Família

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  As montanhas de Gusu e especificamente aquele conjunto ao norte que segundo A-Xu se chamava Recanto das nuvens, lar de sua família, era realmente lindo, como um lugar à par do mundo, natural, imponente e enfeitiçador.

Kexing tinha total certeza que viver em um lugar como aquele seria um sonho de qualquer pessoa e ele se deu conta enquanto subiam a estrada estreita em um carro alugado, que também era o seu. Não havia aquele lugar em suas lembranças passadas, mas ele gostaria que houvesse. Agora ser um herdeiro de um império de joias lhe parecia ainda mais medíocre. Ele queria viver entre cachoeiras e floresta ao lado do A-Xu e não dentro de uma metrópole lotada de gente, carros e pessoas zumbis.

Ele queria a liberdade das montanhas.

— Zishu, por que você saiu de um lugar desses?

Ele olhou de canto para o homem lindo ao seu lado que franziu um pouco a testa como se realmente refletisse sobre sua pergunta. Ele dirigia de forma calma, como tudo nele, e as mãos firmes no volante lhe levava a se recordar que eram as mesmas mãos que seguravam a espada famosa que ele tinha herdado de seu mestre.

As mesmas mãos que um dia lhe tocaram de forma carinhosa e amável. As mesmas mãos de dedos longos, elegantes e seguros.

Lar.

Sua mente ressoou e ele apenas sorriu um pouco até ouvir finalmente a voz baixa e suave de A-Xu.

— Eu queria ver o mundo, queria andar por aí, não sei bem... Eu me sentia ansioso – Zishu não tirou os olhos do volante, afinal havia muitas curvas, porém ainda lhe olhou de canto – Acho que eu procurava alguém.

Kexing sorriu mais e em seguida se recordou que naquela noite coisas estranhas aconteceram. De repente o triangulo dourado lhe veio à mente e ele refletiu se tinha sido coisa da sua cabeça ou realidade.

Na verdade, ele sabia que era realidade, pois como foi parar de Macau na China para Sidney na Austrália em um minuto? E o problema era que como conseguiria explicar aquilo se nem sobre saber que A-Xu era sua alma gêmea perdida de milênios atrás ele sabia explicar?

Resolveu deixar aqueles problemas de canto e rebater a indireta fofa:

— Então agora que achou, vai ficar em casa?

— Você gostou?

Kexing olhou para fora e sentiu a brisa fresca em seu rosto com mais atenção. Gostar era eufemismo, contudo ele não se sentia no direito de tirar a liberdade daquele homem. Ele jamais faria isso.

— Eu irei aonde for, meu lugar é ao seu lado.

Se voltou para Zishu que logo estava sorrindo de forma pacífica e suave:

— Yibo sempre me pedia que voltasse, o chefe da nossa família é bem... Digamos fiel as leis familiares. Nossa família sempre foi matriarcal, mas nem minha mãe, nem a tia tiveram filhas, talvez isso seja um dos fatores que ele sempre me pediu para voltar.

— Eu também não sou mulher e seus primos são gays, ele tinha algum plano para você?

Disse leve, mas por dentro se sentiu tenso em ameaça. Se fosse aquele o caso, era melhor eles darem a meia volta e sumir dali.

Zishu riu baixo e negou:

— Yibo jamais faria algo do tipo. Ele é uma pessoa justa até o último osso, chega a ser um pouco irritante, na verdade. Aqui, vamos parar um pouco – De repente na próxima curva ele estacionou em um mirante que passaria desapercebido por seus olhos e só então se voltou de corpo inteiro para Kexing – Não se preocupe com isso. Se Yibo quiser filhos, ele adota, veja tudo ao nosso redor, acima e baixo da montanha tudo pertence a ele, além disso ele tem um secretário faz tudo super competente e hetero. Você é o meu consorte e isso é tudo o que precisa. Se quiser ficar, ficaremos, isso fará meu primo feliz e eu ficarei feliz com você feliz. Sou uma pessoa simples, Kexing – Nisso ele pegou suas mãos com as dele com carinho – Eu só quero que seja feliz.

Alma gêmeaOnde histórias criam vida. Descubra agora