Capítulo Único

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Segundas chances. Segundas chances. Segundas chances.

Ela já não aguentava mais ouvir isso. Gente dando palpite na vida dela, dizendo como ela deveria se relacionar consigo mesma e com os outros. Falsos moralistas.

Tudo mentira. Não é fácil para ninguém. Não é "só fazer isso", "só fazer aquilo". As pessoas vomitam essas frases com tanta facilidade que chega a dar enjoo. Ela era complexa demais para ser fácil de resolver.

Sabe, tem momentos na vida que simplesmente não importa mais o que dizem de você, não importa mesmo o que quer que estejam falando sobre você. Mas, chegar a isso não torna as coisas mais fáceis porque você ainda diz coisas sobre si próprio. Você coloca-se no lugar de teus julgadores e aponta o dedo repetidamente para você, sendo seu próprio carrasco

E sair desse ciclo vicioso, desintoxicar-se, era doído. Doído demais. Por isso que ela pegou aquele avião para o outro lado do mundo. Estava prestes a surtar e essa pareceu a solução mais lógica. Sair daquela bolha em que vivia, aprender a se virar, precisava respirar.

Tanto que, quando o avião pousou, o alívio no peito foi tanto, mas tanto! Que o choro foi inevitável. As comissárias perguntavam se ela estava bem, se precisava de ajuda. Mas não precisava, tinha acabado de encontrar seu porto-seguro.

Tinha se dado uma nova chance. Tinha tantos anos de vida pela frente, precisava se esforçar para viver bem. Outro país, outra cultura, outra língua. Tanto a fazer! Riu consigo.

Está na hora de começar de novo. De aprender a andar novamente. Precisava recomeçar quantas vezes fosse necessário e perdoar a si na mesma medida.

E ela iria fazer isso. Por ela mesma, para ela mesma.

TanakaOnde histórias criam vida. Descubra agora