16 || esfarrapada

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Queria passar à frente.  Sabia que havia outros envelopes à espera para serem entregues e os dedos de Adrien doíam para entregá-los. Sabia que tinha que ler o diário dela e esperar pacientemente para tropeçar em outra carta, mas parecia impossível agora.

Queria ler tudo no dia. Deixar a tristeza e a escuridão o engolirem por inteiro enquanto ele submerge nela.

Adrien limitou-se a apenas algumas entradas por dia por esse motivo. O diário o dilacerou. Isso deixou o seu peito numa confusão dorida e esfarrapada e seus olhos queimavam com lágrimas indesejadas. Houve momentos em que ele desejou que ela não lhe desse aquela coisa terrível, mas linda.

Tudo o que fez foi lembrá-lo de que ela realmente se foi.

Querida Ladybug,

Eu não tenho sido eu mesma ultimamente. Eu só me quero deitar na cama e chorar. Estou a morrer e não há remédio ou cura que me possa fazer melhorar. Eu não fui para a escola. Os meus pais tratam-me como se eu fosse feita de vidro. E eu estou a morrer.

Alya parou para entregar os meus traabalhos de casa. Eu contei-lhe assim que ela entrou no meu quarto. Ela foi a primeira pessoa a quem contei sobre a minha doença e foi bom contar a ela. Senti como se estivesse a guardar um segredo obscuro. Disse à minha melhor amiga que estava a morrer. As palavras deixaram os meus lábios tão rápido que pensei que ela não as tinha ouvido.

Ela caiu no chão. Choramos juntas e nos abraçamos porque não tínhamos certeza do que mais fazer.

Basicamente, ela aceitou tão bem quanto uma adolescente cuja melhor amiga está a morrer.


Sempre,

Marinette.


Adrien olhou para a letra dela tentando juntar uma linha do tempo. Era a única coisa que o mantinha são. Tudo o que ele precisava fazer era concentrar-se em Marinette. As coisas seriam melhores se ela estivesse aqui com ele. Este diário era a coisa mais próxima que ele iria conseguir.

O diário nunca poderia ser ela. Era apenas uma questão de tempo antes que finalmente se acomodasse em seu peito. Marinette realmente se foi e nada poderia trazê-la de volta.

Querida Ladybug,

A Alya levou-me a um concerto ao ar livre de uma das bandas que ela gosta. Eu sei que ela está a tentar distrair-me do que se está a passar. Eu sei que ela está apenas a tentar passar mais tempo comigo.

O sol estava quente e beijou suavemente a minha pele e a música estava tão alta que entrava no meu peito. Eu senti-me viva. Eu só quero estar viva.

Passei o tempo todo a pensar no futuro. Como eu queria crescer com quem eu amava. Como eu queria ter minha própria família. Como eu queria amar Adrien.

Oh Deus. Como vou contar ao Adrien? 

Sempre,

Marinette.


Sempre, Marinette - adrienette auOnde histórias criam vida. Descubra agora