- EPÍLOGO -

21 2 2
                                    

Minhas mãos suavam e eu as pressionei juntas, na esperança de que isso me acalmasse, minha perna não parava de balançar, um sinal claro de que o que eu estava prestes a fazer me deixava nervoso. Mas quando senti sua mão sob meu ombro, o apertando, tentando me confortar, tudo se dissipou. Minha perna parou de se mexer sozinha, e os pensamentos acelerados que se passavam na minha cabeça se calaram. Esse era o seu efeito em mim. Remédio nenhum poderia repor a dopamina que você me fazia sentir. Eu sorri incerto, ainda com receio de te incomodar

- Jungkook-ah, você tem certeza que eu não estou te incomodando? Você não precisa ir comigo se não quiser

- Jimin hyung, relaxa, eu já disse que não vai atrapalhar. Você sabe que depois das seis eu acabo fechando a cafeteria de qualquer jeito - passou os braços pelos meus ombros, me reconfortando - eu sei que isso é difícil pra você, e eu quero estar lá pra te dar apoio ok? Vamos fazer isso juntos - olhei para seu rosto e assenti, tomando coragem e dando sinal pro ônibus que passava no ponto.

Entramos e nos sentamos lado a lado em dois banquinhos no meio do ônibus, ouvindo as portas se fecharem. Eu optei por sentar na janela, porque ver a paisagem me acalmava. As minhas mãos já não suavam tanto, mesmo que meu coração ainda esteja pesado. Eu sentia a leve brisa vindo da janela de cima, já que era praticamente impossível abrir as janelas normais, por elas serem muito duras e fiquei me perguntando se eu realmente deveria fazer aquilo. Em meio a tantas perguntas, eu peguei na mão de Jungkook e entrelacei nossos dedos, sentindo ele se aconchegar ao meu lado. Ele era a única certeza que eu tinha. Senti o ônibus parar de repente, e olhei para frente pra conferir se aquele destino era o nosso, felizmente, ainda não havíamos chegado, então encostei minha cabeça no ombro de Jungkook e decidi tirar um cochilo, para descansar a mente.

Depois de ter encontrado Jungkook aquele dia na cafeteria, eu parei de ter aqueles sonhos, e passei a ter sonhos normais de novo, de coisas do dia a dia, de nós, no presente. Encarei aquilo como se eu tivesse voltado a minha vida normal, e que a minha outra vida havia se resolvido quando eu o encontrei de novo, tendo a sensação de que o passado estava em paz, e eu estava completo. É claro que eu não contei ao moreno sobre meus sonhos, afinal, quem acreditaria em uma coisa dessa? Decidi manter isso apenas pra mim e o conquistar de pouquinho e pouquinho, até porque eu já estava apaixonado por ele de novo, as borboletas tomavam conta do meu estômago e minha pele se arrepiava só de pensar nele, como se fosse a primeira vez. E eu tenho que dizer, as coisas nunca estiveram tão bem.

Despertei com um carinho gostoso que Jungkook fazia em meu cabelo, me acordando suavemente para avisar que havíamos chegado. Respirei fundo, me sentindo tremer novamente, era agora. Levantei e desci do ônibus ainda com as pernas meio bambas, me vendo na entrada do local. Mesmo com o Sol me cegando levemente, eu pude ler o letreiro de pedra acima. Cemitério Nacional de Seoul. Tomei fôlego e caminhei até a "portaria" de lá, com Jungkook do meu lado. Olhei através da janelinha e pude ver lá dentro uma mulher com um coque baixo, tomando o que parecia ser alguma vitamina, anotando algo em um papel.

Me aproximei e pigarrei levemente, tentando chamar sua atenção, o que deu certo, pois ela me olhou de prontidão, chegando perto da janelinha.

- Olá, bom dia. Posso ajudar? - ela tinha um sotaque que se assemelhava com satoori

- Bom dia - li seu crachá a procura de seu nome - Jisoo, você pode me ajudar a achar a sepultura de - remexi meu bolso a procura da carta e a encontrei, puxando pra fora e lendo novamente o nome da remetente - Hwang Claire?

Ela pareceu chocada, o que me deixou confuso, mas ela de repente fez uma feição triste e eu presumi que ela já conhecesse a história dos dois, talvez o senhor Kim já tivesse vindo aqui pessoalmente entregar a carta.

fragmented.Onde histórias criam vida. Descubra agora