Capítulo 2 - Posso fazer de novo?

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Completou um mês em que eu oficialmente me juntei ao clube de basquete como gerente. Um mês desde do pequeno salvamento na rua e que começamos a dividir todos os dias alguns doces.

Nesse curto tempo, os garotos do time já me tratavam como um membro da família e eram extremamente atenciosos comigo, incluindo o titã de cabelos roxos e nossa intimidade era grande o suficiente para que eu desse puxões de orelha - apesar de ter que ficar na ponta dos pés - e broncas quando ele reclamava de estar cansado, mesmo sem fazer nada.

"Ei! Murasakibara-kun, vai correr."- gritei da lateral da quadra para o arroxeado que estava parado dentro do garrafão.

"Gerente-chan. Eu não vou correr." - ele respondeu no seu típico tom preguiçoso e eu pus minhas mãos na cintura, o encarando.

"Murasakibara-kun. Correr. Agora." - e fiz um gesto para que ele entendesse que era para correr até o outro lado da quadra.

"Não." - ele respondeu e continuou parado. Encarei a técnica e ela deu os ombros.

"Eu nunca mais trago doces para você então." - cruzei os braços embaixo dos meus seios e dei as costas para ele, indo em busca das garrafas de água para encher.

"Gerente-chan!! Não seja má comigo. Eu só não quero correr." - ele resmungou do outro lado da quadra como um manhoso e eu apenas virei meu rosto para ele antes de gritar.

"Então vá correr e treinar direito." - dei as costas para ele de novo e fui em direção ao bebedouro, preparar as bebidas energéticas. Quem ele pensa que é para ficar só parado e ainda reclamar? O meu coração não aguentava tamanha fofura.

No fim do dia, ele havia treinado direitinho e estava tão suado e cansado como todos os outros garotos e eu carregava um sorriso fofo nos lábios enquanto caminhávamos em direção a minha casa. Já era rotina entre nós dois que ele me levasse embora todos os dias e isso claro que tinha haver com o fato de que sempre compartilhamos vários doces e até mesmo alguns assuntos estranhos, como mangás e animes. Eu não imaginava que aquele tipo de coisa o agradava tanto.

"Você quer entrar hoje? Eu fiz torta de limão." - o convidei, e ele apenas confirmou com a cabeça imediatamente. Usualmente ele entrava apenas quando eu oferecia doces e nada mais, nem mesmo quando ele precisava urgentemente de ajuda com os estudos. - "Tadaima*."

Meus pais estavam viajando a negócios mais uma vez, e apenas eu e minha irmã mais velha ficamos em casa, mas como não recebi resposta na hora que entrei, soube que estava sozinha. E com ele.

"Você sempre fica sozinha aqui?" - ele perguntou preguiçosamente, sentando-se nas cadeiras da bancada enquanto eu tirava o necessário dos armários.

"Geralmente sim, Meus pais trabalham demais e sempre precisam viajar e minha irmã, acho que arrumou um novo namorado." - Fui em busca dos pratinhos de sobremesa, mas quando os encontrei, estavam na parte mais alta dos armários e nem se eu me esticasse muito conseguiria alcançar e bufei impaciente, mas assim que me virei, tomei um susto com a figura alta parada atrás de mim.

"Você é muito baixinha, gerente-chan." - ele pôs as peças na minha mão e eu sentia meu rosto mais vermelho do que o normal, meu coração estava disparado e eu não soube o que responder. - "Vamos gerente-chan, eu quero comer." - voltei ao normal, mas ainda sentia meu peito batendo forte.

"Porque você só me chama de gerente-chan?" - perguntei pondo uma fatia em sua frente e vendo os olhinhos roxos brilharem de excitação.

"Não sei." - ele respondeu enfiando quase o pedaço todo na boca e sujando o canto dos lábios.

"Você pode me chamar de Vic, sabia?" - perguntei e ele me encarou com a boca suja e eu ri. Dei a volta na bancada e parei do seu lado.

"O que foi?"

"Vira-se para mim, por favor." - pedi com um sorriso tímido e assim que ele me obedeceu, fiquei na ponta dos pés e limpei onde estava sujo no seu rosto. - "Pronto, limpinho." - abri um sorriso para ele e vi as bochechas do garoto ficarem avermelhadas.

"Eu prefiro te chamar de gerente-chan." - ele murmurou depois de alguns segundos em silêncio e eu o olhei com curiosidade. - "Só eu te chamo assim."

"Você quer me dar um apelido único?" - perguntei tentando esconder um sorriso e ele virou seu rosto para o outro lado, antes de confirmar. - "Você pode me chamar de Vivi." - foi a vez de um ponto de interrogação surgir na face do mais alto e eu rir.

"Fi...Fi?" - ele tentou e eu abri um sorriso para ele.

"Não. Vivi." - repeti e ele mais uma vez se embolou com a pronúncia. - "Vivi." - fiz a letra v com os dedos duas vezes e ele tentou de maneira fofa.

"Vi...Vi." - ele tentou fazer os gestos preguiçosamente e eu concordei com um sorriso bonito. - "Muito díficil!" - ele esbravejou no seu tom de sempre e eu continuei sorrindo e servindo mais um pedaço da torta para ele.

"Vamos procurar outro então." - falei tranquilamente e o observei comer.

"Você não vai pegar nem um pedaço para você?" - ele apontou para a torta e eu neguei com a cabeça. - "Porque?"

"Porque eu fiz para você." - respondi e vi ele pegando um pedaço com o garfo e virando em minha direção. Ele abriu a boca em um A, me mandando imitá-lo silenciosamente e assim fiz.

Murasakibara tinha posto o garfo na minha boca e eu puxei o doce com os lábios, sentindo o gosto bom que tinha e acabei fechando os olhos no processo, e deixando um suspiro escapar.

"Está muito bom." - comentei ainda de olhos fechados e com um sorriso fechado nos lábios. Mas o que veio em seguida foi melhor ainda.

Murasakibara tinha se aproximado do meu rosto e selou nossos lábios em um selinho rápido e quando ele se afastou, meu coração estava disparado e ele envergonhado.

"Fica com um gosto melhor na sua boca." - ele respondeu e eu abri um sorriso tímido. - "Eu posso fazer isso de novo?" - ele me perguntou em seguida e me encarou.

"Pode." - concordei e suspirei quando ele se aproximou e selou nossos lábios mais uma vez naquela noite, pondo suas mãos no meu rosto e aprofundando ainda mais nosso contato.

"Acho que amo torta de limão a partir de hoje." - ele sussurrou quando seus lábios se separam dos meus e eu o trouxe para mais um beijo.

"Eu concordo." 

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Tadaima: cheguei/ modo comum de avisar aos moradores ou residentes da casa que vc acaba de chegar.

Antes que chegue amanhã - Murasakibara Atsushi X OCOnde histórias criam vida. Descubra agora