Prólogo

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A lua brilhava pálida e obscura naquela noite em uma ilha qualquer próximo ao caribe. Fabrício caminhava pela calçada de mãos dadas com sua nova esposa, Luana, as ruas estavam lotadas de turistas como eles em direção ao centro do pequeno vilarejo. O som carismático da música local tomou conta dos dois, Luana sorria que nem uma criança.

- Aqui é perfeito! - ela dizia arrumando seu colar de flores tropicais sobre seu vestido branco.

- Sim, acredito que valeu a pena termos atrasado um ano esse casamento- ele apertou sua mão e atravessaram a faixa indo de encontro à festa.

Um enorme pátio carregado de luzes fluorescentes em volta cobriam a maior parte da festa, barracas de comida e de brinquedos ficavam nas laterais, no final do pátio um pequeno palco abrigava meia dúzia de jovens tocando uma música. Atrás dele se extendia uma pequena floresta e um porto.

Um grupo de crianças passou correndo por eles e esbarram na barriga de Luana - ela na hora passou seus braços protetores sobre seu ventre.

- Você está bem? - disse Fabrício alarmado.

- Sim... foi só uma batida, ele vai sobreviver - ela franziu a testa se achando boba em falar de seu filho tão esperado, dois meses exatos de gestação.

A festa corria bem, música boa e com muita animação, assim foi por quase duas horas...

Uma mulher saiu desesperadamente da floresta gritando - seu vestido estava ensopado de um líquido vermelho.

A músiica parou. Um clima estranho pairou e a nuca de Luana se arrepiou, tudo em volta não se movia, nem vento nem pessoa. O foco era aquela mulher de aparentemente quarenta anos de quatro no chão chorando.

Um homem que estava ao lado da mesa do casal olhou para os lados escuros da festa, ele pegou algo do bolço e saiu da festa correndo por uma viela, o instinto de Fabrício dizia para ele tirar sua mulher e filho dali o mais rápido possível. Uma voz cortou o silêncio - a mulher se sentou e olhava de um para outro atentamente.

- Corram! - ela chorava desesperadamente. - Me desculpem! Salvem seus filhos!! - O entendimento passou de mulher para mulher que correram para suas crianças.

- O que você quer dizer? - um rapaz de meia idade saiu de uma das mesas e foi até ela, pelas roupas Luana pode saber que ele era um turista assim como ela e seu marido.

- Minha família foi morta! Morta! - ela berrava - Aquelas coisas estão vindo para cá, não há tempo , fujam! - um murmúrio percorreu o pátio.

- Aquelas quem? - o rapaz insistiu.

- Lycans! - todos gritaram e começaram a correr , exeto os turistas.

- Me desculpe... fui infectada também... estou sentido as mudanças... - o rapaz parou o olhar no braço dela que borbulhava sangue.

Um uivo estrondoso pairou sobre a vila. Ouvia-se gritos de mulheres e crianças desesesperadas e algo mais... um som diferente e gutural.
Chega, pensou Fabrício, pegou no pulso da mulher e fez o mesmo caminho que viu um homem fazer para aquela viela, o que veio a seguir nem ele mesmo poderia descrever, bestas enormes e peludas invadiram o recinto e abriam corpos e objetos num show de sangue e fiapos de madeira.

Luana segurava sua barriga para se acalmar enquanto corria por entre as vielas, um homem magro e alto estava abaixado atrás de uma pilha de lixo - o mesmo que saiu da festa. Ele fez sinal para que não fizessem barulho e se abaixassem.

O homem segurava uma pequena adaga de prata próximo da cintura, ela devia ter não mais que 25 centímetros.

Ficaram ali por um tempo, até que o homem decidiu sair dali, eles correram e evitavam fazer barulho, estava na floreta indo para o porto caseiro dos nativos, um pequeno barco com motor pendia amarrado ali.

- Escutem, isso é jogo rápido - ele olhou para trás - pegar o barco e vazar.

Concordaram e assim fizeram, quando as feras apareceram eles estava à uma boa distancia, mas isso não impediu que dois pulassem na água e perseguissem nadando.

- Porra!

- O que eles são? - disse Luana não percebendo o próprio tom de desespero.

- Lycans, criaturas da noite, filhos de Lúcifer... o que quiser. Uma coisa eu garanto temos que ir mais rápido - os lycans estavam cobrindo a maior parte da distância já - Deve ser assim que eles vieram para cá -pensou alto o homem.

Luana foi para a outra extremidade do barco, suor frio emanava dela. Por fim eles chegaram, a vantagem era que eles estavam na água e eles ou nadavam ou tentavam pegá-los, um lobisomem se apoiou no casco fazendo o barco vacilar para bombordo, o homem com a adaga tentava furiosamente acertar o crânio da besta, ele conseguiu na sexta tentativa.

- Menos um, cadê o outro? - Fabrício sabia a resposta, pegou a adaga da mão do homem e se jogou para cima de sua esposa, aquilo era um distração, enquanto eles se preocupavam com um deles o outro passou por baixo do casco.

Luana gritou enquanto dentes caninos e super afiados rasgavam os tecidos de sua carne, sangue jorrava do seu braço esquerdo, na hora seu instinto só a deixou de pé antes da fera surgir pela ponta do barco levantando àgua para todos os lados, sua sorte é que seu marido já havia se adiantado e pulado cravando a adaga no olho do lobisomem que rugia enquanto afundava no mar.

- Luana? Luana! Fala comigo amor! - ele sacudia o corpo de sua mulher.

Luana estava quente, meio tonta - seu braço fervia como se óleo super aquecido tivesse tocado ali. Ela olhou fraca para seu marido e balbuciou:

- Estou bem...

- Acredito que não. - disse o homem.

- O que vai acontecer com ela? Quem é você? Pode nos ajudar?

- Sou Marcos, acredito que ela é um deles agora, e sim posso te ajudar.

- M-meu bebê...

O homem olhou surpreso para a barriga de Luana, ele suspirou passando para uma feição fria.

- Nem ele está a salvo.

O vento gélido bateu neles, a noite estava mais escura agora, Luana olhou para a lua prata e fosca e gritou, gritou de dor e desespero.

Lycan - A Besta entre nós.Onde histórias criam vida. Descubra agora