Finitus (n.): a "infinitude" das coisas finitas.
Lisa's Pov
Certa vez ouvi de uma sábia mulher que, por coincidência, ou não, era minha avó, a seguinte sentença: "com tempo e amor tudo se cura". Naquele momento, quando meu coração estava inacreditavelmente destruído, aquilo me soou muito mais como um cliché que vinha sendo repetido ao longo dos anos, para servir de consolo àqueles que passavam por momentos difíceis na vida, do que como uma verdade que me salvaria da mais profunda das minhas dores.
Afinal, como aquela dor poderia sair de dentro de mim, quando ela parecia ser tudo o que me fazia existir? Eu sabia que o fator tempo era independente de qualquer vontade ou de qualquer ação, alheio até mesmo a mim, dona daquele caos, entretanto, o que me preocupava nessa equação proposta pela velha senhora de pele enrugada e mãos finas, era o fator amor, pois este, ao contrário do seu parceiro, dependia cem por cento de uma vontade, de uma vontade alheia à minha, eu achava; de uma vontade que jamais me daria o amor para alcançar a cura que eu tão desesperadamente precisava alcançar. O amor materno.
A maior surpresa para mim, entre todas as que aconteceram depois daquela frase ter sido introduzida à minha vida naquela tarde de domingo após um almoço com minha avó em sua casa verde e branca no subúrbio de Boston, foi que...ela estava certa. Sim, minha avó estava certa! Com tempo e amor, toda dor sucumbe à cura.
Essa foi uma verdade absolutamente nova que me fora introduzida e, em enormíssima medida, para mim, que sempre fora absolutamente entregue à sensibilidade exacerbada e à uma percepção sempre muito exaltada das coisas ao meu redor, descobrir aquilo era exultante.
Entretanto, absolutamente nada tomou-me por tamanho impacto e tamanha euforia quanto a descoberta que fiz de que o amor da equação, aquele com poderes mágicos de cura, não era o amor que vinha de alguém para mim, pelo contrário, o amor de propriedades divinas era aquele que somente eu podia dar a mim mesma. O caminho até esta descoberta não havia sido fácil e ao percorrê-lo, descobri que o tempo, essa grandeza física de impossível conceituação, tem maneiras peculiares e bastante particulares de nos moldar através dos caminhos que escolhemos seguir durante nossa caminhada pela vida.
O meu ponto de transformação havia sido doloroso, mas necessário para que a minha experiência enquanto ser humano tomasse o rumo certo. Como se eu fosse um trem a 500 quilômetros por hora, seguindo por trilhos às vezes apertados ou largos demais, até que o tempo das coisas desviou-me de supetão para o trilho certo, onde encaixava-me perfeitamente e poderia experimentar a vida e todas as suas lições da maneira correta. Todavia, essa mudança brusca de trilhos deixou-me em desequilíbrio por um tempo, até que tudo se encaixasse e eu pudesse continuar em frente.
E foi nesse exato momento de desequilíbrio em que eu descobri uma das lições mais importantes sobre o meu processo pessoal de evolução: aceitação, questionamento, ação. Eu descobri que precisava aceitar quem eu era e a partir disto, determinar o que era bom para mim ou não para e, então, agir.
Eu era lésbica. Eu gostava do corpo feminino e me identificava emocionalmente com mulheres. Não homens. E eu estava construindo uma família com uma mulher. Eu precisava aceitar isso. E eu aceitei. Então me perguntei se aquilo fazia de mim uma pessoa boa ou uma pessoa ruim e neste exato momento eu descobri que este fato, este fato pequenino, no meu íntimo, dentro da minha esfera de amor fazia de mim uma pessoa. Ponto. Nem boa, nem ruim, apenas...uma pessoa. A mágica do amor próprio se deu na ação, quando decidi que eu não seria nada além daquilo que eu era de verdade. E na ação, eu me libertei.
Ao longo dos anos, as experiências positivas e negativas sobre mim mesma passaram por este crivo de aceitação, questionamento, ação; de forma que o que era bom permanecia e o que era mal, eu tratava de colocar para fora de mim. Afinal, não mudamos nem permanecemos aquilo que não reconhecemos ser e quando aprendi a ser, aprendi a amar a mim mesma de uma maneira que estava fora do meu alcance.
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Wonderfall - Jenlisa Version
Fiksi Penggemar(CONCLUÍDA)"Se a reta é o caminho mais curto entre dois pontos, a curva é o que faz o concreto buscar o infinito." Os amores impossíveis são o caminho mais curto para alcançar o infinito e elas sabiam disso. Jennie queria alcançar o infinito. Lisa q...