Dia 2

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Um lugar querido:

Me veio à cabeça que talvez não fosse para eu escrever sobre minhas próprias experiências, e sim sobre a experiência de algum personagem fictício que eu criaria. Mas então me veio à cabeça: O que me impede de ser minha própria personagem?

Enfim, aqui vos apresento uma narração de um lugar querido.
O lugar que vou lhes descrever fica numa cidadezinha do interior do Pará chamada Mocajuba. Mas esse lugar não é na cidade. É no interior dessa pequena cidade.

Esse lugar é um sítio familiar, ponto de encontro e de recordação da família. Um lugar mágico e acolhedor para todos que vão lá, com majestosas árvores e os sons de pássaros a piar. A entrada desse sítio fica no meio da estrada, numa ruela de terra quase imperceptível em meio à mata ao redor.

Ao entrar nesse estreito caminho de terra, ficamos cercados com árvores grandes e majestosas e outras plantas rasteiras, que completam o espaço entre as árvores.

À pouco tempo, quando passávamos por certa parte desse caminho, podíamos nos deslumbrar com as árvores que formavam um arco acima de nossas cabeças quando juntavam suas copas. Era uma visão bela e plena. Porém, recentemente cortaram essas árvores, pois precisavam de espaço para os postes que iriam levar a energia elétrica ao longínquo sítio.

Quanto está perto de chegar, encontramos uma encruzilhada. De lá podemos seguir dois caminhos; O do sítio de Manoel, ou do sítio vizinho. O que nós estamos descrevendo agora é o de Manoel, então entramos na estrada da esquerda, onde as árvores já são mais abertas e miúdas.

Não demora muito, encontramos um portão de madeira, trancado com um pesado cadeado. Somente quem é da família tem a chave para entrarmos no terreno.

Ao entrarmos, passamos de novo por um pouco de mata, onde antigamente era um pimental de pimenta-do-reino, pertencente ao falecido Manoel. Mas logo chegamos aos diversos pomares que existem dentro daquela área. Vemos laranjeiras, cupuzeiros, açaizeiros, limoeiros, cacaueiros entre outras frutas.

Quando o caminho se abre, podemos ver várias roseiras, capricho que Dona Dorila, viúva de Manoel, gosta tanto. Por trás dessas roseiras, um campo de futebol espaçoso, com traves e marcação. Bancos e arquibancada podem ser vistos na lateral e aos fundos do campo do lado esquerdo. Do outro lado da estrada, uma casa Branca com um pátio espaçoso. Nesse pátio vemos os punhos onde a família coloca as preguiçosas redes para deitar. Atrás da casa, outro pequeno campo de futebol e um poço com caixa d'água, fonte hidráulica do sítio. Andamos mais à frente e vemos depois da casa, um pouco mais atrás, um pequeno espaço sem paredes, onde tem a churrasqueira em que a comida é feita, junto à uma mesa e duas cadeiras já gastas pelo tempo. Ao lado dessa casa, um outro campo de futebol, já rodeado de árvores e com a grama crescida pela falta de uso.

Depois dessa pequena área aberta rodeada de robustas árvores, a mata se fecha novamente por um pequeno trecho, onde a mata já não é tão fechada para logo depois se abrir novamente, revelando um espaço semi-circular envolto de árvores. Nesse espaço, se destaca uma grande mangueira e, logo atrás dela vemos uma velha casa, agora reformada, onde antigamente abrigava toda a família quando era época de colher pimenta. A casa é suspensa do chão uns poucos centímetros e toda feita de madeira. Um banco pode ser visto ali pela frente da casa também.

Olhando para a frente, vemos que o caminho chega ao fim, vendo somente a floresta e um pequeno barraco onde à tempos ficavam os trabalhadores do pimental. Hoje, a velha casa é esquecida já que além da casa Branca ser mais confortável, só vão para esse sítio a procura de lazer.

Ao lado da casal portanto, descobre-se um novo caminho.

Ao entrar nesse caminho passamos pela casa e vemos seus fundos, onde ainda jaz um velho fogão de barro e um enferrujado moedor de pimenta. Do outro lado, vemos uma enorme depressão na terra, antes oculta pelo mato. Os mais velhos da família, que cresceram por lá, encontram a nostalgia de infância ao olhar tal lugar.
Seguindo a trilha do lado da casa ainda, vemos uma pequena casinha velha e abandonada, feita de madeira e com somente um buraco dentro dela. Só tem espaço para uma pessoa, mas ninguém entra lá pelo mal-cheiro que de lá exala. Essa construção, também conhecida como casinha, era o banheiro.

Ao passar dessa parte, as árvores novamente se fecham acima de nós, criando uma atmosfera agradável enquanto passamos pela trilha de terra sem desvios. Ao chegar no final da trilha, vemos o destino final.

Um límpido igarapé de águas transparentes e geladas, com areia branca e pequenos peixes a nadar pode ser visto um nível abaixo. Para chegar até lá, foi construída uma escada e uma ponte improvisadas, onde todos passam para chegar até o igarapé.

E assim findamos o tour pelo sítio do falecido Manoel, chamado de "Centro" pelos familiares, já que lá é o centro de encontro da família.

É um sítio querido, cheio de memórias e histórias para contar e viver.

Isabelle Marie, 30/03_31/03/21

Desafio 30 Dias de EscritaOnde histórias criam vida. Descubra agora