The Eyes Never Lie

Obcecado

Ele estava obcecado.

Foi no fatídico dia em que ao passar pelo centro de Asgard e se deparar com uma cena peculiar envolvendo você enfrentando dois caras com o dobro do seu tamanho que estavam enganando e trapaceando parte de uma peble ingênua, que aliás estavam a mando dele, o Deus sentiu que conseguiria escapar um pouco do tédio das regras que era obrigado a seguir.

Se desvencilhando ágil e ladino de Thor e da Rainha Frigga, ele se aproximou da situação para assistir de perto.

— Eu já disse uma vez. Não me faça repetir. — Sua voz era firme, certeira e até mesmo arrogante. Isso não era problema nenhum para Loki, que gostou.

— Como é que é? — Disse bruto o homem com os cabelos ruivos com um ar de desdém.

— E você vai fazer o quê se não devolvermos as jóias? — Disse zombando, o outro homem de cabelos pretos e cicatriz no rosto, cutucando o parceiro. O homem ruivo mostrou uma espada robusta. E o outro estalou os dedos das mãos.

Haviam caixas atrás dos homens e alguns sacos que provavelmente estavam com as jóias de pessoas que tolamente caíram no golpe dos dois. Você respirou fundo e observou ao redor. Só haviam algumas pessoas transitando pelo ambiente.

— Rapazes, acho que começamos com o pé esquerdo... — Os homens acharam que tinham amedrontado você e se cresceram, mas então...

— Permitam me apresentar meu pé direito! — Num golpe fazendo a mesa improvisada deles virarem violentamente e caindo sobre eles, você não aguardou a reação dos brutamontes e com um simples movimento das mãos as jóias que estavam expostas sumiram. Os homens partiram para cima de você gritando e cuspindo como dois animais enfurecidos e você com um movimento de pulso os fez ficar no ar tentando sair do seu controle. Loki deixou um riso escapar dos lábios finos e os tampou com a mão.

— Nos solte daqui sua vadia! — Eles começaram a xingar e gritar mais alto, como se isso fosse possível. Você tapou um dos ouvidos com uma das mãos e com a outra fez um gesto para que abaixassem o volume.

— Pelos Deuses, como vocês são barulhentos. — Você disse respirando fundo.

— Escute mulher, quando sairmos daqui voc-... — Você levantou a palma da mão fazendo o homem se calar.

— Devolvam as jóias e eu não exponho vocês aos guardas e nem ridicularizo vocês para o reino todo. — Você colocou as mãos na cintura. Os homens se olharam e desgostosos concordaram.

— Tudo bem, mas nos tirem daqui! — Você se aproximou e puxou um fio de cabelo de cada um. — Ai! Que porra?! — Eles reclamaram.

— Isso será o suficiente para rastrea-los caso não cumpram o prometido. — Você sorriu maldosa. Estalou os dedos e uma sacola apareceu em suas mãos com as jóias que você havia feito sumir. — Entreguem aos seus respectivos donos e não se fala mais nisso. — Com o movimento da mão os homens caíram. Você colocou sua capa e deu as costas. O ruivo lentamente foi sacando uma adaga e Loki se deixou ser percebido por ele, que ao ver a expressão negativa do Deus, colocou a adaga na bainha.

Você foi embora e fez a sua rotina matinal. Sentia que estava sendo observada, mas achou que fosse paranóia sua. Chegou até uma singela loja de flores e ervas e comprou as suas preferidas. Iria deixar sua pequena casa perfumada com as flores e com um banho de ervas você ficaria também. Seguiu seu caminho para casa e por um momento a sensação parou. Enfeitou sua casa com as belas flores e foi preparar seu banho. A água esquentava lentamente na banheira e a infusão já deixava um delicioso aroma no ar.