O Caso de Joseph Stuart

Fevereiro de 2001

FEVEREIRO DE 2001

Seu pai morreu.

    Foi com essa notícia que o suposto dia mais feliz de minha vida começou. Meu casamento seria dali a poucas horas, e meu mundo havia desabado. Eu estava órfã, totalmente órfã, mas sabia que não era verdade, ou era?

    Seria muita coincidência Joseph Stuart ter morrido justamente no dia de meu casamento. Deixe-me explicar: Joseph, mais conhecido como meu pai, era um bem-sucedido, se não o mais, médico e empresário da cidade de Woodstock, em Oxfordshire. Pode-se dizer que era um homem “querido” entre as mulheres, se é que me entende. Ele tinha dinheiro! Pai viúvo de quatro filhos, sabia que todos conheciam seus princípios; era um típico cidadão britânico e gostava de seguir suas regras e planejamentos. Para Joseph não importava quem era o seu primogênito, mas, sim, qual de seus filhos se casaria primeiro – quem se casasse primeiro seria seu herdeiro direto. Simples? Não se engane, as coisas nunca foram tão fáceis assim.

    Isso quer dizer que: Não podíamos namorar até termos dezoito anos completos, as namoradas ou namorados eram escolhidos por ele, e por aí vai... Manias de Joseph! Mas comigo elas nunca deram muito certo. Eu era a filha mais nova e posso dizer que sua preferida, mas tinha meus motivos. Sarah, minha irmã do meio, era muito bonita, tinha uma beleza chamativa, adorava ser o centro das atenções e conseguia deixar meu pai de cabelos em pés, mas podia ser considerada inofensiva, quer dizer, quase sempre. John, o filho mais velho – nossa dor de cabeça – era, digamos, uma pessoa problemática; não gostava de regras, na verdade, nem sabia para que serviam e já havia tentado se casar uma vezes. Tentativa frustrada. Não posso me esquecer de Derek, meu querido irmão gêmeo; ele era especial, não por ser portador da Síndrome de Asperger, mas porque ele realmente era especial, era a pessoa mais doce que eu conheci e da qual me orgulho imensamente.

    Mas, enfim, deixe-me falar da inesperada morte de meu pai. Ele estava perfeitamente bem ontem quando nos mandou subir para o quarto; por isso, era um pouco difícil de acreditar que Joseph havia morrido de sua tão temida diabetes, que a princípio se mantinha estável havia dois anos. Convenhamos, eu sabia que estavam me escondendo alguma coisa.

    Voltando ao assunto Joseph e sua herança, o que aconteceria se ele morresse antes que um de seus filhos se casasse? Ótima pergunta! Tenho três possíveis respostas: Número um, a herança iria direto para o filho mais velho, no caso, John. Número dois, todo o dinheiro iria para nossa tia que era também sócia dos negócios de papai. Número três, iria tudo para o governo se ele não tivesse um testamento. Um testamento, essa era a questão; não sabíamos se papai tinha um testamento; então duas pessoas possivelmente desejariam sua morte em potencial, mas esqueçamos isso, afinal Joseph morreu de diabetes, o que me era muito estranho.