Capítulo I

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James' P.O.V.

   Imagina acordar no meio da noite na primeira semana de férias — que estava caindo a maior tempestade — com alguém batendo na sua porta? Porque foi exatamente isso que acabou de me acontecer.

   Tô quase chegando à porta quando a ouço as batidas mais uma vez, mais urgentes agora. Parece que eu conheço essas batidas de algum lugar, têm um ritmo diferente... Mas quem em sã consciência viria bater aqui às três da manhã com essa chuva???

   Abro a porta e vejo ninguém mais, ninguém menos que o meu melhor amigo há seis anos, Sirius Black. Ele estava com uma mochila bem cheia que parecia pesada no seu ombro, o malão que costumava levar pra Hogwarts ao seu lado e sua moto encostada na frente da casa, em uma tentativa falha de não molhar.

   — James! Que bom que você atendeu logo! Tem alguma coisa para cobrir minha moto??? Eu sei que aqui ninguém vai roubar nem nada mas não pode molhar demais — é sério que essa é a coisa mais urgente pra ele depois de aparecer no meio da noite na minha casa no meio da tempestade? Ok, é o Sirius, até que faz sentido.

   Entrei pra pegar alguma cobertura de plástico ou qualquer coisa que pudesse proteger a moto e deixei a porta aberta para ele entrar. Não que ele precise de convite, ele vem aqui desde o primeiro ano e meus pais sempre dizem "apareça sempre que quiser". Ele leva esse convite ao pé da letra, tá o tempo inteiro das férias aqui, mas nunca apareceu no meio da noite e com a expressão de cansaço e tristeza que ele tá... é diferente das brigas de sempre com a família dele, geralmente a expressão é de raiva. Não sei o que aconteceu.

   Cobri sua moto — tomando muito cuidado ou Sirius ia brigar muito comigo depois — e voltei pra dentro. Agora que o amor da sua vida — sim, ainda estou falando da moto — estava protegida, toda a tristeza, o cansaço e o desespero transpareciam completamente no seu rosto. Ele estava completamente encharcado, me esperando em pé do lado da porta, como se mesmo depois de tantas vezes aqui não soubesse o que fazer. Eu senti que a raiva me enchia ao perceber que aquilo tinha novamente a ver com a família dele, mas eu tinha que deixá-lo calmo, então não podia mostrar todo o meu ódio à Walburga e Orion Black.

   — Antes de tudo, vá tomar um banho quente no meu banheiro. Eu levo o malão pra cima e separo seu pijama.

   Ele subiu direto pro meu quarto e eu fui atrás, já deixando o pijama separado, como prometido. Voltei a descer para preparar algo quente para bebermos enquanto conversamos. Nada melhor que chocolate quente para desabafar em uma noite como essa, principalmente depois de pegar chuva.

   A bebida já tá pronta e ele finalmente desceu as escadas, me encontrando no sofá. Ele está com os cabelos molhados, o seu pijama e um casaco de moletom. Pelo menos parece um pouco mais calmo agora e percebo ele fungando um pouco para inalar o cheiro da bebida enquanto sorri um pouco.

   Ele olha pra mim e para a caneca em minha mão, e depois pra mim de novo, parecendo uma criancinha feliz com algo tão simples. Ofereço a caneca e ele vem até mim, sentando ao meu lado e tomando um grande gole da bebida de uma vez. Põe a mão no peito como se tudo por dentro tivesse queimado e me olha com indignação.

   — Tá quente! Por que você não me avisou que tava quente?

   — Bem, é chocolate quente! É claro que tá quente! Essa é a proposta, sabe. Tava até saindo fumaça, seu doido!

   De repente ele começou a olhar com uma expressão de tristeza para a caneca já meio vazia, como se aquilo fosse mais interessante e mais fácil do que olhar pra mim.

   — Obrigado, Prongs. Por, você sabe, por me atender no meio da noite e me deixar ficar aqui hoje... eu sei que você tem treino de quadribol amanhã de manhã. Você me falou que seus pais iam te botar em um tipo de clube nas férias.

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⏰ Última atualização: Jun 17, 2021 ⏰

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