Clocks

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Thomas olhou impacientemente para o seu relógio – um Patek Philippe bem estimado que havia herdado do seu avô. Este ansiava pelo regresso à normalidade. Não que a circunstância em que se encontrasse fosse anormal, apenas não correspondia ao panorama ao qual estava habituado.

A Grand Central Station era deveras uma mudança radical para um rapaz acanhado, diariamente rodeado de solidão, mas não aquela que o fizesse triste. Ele apreciava a sua própria companhia.

Thomas queria sair daquele sítio rapidamente. Transeuntes apressados percorriam a estação, de um lado para outro, atrelados às suas bagagens. Emanavam stress e ansiedade, algo que agravava a impaciência, naquele momento, crescente em Thomas. Sentia-se desnorteado, já não sabia a razão que o fazia esperar naquele lugar. Havia perdido toda a noção de espaço e de realidade que nele restava. Apenas boiava nos seus pensamentos, focava na sua respiração – pesada e ofegante, soava profundamente na sua cabeça.

Subitamente, qualquer equívoco, dúvida ou indecisão guardada na sua consciência, desvaneceram com um rosto. Apoderou-se da sua mente e fê-lo lembrar o porquê de estar ali.

Ella

Afinal, a sua presença ainda o presenteava com borboletas que julgava extintas. Admirou os seus sedosos e compridos cachos castanhos, os seus olhos cor de jade e a sua tez pálida que se tingía de rosa ao encontrar quem mais amava. A vontade de a envolver nos seus braços aumentava e, de uma vez por todas, foi capaz de se mexer do sítio onde esteve estático durante o último quarto de hora. 

A adrenalina apropriava-se do seu corpo e, então, Thomas correu em direção a Ella, acabando num ternurento enlace repleto de saudade e afeto. 

Havia voltado ao sítio a que sempre pertenceu.

Havia voltado ao sítio a que sempre pertenceu

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– 04.04.21

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