I Do Adore

Tsukishima's Head

Tsukishima bateu a porta de seu quarto e se virou de costas, encostando as mesmas na porta enquanto cobria o rosto corado. Ainda com as mãos na face, foi arrastando o corpo até sentar no chão, ali mesmo. 

Sentia que iria enlouquecer. Na verdade, tinha quase certeza de que já estava louco. Não sabia quanto tempo mais aguentaria isso, seu corpo inteiro queimava e sua mente já não conseguia focar em mais nada há dias. 

Yamaguchi. Yams, Yama, Guchi, Dashi… Yamaguchi Tadashi. 

Aarrgh, por que ele tinha que ser tão adorável em tudo que fazia? 

Kei já tinha chegado à conclusão de que o outro garoto tinha a alma de um filhotinho de cachorro. Seus olhinhos brilhavam e ele dava pequenos pulinhos de alegria quando falava sobre algo que gostava, seu corpo dava leves tremidinhas de satisfação quando acertava o saque, sempre ficava com a pontinha da língua para fora enquanto estreitava levemente os olhos pela concentração em resolver um problema difícil de física… O loiro poderia passar dias listando todas as manias de Tadashi que observou durante os longos anos de convivência. 

Mas, desde que entraram no ensino médio, um ano antes, Tsukishima começou a reparar de mais. O esverdeado passou a causar diferentes sensações em Kei e o maior não pôde evitar se apaixonar. Yamaguchi o prendeu e, pelo que parecia, não iria deixá-lo sair. 

Os dois agora estavam com 17 anos e era cada vez mais difícil para o mais alto esconder a bagunça que Tadashi fazia na sua cabeça. Toda vez que o menor falava, Kei sentia que poderia flutuar com a melodiosidade daquele som; toda vez que o outro torcia por ele durante um jogo, se sentia um super herói; e toda vez que Yamaguchi sorria Tsukishima tinha vontade de se ajoelhar ali mesmo e pedir a mão do outro em casamento.      

Kei se achava ridículo, mas não podia evitar. Adorava Tadashi. E, sinceramente, se perguntava quem seria louco de não adorá-lo também. 

Lembrou-se do episódio de três dias atrás. O loiro havia saído de casa de manhã para encontrar o mais baixo no ponto de ônibus, assim como eles faziam desde crianças. Ao chegar lá, se deparou com Yamaguchi levemente encostado no poste de luz, olhando para a árvore alta que esbanjava algumas poucas flores amarelas enquanto cantarolava baixinho alguma música, as mãos nos bolsos devido ao leve frio matinal. 

Kei já sentia que tinha levado um soco apenas por essa imagem do garoto, até o mais baixo o perceber e abrir seu clássico sorriso:

   "Oi, Tsukki! Como você está hoje?" 

Por fora, o loiro manteve, com muito esforço, a expressão calma habitual e apenas respondeu que estava bem, ouvindo o outro dizer um leve "que bom, então, vamos indo".

Porém, por dentro, Tsukishima gritava, chorava e arrancava seus cabelos. Tinha certeza que teria virado uma pilha de gelatina no chão se isso fosse fisicamente possível. Yamaguchi conseguiu quebrar todo o sistema do outro apenas com um cumprimento matinal comum. 

Pensou também no mês anterior. Ainda fazia frio e o esverdeado nunca se deu muito bem com esse tipo de clima. Enquanto Kei se aquecia facilmente apenas com um casaco e um cachecol, Tadashi tremia mesmo coberto da cabeça aos pés. Por isso, o loiro sempre acabava levando um moletom a mais para onde quer que os dois fossem durante essa estação e se sentia mais aquecido apenas de ver o outro usando algo seu. 

Mas aquele dia foi diferente. O time todo tinha combinado de ir patinar no gelo e óbvio que, assim que Yamaguchi pediu ao mais alto para ir também, o loiro apenas fingiu desinteresse. Se o melhor amigo o pedisse para desovar um corpo, Tsukishima tinha certeza que o faria sem pensar duas vezes.