aliviados por não ser nada sério foram embora, já os reportes ficaram para fazer uma coletiva com o pequeno alfa. E foi assim que o tio com seus 16 tinha sido capa do jornal local com a seguinte matéria

Cento e sessenta centímetros de puro alfa

Só que a bomba maior ainda estava por vir.

Quando refizeram os exames descobriram uma coisa ainda mais impressionante. Yuu não era apenas um alfa pequeno, era um alfa dominante de bolço. No final a notícia era realmente verdade, um metro e sessenta de puro alfa.

Me distraí tanto com a lembrança que nem tinha percebido que a professora tinha chegado na sala e já estava distribuindo os temidos envelopes, e como qualquer situação ruim, ela sempre pode piorar. Você tinha que se levantar, andar até a professora, com todos os olhos te encarrando e depois voltar para o próprio assento. Esperei minha vez com as pernas bambas. Quando eu escutei meu nome sair da boca da professora me levantei com tanta pressa que acabo por prender o pé em uma das pernas da mesinha e acabo por cair de maneira vergonhosa e levando a mesa junto comigo. Escuto a sala inteira rindo do meu desastre, me levando vermelho de vergonha e com o orgulho enterrado na lama, coloco a mesa de volta no lugar antes de correr até a mesa da professora e pegar voando o envelope da mão dela e depois voltar com a mesma velocidade para a minha cadeira.

Deito minha cabeça na mesa e suspiro alto, a pior parte tinha passado e eu poderia finalmente respirar com tranquilidade. Agora vinha a parte de abrir o envelope e ver com meus próprios olhos. Respiro tentando arrumar coragem pra abrir aquele pedaço de papal amarelado e feio. Mas acabo por guardar o envelope dentro da minha mochila ainda lacrada. Prefiro abri em casa, especificamente no meu quarto, lugar onde eu podia chorar até meus olhos saírem das minhas orbitas.

O dia passa normalmente depois do ocorrido, conversei com os colegas que eu era amigo sobre vôlei ou qualquer outro assunto bobo, lanchei o almoço delicioso que papai fez e depois de tudo fui para as atividades do club.

Mal coloquei os pés na quadra quando fui recebido uma extremamente enérgica Tanaka Aoiruki.

-Katsuo pode ir falando, foi beta, não foi? Pela sua cara de mingau foi! Recessivo ou dormente? Fala de uma vez ou vai me matar de curiosidade seu infeliz- ela falava isso enquanto segurava meus ombros e me sacudia pra frente e para traz.

-Aoiruki dá pra largar o coitado de uma vez e o deixar ter pelo menos uma linha de raciocínio que preste, se eu levar Katsuo batido pra casa papai corvo me virar do avesso- grita meu irmão do outro lado da quadra.

-Cala a boca vice comandante do planeta arrogância que eu tó falando com o filhote de corvo. E então coisinha fofa, qual foi o resultado? - responde Aoiruki.

Aoiruki e a segunda filha do casamento Tanaka, ela tem o rosto muito parecido com o da sua tia paterna Saeko, com diferença que seu cabelo é preto azulado que nem o da sua mãe Kiyoko, ela é capitã do time feminino. E como só avia uma quadra na escola o time masculino tinha que dividir com o feminino. Seu irmão mais velho Airu foi o capitão do time masculino ano passado, e os dois como são ambos alfas ficavam toda hora competindo um com o outo para ver quem era o melhor e em alguns momentos ficavam pregando peças um no outro. Meu irmão adora esfregar na minha cara que eu perdi o melhor ano da Karasuno.

-Desculpa Aoi-san...eu não tive coragem para abrir o envelope...-vou abaixando a cabeça quando falo sem ter coragem de olhar pra ela.

Ela então começa a fazer um carinho no meu cabelo, como se estivesse consolando um cachorro grande e bobão. Meu ego já não estava lá essas coisas, agora ele estava subterrâneo.

Então eu escuto a voz mais doce de todas me chamando.

-Yama eu vou treinar meus saques agora, não quer vir comigo pra treinar suas manchetes? Talvez assim seu ânimo melhore um pouco. - fala Riki tentando ver se conseguia me animar.

Ele então me chama com o dedo em um sinal para eu me aproximar dele, vou até ele e quando estou na sua frente ele coloca ambas as mãos envolta da propria boca em forma de cocha e sussurra bem baixinho, apenas alto o suficiente para que eu escutasse.

-Eu só consegui abri o meu envelope quando estava com meus pais- disse ele- não precisa ter vergonha, você é um garoto incrível, não importa seu gênero.

Ele saiu pra se alongar depois de ter tentando me animar, me deixando sozinho, travado feito uma estátua, com o barulho dos meus batimentos estrondando nos meus ouvidos e com um sorriso enorme rasgando a minha cara de idiota. Meu gênero já não era tão importante agora.

Ele me acha incrível, que o meu destino se dane.

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⏰ Última atualização: Mar 26, 2021 ⏰

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