Prólogo

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Desde pequeno sempre almejei coisas grandes. Sempre admirei aqueles cujo os feitos eram reconhecidos entre todo o mundo bruxo, onde havia a agitação e falação sobre algo que era capaz de mudar de maneira positiva a comunidade em que nasci. Sempre me esforcei para alcança-los, meus desejos ou sonhos. Nunca soube decifrar o que eram em verdade. Sempre tive isso em mente. Sempre ser o melhor, o mais astuto, o mais inteligente; aquele cujo os olhares sempre recaiam sobre as costas e os comentários fervorosos cresciam. Sempre...

Cresci em uma família que poderia dizer que não me ajudava em muita coisa, sua reputação... a reputação de minha família – que já não era das melhores após alguns feitos de meu irmão e do nascimento de minha irmã, uma garota doce, porém diferente – decaiu ainda mais após meu pai, um completo bárbaro irresponsável, atacou um não-magi, ou trouxa, como é chamado em outras regiões. A prisão de Azkaban foi seu destino após esse episódio vergonhoso. Seria eu o responsável de salvar o que restava da boa reputação do nome de minha família que, bom, se resumia à mim.

Meus esforços nunca foram em vão, não, estava prestes a me tornar o que almejava. Assim em que pisei meu pé na tão famosa escola de Magia e Bruxaria da Grã-Bretanha, Hogwarts, já sabia para qual seria meu destino. Quatro casas, sendo elas Grifinória: o lar dos que são leais e corajosos; Sonserina: o lar dos ambiciosos e astutos; Lufa-Lufa: o lar dos dedicados e tolerantes; Corvinal: o lar daqueles criativos, onde a inteligência e sede de conhecimento se sobressai. Passei anos pensando em qual delas me encaixaria, mas sempre tive uma tendência a Grifinória e a Sonseria, ambas rivais, e no final, fui selecionado pela bravura e lealdade. Grifinória era meu lar.

Não passou muito tempo e logo me tornei destaque entre os estudantes de meu ano, sempre dando postos para minha casa, sempre dando resultados satisfatórios para meus professores. Minha paixão se resumia às aulas de poções e defesa contra as artes das trevas (DCADT), tão úteis e interessantes. A partir delas pude abrir um leque inigualável para funções que poderia exercer após minha formatura, e, claro, não perdendo o foco e interesse nas demais aulas.

Nunca parei de estudar enquanto estive naquela escola, meu novo e mais confortável lar. Hogwarts era o lugar em que eu me sentia eu mesmo, onde poderia respirar conhecimento, magia e poder. Não voltava para casa nos feriados, não sentia vontade. Nunca senti, apesar de sentir um aperto em meu peito ao receber cartas de minha irmã, contando como estavam as coisas em casa e como havia gostado e como estava desfrutando de algumas de minhas anotações de matérias mais simples e de livros que mandava como uma lembrança. Ela sempre quis estudar aqui, mas sua magia descontrolada, vezes muito forte, vezes nula, a impossibilitava de fazer companhia a qualquer outro bruxo que não fosse sua família, ainda mais em público. O núcleo descontrolado que habitava nela poderia matar a muitos. Ela viveria aprisionada dentro daquela casa pelo resto de sua vida.

Meu irmão por outro lado era um completo vagabundo que tratava os estudos como um nada, não me admira que tenha largado a escola e escolhido viver em um bar de origem duvidoso em meio aos bêbados e bandidos. Um bárbaro como meu pai, apelando para força bruta sempre que tinha a oportunidade. Nada aquilo me abalaria a ponto de ser omisso em meus estudos e pesquisas, nada tiraria de meu foco; ainda seria o homem que almejava, ainda faria feitos inigualáveis que seriam comentados através dos séculos e se fariam eternizados em meio as páginas dos livros.

A morte de minha mãe em meu último ano foi algo que me afetos de alguma maneira, mas não foi de todo uma surpresa. Prendendo-me ao fato de que ela estava em constante risco ao entregar sua vida para cuidar de minha irmã, ainda assim sabendo que ela não havia controle sobre sua magia, não conseguia controlar o que havia após um pequeno momento de emoção muito forte, a possibilidade de morte sempre estava ali. Mas ela, minha mãe, a mulher quem me deu a vida, amava a filha caçula como ninguém. Era a única menina da casa, mas não seguiria o caminho natural da vida de uma garota de sua idade ou de qualquer outra. Mão a culpo, se não tivesse algo maior que tudo isso eu também o faria. Posse dizer que minha mãe fora uma mulher forte.

Quando me formei haviam muitos que me queriam em seu negócios, grandes negócios, também fui convocado por muitos dentro do Ministério da Magia, tendo convites para cargos que alguns matariam para consegui-los. Mas aquele definitivamente estava longe do que eu queria. Somente aquilo não me bastava, eu precisava de mais, muito mais. O céu era o limite para tantas culturas e suas magias desconhecidas, e eu as prenderia. Eu viajaria pelo mundo em seu mais puro e vasto caos em busca de cada mistério para poder obtê-los, queria ser capaz de fazer o inimaginável e quem sabe dar um rumo promissor a este mundo repleto de seres medíocres.

Estava tudo em seu eixo, a harmonia de meus planos com o que estava acontecendo era melodiosa, me levando cada vez mais perto de conseguir algumas das coisas que desejava. Mas não deixava que aquilo me subisse a cabeça, como poderia? A estrada que havia escolhido trilhar era longa e talvez durasse boa parte de minha vida. Era um risco que estava disposto a correr.

Minha viagem para desvendar os mistérios da imensidão que é este mundo estava marcada, e eu iria com um amigo, apesar do cunho estritamente profissional, claro. Contudo, com a situação de minha irmã e não havendo ninguém de confiança para cuidá-la, fui obrigado a cancelar. Não havia quem cuidasse do sustento da casa com a eficiência necessária, então tomei a responsabilidade para mim, deixando minha irmã sob os cuidados de nosso irmão. Ela o amava e gostava de sua companhia, isso bastava por hora, poderia adiar minha viagem em um ano.

E então voltei ao lar que me alegrava e preenchia parte do vazio que havia em mim depois de abrir, temporariamente, a mão de algo que tanto queria. Mas isso não significou que não fiz algumas proezas nesse pequeno tempo. Minhas habilidades com alquimia me renderam algumas páginas nos jornais e um bom ciclo de amizades que me seriam úteis em algum momento. Lecionar defesa contra as artes das trevas foi algo que me deu certo ânimo, saber que haviam jovens que tinham sede de conhecimento e poder para conseguir exercer o que eles lhe proporcionavam era satisfatório. Fui, sobre tudo, um bom professor. Não havia quem dissesse o contrário. E eu sabia que era a mais pura verdade.

Com a chegada das férias de verão, vinha a necessidade de retornar a casa que um dia havia sido verdadeiramente minha, pois não conseguia a considerar como minha, não mais. O mundo e seus atributos de conhecimentos, assim como Hogwarts, eram meu mais puro e verdadeiro lar. Só nesses ambientes sentia-me conectado com meu eu interior, podia sentir toda a magia que fluía por meu corpo e fazer um bom uso da mesma. Eu era um bruxo, a encarnação do poder. Tudo dependia de mim, pois eu tinha o mundo em minhas mãos.

A chegada até a casa em que passaria os próximos três meses de verão intenso me recebeu com uma surpresa a mais, uma que pude considerar boa e vantajosa. Nossa vizinha, uma adorável mulher que já beirava a terceira idade, me apresentou seu sobrinho, um homem cujo os cabelos louros reluziam e os olhos claros faziam-se translúcidos em meio aos raios solares. Ele aparentava ter minha idade. Talvez um pouco mais novo - nada mais que dois anos -, mas isso não importava. A casca era apenas um receptáculo que abrigara a alma, a verdadeira essência do poder e do conhecimento.

Essa história começou no momento em que o aperto de mão entre nós, dois homens, aconteceu. No momento em que pude sentir a presença e magnitude de poder que correu naquele simples ato, muitas vezes banal, mas que nos conectou e nos levou a três meses sublimes e anos de caos. O início de um tempo que não afetaria apenas a nós, mas a comunidade bruxa.

Eu, Albus Percival Wulfrico Brian Dumbledore, contarei a história de que nenhum bruxo, vivo ou morto, tem conhecimento em sua totalidade. Nunca um livro aberto, sempre um contador de capítulos de um livro sagrado. Vou lhes contar como algumas simples palavras fizeram tanto sentido para mim como se fossem a resolução do enigma da vida.

Tudo por um bem maior.

Pelo bem maior - A verdadeira história entre Dumbledore e GrindelwaldOnde histórias criam vida. Descubra agora