Prólogo

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Derrick (4 anos atrás)

Nós nunca tivemos muito, mas tínhamos um ao outro e era o suficiente até que uma doença horrível tomou conta da minha mãe e ela não pode mais trabalhar e o aluguel foi atrasando e a comida acabando e ela cada vez pior. 

E não pense que eu fiquei só lá parado olhando ela morrer ao poucos, eu fiz o meu melhor, vendi o pouco que tinha, larguei a escola e arrumei um emprego de meio período na loja de conveniência de um posto de gasolina perto de casa que mal pagava os remédios, quem dirá um bom hospital, ou melhor, um hospital qualquer que seja.

Era tudo que eu podia fazer, ninguém queria contratar um moleque de 13 anos para um emprego de tempo integral que pagasse mais.

Mas nunca era o suficiente, eu me sentia um inútil, ela sempre fez tudo por mim sozinha e quando é a minha vez de cuidar dela eu não consigo.

Eu acordava bem cedo para cuidar dela e deixar tudo certo, comida pronta, remédio perto, ajudava ela no banho pq ela quase não consegui se manter em pé sozinha mais, estava tão magra que era difícil olhar para ela sem ter vontade de chorar, mas eu tinha que ser forte por ela, tudo que eu fazia era por ela, porque ela era tudo que eu tinha.

Colocava ela na cama, a cobria bem e saia para trabalhar, voltava correndo no meio do dia para ter certeza de que estava bem e que não precisava de nada e saia para vender doces de porta em porta. Voltava pra casa, forçava ela a comer mais um pouco e a colocava para dormir e ia deitar.

Nossos dias foram assim por um tempo, essa rotina incrivelmente dolorosa e exaustiva, até que um dia ela mudou. Eu cheguei em casa cansado de andar pela cidade, mas feliz, foi um dia bom para a venda de doces, o melhor da semana, estava animado para contar para a minha que teríamos o suficiente para pagar uma consulta médica.

Porém quando coloco meus olhos nela sei que tem algo de errado, meu mundo cai ali, saio correndo em sua direção e me ajoelho do lado da sua cama e coloco a mão em sua testa, ela ferve em febre.

- Mãe! Mãe! Tá me ouvindo? Responde por favor!

Ela abre os olhos com muita dificuldade.

- Fi.. Filho. Eu... preciso que seja forte ago.. agora.

- Não mãe, não fala besteira. Eu vou te levar para o hospital, você vai ficar boa.

- Derrick... querido... você não pode, não temos.... dinheiro e não posso morrer e deixar .... dividas para você.

Nesse momento eu desmorono e não consigo mais segurar as lágrimas.

- Para de dizer isso, você não vai morrer, você não pode morrer, eu só tenho você.

Lágrimas começam a cair pelo seu rosto, mas ela parece muito cansada até para chorar.

- Me perdoa filho.

Eu pego suas mãos nas minhas.

- Não tem porque se desculpar, eu que tenho que me descul... Mãe? Mãe!

Ela simplesmente apaga e eu sei, naquele momento, que eu tenho que fazer alguma coisa, qualquer coisa.

Saio correndo pela rua, já está de noite e começou a chover, moro em uma rua com muitos comércios então está sempre movimentada. Paro cada pessoa que vejo pela frente e peço aos prantos para que ajudem a minha mãe. Alguns me dão dinheiro, outros me ignoram e parecem irritados com a minha presença. 

Passo a rua correndo sem pensar muito e quase sou atropelado por uma carro grande e preto que para bem a tempo. O motorista desse irritado gritando comigo, mas não escuto nada, não respiro direito, minhas pernas tremem tanto.

É então que vejo um homem alto todo vestido de preto sair do banco de trás ele tem um relógio de ouro enorme no pulso e usa óculos escuros à noite. Ele vem até mim e com um movimento de mão faz seu motorista se calar e entrar no carro. Ele me encara por um tempo e enfim pergunta o que houve. Eu conto resumidamente o que aconteceu e peço desesperadamente por ajuda.

Ele apenas me olha por um tempo e então, depois do que me pareceu uma eternidade, ele diz:

- Eu pago tudo.

- Tudo?

- Sim, todo o tratamento da sua mãe, todos os remédios e até as contas de vocês até que ela esteja 100% para voltar a sustentá-los.

- E.. eu não sei como agradece...

Ele me corta com um movimento de mão, assim como fez com o motorista.

- Mas em troca você fica me devendo.

- Faço o que for preciso, mas não tenho como te pagar de volta.

- Não com dinheiro, com favores.

- Que tipo de favores?

- Quantos anos tem?

- 13, senhor.

Ele tira um celular do bolso e o coloca na minha mão.

- Sempre que esse telefone tocar você vai atender na hora e vai fazer o que eu te pedir, sem perguntas e sem hesitação. 

- Sim, o que for preciso.

- E se algum dia você pensar em me dizer não ou me desobedecer, a vida que EU estou devolvendo para a sua mãe, EU vou pegar de volta. Estamos entendidos?

Eu arregalo meus olhos e fico sem fala por um momento, mas rapidamente me recomponho pois não tenho escolha, esse é o único jeito de salvar a vida da minha mãe e eu prefiro viver o resto da minha vida pagando pela vida dela do que viver um dia sem ela.

- Estamos.

E foi nesse dia que eu achei um jeito de salvar a vida da minha mãe e entreguei a minha nas mãos do diabo.



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⏰ Última atualização: Mar 26, 2021 ⏰

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