Dia 3 - Um momento de coragem
Como posso falar, eu não sou uma pessoa corajosa, na verdade acho que é meio difícil ser menos corajosa que eu, então eu não tenho experiências pessoais nesse quesito, Mas, imaginemos uma cena assim: Letícia é uma linda moça que passeava pela cidade tranquilamente. Porém, em certo ponto do caminho, ela percebeu uma sombra suspeita a seguindo. Eram 7 da noite. Por azar, ela estava em uma rua longa e vazia. "Por que diabos não têm pessoas andando por aqui hoje?" - pensou Letícia. "Ainda é cedo. Deveria ter pessoas passando por aqui ainda!".
Ela olhou de canto para a sombra. Ainda estava ali, andando perigosamente perto.
Letícia sentiu o medo consumi-la aos poucos. Queria correr. Queria gritar. Queria que alguém aparecesse ali, qualquer um. Queria que esse cara não estivesse a seguindo. Queria que ele não parecesse intimidadoramente alto e forte. Queria que fosse um velhinho simpático que lhe daria oi e seguisse seu caminho de volta para casa com um saco de pães.
Mas nada disso era real. Ela era uma jovem andando à noite por uma rua deserta, exceto que havia um homem assustador a seguindo.
Suas mãos tremiam e ela queria que não estivesse tão longe de seu destino.
Ela começou a pensar no que ele queria com ela. Queria flertar? Improvável. Assaltá-la? Talvez. Sequestrar ela? Só se for para abusar dela e depois matá-la e jogá-la num rio.
Olhou para as suas roupas. Vestia uma calça jeans e um moletom, com cabelos presos num coque e sapatilhas. Não estava de maquiagem. Não tinha acessórios. Não pintara as unhas. Estava voltando da faculdade. Consigo só tinha cansaço e uma mochila cheia de deveres.
E é claro, seu celular e dinheiro.
"Deus, o que vai ser de mim?" - ela pensou, com lágrimas de medo querendo surgir.
O homem apertou o passo. Ela se assustou. Com isso, apertou o passo também.
Até que o homem começou a correr. Chegava assustadoramente perto. Ela se virou e viu um homem de meia-idade correndo atrás dela, e não parecia que ele estava querendo devolver o lápis dela que havia caído da bolsa.
Numa onda súbita de adrenalina, ela respirou fundo e jogou a mochila, pesada de tantos livros na cara dele e correu. Correu como nunca.
Infelizmente, não foi seu dia de sorte. Logo sentiu mãos brutas a puxarem para trás. Sua mochila jazia no chão. O homem a empurrou contra a parede. Sua expressão a trazia repúdio. Tudo nele a trazia medo e nojo.
"O que foi menininha? Está com medo?" - ele falou um um sorriso safado nos lábios.
Ela estava apavorada. Por um momento pensou em desistir e aceitar que iria ser estuprada ali, e talvez morta.
Mas, seu interior a disse "hoje não".
Ela juntou toda a coragem que tinha e fitou o repugnante nos olhos.
"Medo de você, seu escroto nojento? MUITO!" - ela gritou e cuspiu na cara dele, o que por sorte fez ele largar ela com a surpresa.
Ela não perdeu tempo. Saiu gritando pela rua por ajuda, correndo. Sua visão periférica a disse que o homem já estava correndo atrás dela, e não estava feliz.
E então ela viu que chegara ao fim da rua. Dobrou na esquina, chegando numa rua mais movimentada, e melhor, com casas.
Continuou a gritar. Viu uma mulher entrando em casa com seu filho. Era a sua chance.
"Senhora! Pelo amor de Deus senhora, me deixa entrar, por favor, tem um homem atrás de mim, por favor, por favor, me deixe entrar só por uns minutos!"
A mulher a olhou com surpresa e desconfiança.
"Onde já se viu menina?! Não vou deixar uma desconhecida entrar em casa!"
Ela viu no rosto da mulher que não adiantava. Olhou ao redor. Por sorte essa rua era movimentada, mas ainda não se sentia segura.
Nos seus bolsos só seu celular descarregado e 2 reais.
Sentiu suas forças quererem falhar, mas respirou fundo e voltou a correr, forçando seu organismo a manter a adrenalina.
E então, finalmente, um milagre.
Um hospital. Na encruzilhada das ruas, um hospital.
Correu até lá, onde falou o acontecido para uma enfermeira. Esta, pediu a calma da menina, afirmando que estava segura. Pediu para ela sentar em um canto dali, que iria chamar a polícia para ela prestar queixa e para levarem ela para casa.
Nessa história, Letícia se salvou.
Mas em muitas outras, as mulheres, jovens, meninas e crianças não conseguem se safar, ou sequer sair vivas. Se bem que algumas dizem que era melhor ter morrido depois do que lhes aconteceu.
Lembrem-se: Nunca é culpa da vítima. Nunca é culpa das roupas. Nunca é culpa da cor.
Isabelle Marie, 18/04/2021
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Desafio 30 Dias de Escrita
Kısa HikayeOlá, meu nome é Isabelle e vou tentar um deafio de escrita que achei no Pinterest. Como gosto bastante de escrever, decidi fazer e por que não postar no Wattpad? Tomara que gostem ^