Piece of You- a rini story

11.

Aviso de gatilho/ trigger warning: mommy issues/ depressão/ suicídio

Nota: Acho que a experiência fica melhor se ouvirem esta música! ( não me responsabilizo pela terapia que pode ser necessária)

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Ricky

Volto a passos largos para o meu quarto, mergulhando de cabeça na cama de casal azul macia.

‒ Podes-me explicar o que acabou de acontecer?- BigRed perguntou ao mesmo tempo que fechava a porta

‒ Não se passou nada.- disse, permanecendo com a cabeça sepultada na almofada de tons  azul-escuros e pretos

‒ Nada? Deves estar a brincar comigo Ricky!

‒ Não quero falar disso, OK? Não quero reviver águas passadas. Tudo o que eu preciso é de viver o presente.

‒ Como é que vais aproveitar o presente se o passado acorrenta-te?- estou a odiar por onde esta conversa está a ir, porque sei que o Red tem razão- Não estou a dizer que precisas de falar sempre sobre o que aconteceu, mas precisas de te libertar desse demónio que te atormenta. Já passou um ano Ricky, e pareces estar cada vez pior.

‒ Eu já vos disse o que se passou.

‒ Sim, ligaste-me desesperado e disseste tudo, mas quase fui eu que contei ao Carlos e ao EJ a situação.

‒ E achas que é fácil para mim falar sobre isto?! Isto ainda me persegue e vai continuar a perseguir-me até á minha sepultura!

‒ Ricky...isso só te persegue porque queres...

‒ Ai é?! É assim tão fácil e não sabia! – exclamei, irónico – Sim, é tão fácil esquecer que os teus pais se separaram, e passado três dias a tua mãe decide passar a lua-de-mel com outro na tua festa de fim de ano! É tão fácil esquecer que o teu pai entrou em uma depressão tão profunda que quase pôs fim á própria vida! À tua frente!! E que fostes tu quem conseguiu impedir que aquilo não acontecesse, porque bastava um segundo em erro e estarias sozinho neste mundo cruel, injusto...- fui interrompido por um soluço forte causado pelas lágrimas, que não sabia como ou á quanto tempo estavam ali–Desculpa Red, não queria explodir assim....

‒ Está tudo bem Ricky. Tu precisas de te libertar desse peso em cima de ti.

‒ Entendes agora?- perguntei enquanto limpava as lágrimas – Entendes porque eu detesto que me chamem de Richard? – funguei - Porque sempre que ouço esse nome vêm-me tudo à mente: a minha mãe e o seu namoradinho, o meu pai fechado no quarto durante dias, a maneira como os seus olhos brilhavam quando o vi deitado no chão naquele dia decisivo...parecia mesmo que estava quase a bater na porta do Céu...- e os fortes soluços voltaram, odeio sentir-me assim tão frágil

‒ Fico mesmo feliz e grato por me estares a contar isto a mim. Não é fácil reabrires essa ferida que custou-te tanto a tapar. Mas não é sozinho que a consegues curar. Vai demorar muito tempo para isso acontecer, e tu sabes disso. – consenti – Mas contares a alguém ajuda bastante. Bem, pelo menos é o que o meu pai diz!- libertei um riso fraco. O pai de BigRed é psicólogo, talvez seja esse o fator que faz com que o ruivo seja tão bom a dar conselhos

‒ Não é pela profissão do teu pai que te conto tudo isto Red. É por seres o meu melhor amigo. É por estares sempre comigo nos momentos bons e maus, mesmo que não fales nada. A tua presença já faz a diferença.- o ruivo correspondeu o meu olhar e não pude deixar de reparar nos seus olhos marejados. Abraçamo-nos – Adoro-te, bro.

‒ Eu também te adoro.

Nini

Assim que peguei no meu telemóvel após terminar o meu turno na loja reparei numa mensagem intrigante do Seb:

"Tenho novidades!!! Videochamada daqui a 15 minutos? É urgente!"

Urgente? Qual é a fofoca do Seb desta vez?

Ash e Kourt aderiram á sua ideia, elas amam uma boa fofoca e as do Seb são sempre as melhores, e não posso negar, estou demasiado curiosa para saber qual é a novidade urgente.

Respondi que logo que chegasse a casa estava pronta para a videochamada.

 E foi o que aconteceu.

Assim que avisei o meu amigo que cheguei em casa "são e salva" este imediatamente ligou-me, ficando eu, Kourtney e Ashyln á espera da novidade tão aguardada:

‒ Conta logo Seb!- disse a Kourt em extâse

‒ Primeiramente boa tarde!?

‒ Ah, poupa-nos Seb! Queremos saber qual é a urgência!- Ash estava impaciente

‒ Ligaste assim que tranquei a porta de casa por isso não percas tempo.- disse, fazendo com que os meus amigos se rissem

‒ Está bem, mas quero total concentração em mim!- respondemos todas com um silêncio ansioso- O que tenho que vos dizer é...- notava-se que Seb estava nervoso, e isso só fazia aumentar a minha ansiedade. O que ele quer tanto contar? – Eu e o Carlos somos namorados!

Ecoou-se gritos histéricos, palmas e assobios. Disfarcei o alívio da minha ansiedade com um assobio, enquanto que Seb ria da nossa euforia:

‒ Finalmente desencalhou!- disseram Ash e Kourt em uníssimo

‒ Agora faltam só vocês!- disse o rapaz, rindo-se

‒ Eu estou ocupada em destruir o patriarcado. - afirmou Kourt, imitando uma pose de um super-herói, ou melhor, de uma super-heroína 

‒ Estou bem assim, obrigada.- falou a ruiva

‒ Eu não quero rapazes durante um bom tempo.- disse, tentando afastar os meus pensamentos da noite do Prism

‒ É mesmo? Vi-te muito próxima do EJ na festa...- brincou Seb

‒ E do Ricky também!- completou Ashyln

‒ Somos só amigos.- disse friamente

‒ Mas então...- discursou Seb- Para festejar este acontecimento surpreendente...- eu e as meninas rimo-nos em uníssimo – estive a planear uma festa do pijama!

‒ Outra festa?- pensei alto, mas não o suficiente para eles ouvirem. Ou então não querem saber da minha opinião.

‒ Eu acho uma excelente ideia! Temos de celebrar o amor!- a Ashyln estava entusiasmada com toda a situação

‒ Ótimo! Esta sexta com a mesmas pessoas da última vez!- Seb exclamou, desligando de seguida a chamada

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Ricky

‒ Já estava a demorar!- falei após a notícia de Carlos- Eu sabia desde da primeira vez que falaste dele que ia haver algo entre vocês os dois.

‒ Estou mesmo feliz amigos!- Carlos irradiava alegria e felicidade- E amanhã temos festa do pijama e estão todos convidados!

‒ A Nini vai?- a faceta de EJ apaixonado era a única personalidade que o rapaz tinha agora, e eu não sei se adorava ou detestava

‒ Vão os mesmos que da última vez, pelo que sei. – respondeu Carlos – Vais contar-lhe os teus sentimentos, apaixonadinho?

‒ Ainda não. Primeiro vou tentar descobrir se ela sente o mesmo por mim.

O som das buzinas dos autocarros fizeram com que a conversa fosse interrompida:

‒ Hora do trabalho rapazes.- disse o meu melhor amigo

Enquanto todos se dirigiam para os seus respetivos autocarros aproveitei para chamar EJ:

‒ Que se passa Ricky? - questionou o mesmo, confuso

‒ Ah... É só para saber se continuamos amigos.- EJ gargalhou

‒ Claro que continuamos amigos Ricky! Ambos dissemos coisas estúpidas um  ao outro mas foram apenas da boca para fora! Eu não levei nada a mal. Continuas a ser a minha "mãezinha".

‒ És tão parvo.- disse a EJ, que deu-me uma palmadinha no ombro antes de seguirmos caminhos diferentes