O Caso de Joseph Stuart

Fevereiro de 2001 - continuação do primeiro capítulo

[...]

      Entrei aos prantos, não consegui me controlar; meu choro era alto e desesperado. Derek estava ao meu lado; eu o segurava tão forte que poderia tê-lo sufocado. Mesmo com toda a sua tristeza, ele tentava me consolar de sua forma. Sarah veio correndo ao ver que eu já havia acordado, ajoelhou-se aos meus pés e, deixando sua aparência de lado, afogou-se em lágrimas. Estava perdida. Perguntei a ela sobre papai e se havia escutado algo durante a noite, algum grito ou barulho. Nada. Alguns minutos depois, John entrou em meu quarto, rosto inchado e ombros baixos. Nunca o tinha visto assim. “Papai realmente morreu”, pensei, “e John era só uma vítima, uma vítima como nós”.

[...]

    Então, meu casamento tinha ido por água abaixo, mas isso não me importava. Alex, meu noivo, assim que soube, foi ao hospital para mexer nas papeladas do enterro. Nenhum de nós tinha condições para isso. Nossa tia não estava na cidade, o que me levava a acreditar cada vez mais que papai havia morrido realmente de diabetes. Mas tudo aconteceu tão rápido, tão inesperado! Não podia acreditar, eu não queria acreditar.

    Não vimos nosso pai, nem mesmo Alex, que tratou de tudo. No enterro dele se encontravam ao menos cinquenta parentes e amigos, sem contar os inconvenientes jornalistas, que certamente não se importavam com nossa dor e nossos sentimentos.

    Chegamos a casa, e nossas vidas já não eram mais as mesmas. Apesar de Joseph ter sido considerado um cara sério e por vezes mal-humorado, ele era totalmente diferente em família. Joseph era alegre e contagiante, Joseph era... nosso pai! Abrimos a porta da frente, e Adelita, nossa empregada, veio correndo ao nosso encontro. Ela vinha com más notícias. Já não nos bastava a morte repentina de nosso pai, tínhamos de nos deparar com o fato de que o cofre central de nossa casa havia sido roubado. 

  Agora eu sabia que definitivamente papai não tinha morrido de diabetes; alguém o matara.