Not So Happy Endings · Eruri

Feridas que jamais serão curadas.

Os joelhos de Levi cederam diante o corpo de Zeke.

O moreno encarou os olhos frios, sem vida e vazios do homem a sua frente... Esperando que aquele sentimento sumisse de dentro de si.

Mas obviamente, não sumiu.

Levi podia ouvir os gritos enfurecidos dos companheiros, mas nenhum era o dele.

Ele podia sentir a felicidade da vitória e a esperança renascer nos outros mas em nenhum momento isto aconteceu consigo. Ele ainda era apenas uma casca, sem qualquer resquício de paz reinando em seu ser.

Sua alma ainda estava angustiada, e isto pareceu duplicar quando ele sentiu uma mão tocar seu ombro, mas ele sabia que não era a dele.

Dois anos. Ele demorou exatos dois anos para cumprir a promessa que havia feito, e em cada um daqueles dias, ele se sustentou com a idéia de que quando acabasse, quando ele fizesse o que tinha que fazer, aquela dor ao menos iria diminuir, mas sequer estava próximo daquilo. Eles estavam livres, mas Levi continuava afundado na prisão dos próprios sentimentos latejantes.

Ele ergueu os olhos e encarou Armin que tinha os seus cheios de lágrimas direcionados a si.

– Nós vencemos... Capitão, nós vencemos! - O loiro subitamente se ajoelhou e abraçou Levi de maneira forte - Obrigado, obrigado por nunca ter desistido.

“ Não desista Levi, nós vamos ficar bem. ”

A voz doce e ao mesmo tempo séria tocou sua memória fazendo o peito arder daquela maneira quase insuportável de novo. O fazendo abaixar os olhos e recostar levemente o queixo no ombro do Arlert.

Ele queria gritar. Queria chorar. Queria conseguir colocar pra fora aquele amaranhado de pensamentos e sensações que tinha guardado pra si durante todo aquele tempo desde que havia o perdido, bem ali na frente de todos... Ele queria se permitir sentir ao menos uma vez mas simplesmente não conseguia. Aquele fardo, seria carregado consigo para sempre, embaçando as memórias felizes por horas e horas e as cobrindo de lágrimas tristes que eram derramadas no vazio e escuro do seu próprio quarto.

Levi por muito tempo achou que aquele seria o dia mais feliz de sua existência. Ele não tinha feito nem sequer um único plano para dali em diante, mas esperou ansiosamente por aquele exato momento em específico. Seria o dia em que ele cairia exausto, e  os braços largos o agarrariam apertado e os lábios marcados o sussurariam que eles estavam livres e agora, poderiam juntos ser felizes de maneira segura.

Talvez fossem embora, morar longe de todos. Talvez ficassem na cidade e fariam questão de exibir o seu amor perante a todos os olhares provavelmente incrédulos.

Mas era estúpido pensar naquilo agora, afinal ele não estava mais lá. Sua outra metade, seu porto seguro, sua maior motivação. Pois não importava o quanto Levi quisesse, desejasse, implorasse ou rezasse.

Erwin Smith ainda continuaria morto. E eles jamais poderiam conhecer a liberdade juntos.

A primeira lágrima finalmente escorreu dos olhos de Levi, tocando tristemente a roupa suja de Armin que o olhou assustado. Apenas uma, fria, solitária, exatamente como o dono.

– Vá. Comemore com eles, eu desejo ficar sozinho agora. - Ele lutou para que a voz não gaguejasse, observando o mais novo levantar e se afastar um tanto receoso enquanto dirigia o olhar ao chão mais uma vez -

Tinha que vestir sua fantasia ridícula de homem forte, mesmo quando sentia-de inteiramente destroçado. Não era como quando saia em missões e voltava coberto de terra e sangue, quando sua pernas estavam doloridas e quase não o mantinham em pé, porque aquelas dores podia ser curadas, eram de fora para dentro. No entanto aquela agonia que se tinha estalado no peito do capitão, não podia ser curada de maneira nenhuma.