❝And I'd give up forever to touch you
'Cause I know that you feel me somehow You're the closest to heaven that I'll ever be
And I don't want to go home right now❞
♬ Iris, Goo Goo Dolls༺❀༻
Delicada, graciosa e liberta. Era assim que Iris era, para além da sua grande altura, elegância e da sua estrutura facial, que parecia ter sido esculpida pelos deuses.
Fazia-me querer respirar o mesmo ar que ela, envolver-me na sua aura. Abandonar as minhas inquietações e viajar para o seu abraço, pois a sua presença parecia ser o mais confortável dos sítios.
Sempre com a cabeça na lua. Não prestava atenção ao que se encontrava diante dela. Distante do mundo que a alberga, talvez este outro que havia criado fosse mais agradável.
Reparava na minha observação e, logo, a minha consciência embebeu-se em vergonha. Desloquei a minha visão para baixo e revelei um pequeno sorriso. Olhei novamente para ela e, desta vez, Iris mostrava um brilhante sorriso.
Foi o que nos uniu.
Sempre me havia sentido difícil de amar, contudo as doces palavras que saíam da sua boca acabavam por me mostrar o contrário. Tinha de ser mais ágil comigo, tratar-me e compreender-me como o fazia com ela e Iris comigo.
Sábios eram os seus ensinamentos, mesmo que não estivesse ciente de tal ato. Com Iris, aprendi a dar valor às mais pequenas coisas e àquilo que anteriormente julgava insignificante. Percebi também que o tempo que passamos neste mundo é limitado e que não posso tomar como garantida a minha vida, que tenho de a usufruir o melhor que consigo.
A seu lado, todo o tempo era bem gasto e nenhum desperdiçado. Das coisas mais banais, Iris fazia uma epopeia e, ao mais extraordinário, agradecia mas não criava expetativas. Se voltasse a surgir, alagava de felicidade, caso contrário, contentava-se com o que já havia conquistado. Para ela, não havia razão para desânimo. O equilíbrio era a chave.
O que mais importância ganhou para mim, desde que esta jornada começou, foi a compreensão. Nunca me havia sentido entendido pelos outros. Só eu conhecia a minha verdadeira essência. Porém, Iris passou a ser a exceção. Percebia os mais profundos dos meu desentendimentos, os mistérios guardados em túmulos e até as dúvidas cuja resposta eu ainda não tinha descoberto.
Amava-me assim. Continua a amar-me. Com todas as impurezas, defeitos e inseguranças. Ama-me.
E eu amo-a também.
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– 23.04.21
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Contos e Recontos
Short StoryTextos aleatórios, frutos do meu puro aborrecimento, do auge da minha criatividade e inspiração, do desabafo da minha mente. É meramente o que me vai na alma.