Início do Desastre

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No ano de 1965, uma menina nasceu em Blonde City, e sua mãe acabou sofrendo o que chamamos atualmente de psicose pós-parto, (uma doença muito rara, que aparece, geralmente 2 semanas após o parto, e deixa a mulher literalmente louca, agindo de forma maluca e psicótica, junto com dor e ansiedade, a doença não tem cura até hoje) mas na época essa doença era desconhecida, e não tinham ideia do que estava acontecendo, a mãe começou a se descontrolar, seu controle mental acabou, ela queria socar tudo o que via sem se importar com nada, sem ter como contê-la, depois de uma luta para proteger o bebê recém nascido, o marido e a parteira tentaram chamar ajuda, mas foi em vão, então os moradores da cidade acharam que ela estava possuída, e decidiram matá-la. E assim foi, dando uma facada em seu peito, ela morreu com uma cara de desespero no rosto e lágrimas amargas nos olhos. Félix nunca quis essa morte para ela, mas isso teve que ser feito. Ele se desculpa chorando para o corpo de sua amada, coloca sua filha para dormir e fala acariciando a filha:

- Ela é tão bela, sua pele macia e delicada, porém sua personalidade inabalável era como a sua, minha querida, eu sei que ela não vai se deixar ser vencida por um qualquer, mas sim por aquele que conquistar seu respeito, assim como foi com a gente - Félix olha para o corpo da esposa e se aproxima - Já sei o nome ideal para nossa filha, ela vai e vem, nunca sendo vencida por ninguém, ela vem e vai, sempre querendo vencer mais, e cada vez que ela volta, ela fica mais convencida de que vai ganhar, ela aquece seu coração e todos a sua volta, com uma brisa suave e um leve calor matinal - Félix seca as lágrimas de sua amada e fecha os olhos dela, para ter um bom descanso eterno. E então termina dizendo:

-Seu nome vai ser Aurora. Porque é o nosso amanhecer brilhante e caloroso.

Quando ele termina de falar, Aurora sorri e da uma leve risadinha dormindo, Félix sente vontade de chorar mas se contém. Ele carrega uma última vez sua esposa nos braços para enterrar o corpo, ele fala:

-Bom, acho que é uma despedida meu bem. Boa viagem e boa sorte, eu sei que você está numa situação melhor que a minha agora, eu prometo que nossa filha não vai ter o mesmo destino que você teve que ter. Descanse em paz, já que sua morte foi bem tumultuada né... poderiam pelo menos ter nos dado o direito de comprar um caixão mas tudo bem, sei que você vai dar um bom adubo minha linda, sei que vai nascer uma bela árvore aqui, basta esperar.

E assim passaram-se 15 anos, aonde estava enterrado o corpo de uma mulher que foi dita como possuída, hoje faz parte de um lindo limoeiro, que da frutos sempre que chega a estação. Limões cheinhos e amarelos, bem maduros, ótimos para uma limonada doce com um toque azedinho. Pois foi assim que aconteceu, a morte da mãe de Aurora foi azeda como um limão, porém foi com esses limões que hoje é feita a limonada que Aurora toma depois de um longo dia de brincadeiras e diversão. Félix não podia estar mais feliz e satisfeito da forma que contornou a situação.

Mas a felicidade logo foi embora quando Aurora tinha 16 anos. Ninguém sabia o motivo, mas um enorme buraco esverdeado começou a se abrir no céu, em cima de Blonde City, como se fosse um buraco negro, ele ia crescendo e ao mesmo tempo sugando tudo e todos ao seu redor. Quanto mais aumentava o tamanho, maior a pressão que tinha para ir tudo de uma vez pro buraco, as pessoas não conseguiam mais se segurar em nada próximo, e acabaram cedendo e desapareceram junto com as casas e postes de luz. Na confusão, Aurora estava se segurando em um poste, junto a seu pai, mas como seu pai ja tinha 56 anos, ele estava sem forças devido a pressão do ar que parecia um tornado junto com a areia das ruas que parecia uma tempestade de areia graças ao vento que o buraco estava causando, tudo isso dificulta muito de se segurar e respirar também, então ele disse:

-Aurora, tudo bem, você se esforçou muito nesses anos. Eu sei que faziam bullying com você na escola e te chamavam te cria de possuída entre outras coisas, mas saiba que não é nem um pouco verdade. Sua mãe sofria de uma doença, ela conseguiu dar a luz a uma filha tão linda e gentil como você, e depois pegar uma doença rara e complicada, que pessoas daqui obviamente não entenderiam, então porfavor, não se influencie, não se abale, não se emocione por coisas que não valem a pena, coisas inúteis que nunca irão ter valor nenhum, porfavor, continue sendo o nosso amanhecer brilhante e caloroso como sempre tem sido, obrigado por me devolver a vida quando minha amada morreu. Você é o amanhecer mais brilhante e caloroso de todos, aquele que indicou que minha teria um novo começo, e assim foi... agora eu não tenho mais forças.. - Félix em meio a ventania da um abraço em Aurora, e lhe fala em seu ouvido chorando suas últimas palavras:

-Para de chorar filha, agora eu vou ver sua mãe, a mulher de personalidade mais inabalavel que ja conheci... minha paixão eterna, ela me espera a tempos... mas ja estou chegando, Yara. - Ele fica de braços abertos esperando o buraco lhe puxar.

Desesperada, Aurora pega seu braço e grita melancolicamente:

-Não, pai espera! Porfavor!! Se tu for eu não vou ter mais ninguém pra conversar, rir, me divertir, porfavor! Sem você eu me sinto incompleta e com rachaduras em minha alma!!

O pai faz um sorriso e um olhar gentil e acolhedor, como se dissesse "nada que você disser vai me fazer mudar de ideia", mas o que ele disse foi diferente, o que saiu de sua boca foi:

-É duro filha, perder a pessoa que você mais ama assim do nada, você vai estranhar e querer ela de volta, como não pode vai distrair sua cabeça com coisas fúteis e insignificantes, mas que te atrai porque você quer esquecer disso, mas tudo bem, é normal, apenas viva, complete-se com pessoas que se identifiquem com você, e conserte as rachaduras com os momentos de alegria que essas pessoas irão lhe dar. Mesmo que não sejam verdadeiros, nunca deixe de tentar. Nunca se esqueça de quem você é, muito menos de quem quer ser... adeus, meu amanhecer brilhante e caloroso - O pai solta a mão da filha com o outro braço, assim sendo sugado pelo buraco.

Aurora fica paralisada. Ela fica de olhos arregalados se segurando e olhando para o chão, até que ela finalmente solta o poste e é puxada para o buraco. Enquanto ela estava no meio da ventânia indo para dentro, ela olha para baixo e vê que não sobrou nada de sua cidade natal. Seu olhar está vazio. Ela não consegue sentir nada além de frio enorme por causa do vento extremamente forte, e seu corpo está ressecado por causa da areia que estava a voar com a pressão do vento. Então, quase entrando, ela pensa olhando para o buraco esverdeado:

É, acho que foi uma boa vida. Não me arrependo de nada do que fiz, não matei ninguém, não incomodei ninguém, não fiz nada demais, acho que esse é meu único arrependimento... não ter feito nada demais a vida inteira, acho que se eu nascer de novo, vou tentar me destacar mais, tentar coisas novas, pra um desastre como esse não acontecer de novo... Vou fazer de tudo pra impedir que a pessoa que eu amo morra de novo, não quero nunca passar por isso, mas agora é tarde demais.

Ela fecha os olhos e pensa em seu pai e em todos os momentos bons que tiveram, até que ela vê uma luz cor verde esmeralda saindo de dentro do buraco, que a pega e leva para dentro. Ela fecha os olhos pois a luz fica mais forte, e então de repente o clarão se dissipa rapidamente, Aurora tira a mão dos olhos e vê que algo está muito estranho, ela olha ao redor e não ve nem os destroços da cidade, nem o buraco esverdeado no céu, nem nada disso, ela só fica de cara com uma linda natureza que está a sua frente, flores de diferentes cores, principalmente margaridas, eram todas lindas e bem cuidadas, a temperatura estava agradável, e ela não estava entendendo absolutamente nada, ela presumiu que estava no céu, mas ela estava achando estranho que o cheiro das flores a estava incomodando muito, começou a sentir muito mais o cheiro do pólen, que parecia muito mais forte, e ela nem estava entre as flores, também ouviu um barulho de água, mas não via nem sinal de uma cachoeira ou algo do tipo, até porque era uma planície então não fazia sentido, ela tentou se concentrar para ouvir o som e algo se mexeu em sua cabeça, ela acha que é um bicho e da fica assustada, passando a mão na cabeça rudemente para o bicho sair, mas ela percebe que é maior do que um inseto ou algo assim, então ela entra em pânico, da um grito e começa a correr pela planicie, até chegar na beira de um lago, que provavelmente era dali que vinha o barulho, e então ela olha o seu reflexo na água, e vê que ela está ruiva, seu cabelo está curto e em tom carmesim, e ela olha mais em cima da cabeça e vê uma coisa estranha, aquilo eram orelhas de leoa, só que estavam vermelhas por causa do cabelo, e o interior da orelha estava rosa, ela nota que sua pele está alaranjada e tem bigodes em suas bochechas. Aonde o buraco esverdeado levou Aurora afinal?

Rainha da NaturezaOnde histórias criam vida. Descubra agora