Capítulo VIII

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Naruto suspirou e fechou os olhos por um momento, sentindo o peso de toda aquela situação. Voltou a abrir os olhos e encarou o rosto angelical deitado em seu colo. Hinata ressonava tranquilamente, como se não tivesse chorado alguns minutos atrás.

O loiro passou as mãos suavemente pelos longos cabelos negros que caíam em cascata pelos ombros da mulher. Ela estava destruída com a morte prematura e injusta do irmão e de Kiba, que se tornara seu grande amigo; e ainda por cima, havia o medo. Naruto tentava ajudá-la, mas ele mesmo se sentia perdido. Ele imaginava a dor que ela sentia, porque ele mesmo sentiria isso se a perdesse.

Era estranho que em tão pouco tempo se apaixonou perdidamente pela morena e ela se tornou a coisa mais importante em sua vida. A ideia de perdê-la para o impostor era dolorosa demais, mas ele não sabia o que fazer. Assim como todos ali dentro, ele estava à mercê de um milagre.

"Sei que é egoísta da minha parte, mas eu queria morrer primeiro... Para não ter que ver seu corpo sem vida", pensou, ainda encarando o rosto feminino.

— Naruto...

— Gaara? — O loiro se virou ao ouvir a voz do companheiro. — O que foi?

— Eu vim confirmar que havia veneno em todos os pacotes de suco de laranja... Não havia nada nos outros sabores — o ruivo contou olhando os próprios pés — Nos livramos deles, jogando-os no espaço.

— Fizeram bem. É mais seguro assim. — Respirou fundo antes de acrescentar com tristeza: — Apesar de não haver segurança alguma nesse lugar.

O silêncio pousou entre eles e Gaara sentiu os olhos se encherem de lágrimas, estava se sentindo péssimo.

— Eu queria que Hinata me perdoasse — confessou, deixando um soluço escapar. — Eu me sinto horrível.

— Cara, eu nem sei o que dizer. É tão complicado...

— Eu perdoo você, Gaara — a voz de Hinata soou baixa, assustando os dois presentes.

A morena se levantou do colo do loiro calmamente e suspirou, seus olhos estavam inchados e avermelhados, revelando todos os seus choros anteriores.

— O pânico acaba com nosso raciocínio. Somos capazes de coisas horríveis — falou com uma expressão triste. — Não quero morrer odiando ninguém. É inútil nessa situação.

— Obrigado, Hinata. E me desculpa, de verdade...

— Tudo bem. Acho que vou procurar Sasuke e Temari e dizer que não os odeio...

Naruto abraçou Hinata, mostrando a ela que a apoiaria no que fosse. A morena sorriu e retribuiu o abraço, antes de se virar para Gaara e abraçá-lo também. Afinal, estavam todos juntos naquele inferno. Que ao menos aproveitassem os últimos momentos em paz.

Era isso que Hinata acreditava ser melhor.

[...]

— Sasuke — a Hyuuga chamou ao achá-lo sozinho no refeitório.

Ela havia passado por outro corredor, evitando encontrar o cadáver que ainda não fora removido. Naruto a acompanhou de perto, tendo deixado Gaara sozinho, ainda emotivo.

— Veio me dizer mais verdades? — o moreno perguntou com desdém.

— Pelo contrário — ela respondeu, caminhando até ele e se sentando ao seu lado. — Eu vim dizer que não carregarei rancor pelo que houve. Se vou morrer aqui, partirei de coração limpo. Portanto, me desculpe por minhas reações anteriores e saiba que eu te perdoo.

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