J-Hope

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– Não quero fazer isso – disse ele, surpreendendo a ambos.

– Fazer o quê?

– Brigar com você. Discutir. Seja lá como você queira chamar.

Ela balançou a cabeça.

– Também não quero. Mas preciso lhe contar… preciso colocar isso para fora.

Cruzando os braços, ele se recostou no balcão da cozinha e esperou.

– Tudo bem.

Ela fechou os olhos, então falou de maneira apressada:

– Desculpe por ter sido desonesta com você sobre eu ser a Rosa Escarlate. No início eu não confiava em você… eu não confiava em ninguém. Tenho certeza de que você sabe que meus pais não ficariam felizes com o que estou fazendo, e não quero fazer nada para piorar a saúde do meu pai.

– Eu compreendo isso. – Ele compreendia mesmo. Fazia total sentido para ela seguir incógnita em seu emprego ousado. – Mas, uma vez que você e eu…

– Eu sei. – Ela passou uma das mãos pelos cabelos castanhos, que estavam soltos sobre os ombros esta noite, em vez de presos no rabo de cavalo de sempre. – Eu deveria ter lhe contado imediatamente. Em vez disso, eu entrei em pânico e afastei você.

– Sim. Devo dizer que me senti muito humilhado quando descobri. Eu devia ter reconhecido você.

– Eu sou uma artista. Eu sei interpretar outra pessoa.

– Sobre isso… Quando você começou nessa linha de trabalho?

– Tirar a roupa não é minha linha de trabalho. Dançar é. Eu dançava com as Liderettes até um ano atrás.

– Você era uma daquelas garotas que ficam dando chutes altos?

Ela olhou feio para ele.

– É mais difícil do que parece.

– Certo. É uma vida difícil dançar com quebra-nozes gigantes e o Papai Noel. – Ele levantou as mãos rapidamente. – Estou brincando. Você deve ter sido muito boa para conseguir se juntar a elas.

– Eu era – disse ela, com total confiança. – Mas fiquei entediada e fui para uma companhia de dança moderna em Manhattan. Então veio a lesão. Então veio o derrame de papai. Agora estou aqui.

O universo dela em uma casca de noz.

– E agora o quê? – indagou ele, sabendo que aquela era a resposta que ele realmente desejava. Para onde ela iria a partir dali? Em qual ponto ela o enxergava se encaixando naquilo tudo?

– Não sei. Neste momento, estou ganhando tempo, tentando descobrir o que quero. – Com o maxilar enrijecendo, ela prosseguiu: – Mas não é a confeitaria, não é a vizinhança. Não é a vida da Gisele… uma reprise da vida da minha mãe. E não é a vida de minha irmã Mia como uma advogada durona com toneladas de atividades e nenhuma felicidade.

– Eu compreendo – murmurou ele.

Fazendo um meneio positivo com a cabeça, ela falou:

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